terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Textos de Marlene Xavier Nobre: autora do livro A Meus Queridos Netos.

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Crédito foto Marlene Nobre
Crédito foto Marlene Nobre







Marlene Xavier Nobre é autora dos livros Lembranças e Esperanças de uma Mulher (Insular, 2020), A Meus Queridos Netos (Postmix, 2017).


Florianópolis, 08/12/2020

 

Busca 

 

Nesta busca constante, ando à procura 

Da verdade, de gente descente (chega de gente indecente).

Nesta busca constante a sensibilidade aguçou os meus sentidos, vejo, ouço, medito. Tudo aquilo que fere os princípios humanos. Nesta busca constante me deparo com pessoas insanas, insensatas, mal educadas, e nesta busca constante não consigo digerir tantos malditos espalhados sem caráter se parecem intocáveis como vírus. 

Nesta busca constante, ainda encontro forças, luto e busco começando comigo ser melhor como um amigo, nesta busca constante procuro por gente de verdade que combinam com o mundo é preciso mais humanos que enxergam o outro como amigo dando o ombro ou um conforto, mesmo distantes nesta busca constante me deparo com pets inteligente, sinto falta de mais gente inteligente!? Chega de ignorante. 

E nesta busca constante é preciso mais verdade, e nesta busca constante me deparo com o poste. E nesta busca constante dei de frente comigo, não sou perfeito, não sou santo, mais primo pela verdade em qualquer canto deste universo. E nessa busca constante de vez em quando me decepciono com tanta gente ignorante.

E nesta busca constante me sinto sensível capaz de olhar ao meu lado todo aquele sofrido, mesmo que seja um mendigo pois faço parte dessa humanidade. Me podo a todo instante, é preciso humildade, e sempre prezo por verdades. E nessa busca constante que sejamos mais concretos. 

Florianópolis, 27/11/2020 

 

Quando passar 

 

E quando tudo passar, o sol irá brilhar 

E quando tudo passar, novos horizontes surgirão. 

E quando olhar para trás, não posso me esquecer o que vivi:

⸺Na carne as dores mais dilacerantes...

Foram dias angustiantes

Inexplicáveis  

Noites tortuosas.

Não perdi a fé por um instante, acreditei que tudo passaria.

 

Fui forte. A força transparente me envolvia. Essa devoção que sentia 

Orava todos os dias por aquele que clamava por súplicas, pela sua vida.

Nada se compara a essa dor esmagadora 

Cada segundo um sufoco 

Cada minuto o mais longo 

Cada noite um martírio 

Olhar para o relógio me causava aflição

O ponteiro parecia estar parado

As horas se tornaram mais lentas, me sentia cansada, exaurida (mas não desanimada)

Minha alma chorava alucinada, como criança em cólicas 

Foi através desse elo, a minha prece.

Deus ouviu minhas lamentações e me confortava, me sentia acalentar pela fé que sentia,

Não me cansava de orar e de agradecer por tudo que vivi na carne 

Foi um grande susto, um surto todo. 

Dessa lição não podemos esquecer: aqui estamos cumprindo uma grande missão.

A de espalhar com devoção o amor por toda criatura

No convívio deste imenso universo 

O milagre existe. Eu vi dentro de mim.


Florianópolis, 11/11/2020

 É assim 

 

Tudo é assim na vida.

Nem sempre somos compreendidos.

Os dias ensolarados são lindos. 

Os dias nublados são carrancudos. 

Os dias chuvosos são necessários, lavam os ares, molham a terra...

Nem sempre vemos sorrisos.

A rosa é a bela das flores, é perfumada, delicada. Exala beleza.

É perfeita, mas machuca com seus espinhos. Assim é a vida: formosa. Uma maravilha com dias felizes, mas há os tristes também.

Passamos por transformações, vivemos grandes lições.

Tudo está conforme a lei da natureza: na vida existe dureza. De vez em quando damos de cara num paredão, levamos alguns esbarrões, alguns puxões.

É preciso ter paciência, sem isso não funciona. 

É preciso pedir perdão, nem que seja para o coração.

Somos a continuação da criação, neste mundão de provações.

É assim que cada Humano vai ter que aprender a viver e conviver no mundo que escolheu e onde se recolheu: no seu ambiente aprendiz...

Aqui não existe nenhum ser de luz, estamos a caminho da perfeição, estamos engatinhando como crianças, nesta esfera de provas.

19/10/2020

Uma serpente ...

Serpente: um feito do nordeste 
Serpente dentro do pacote.

Mente fértil ,coração pulsante 
Treme até os dentes ...

Serpente que não é sorvete 
Serpente naquele   freezer 

Serpente não é solvente, nem absorvente.
Serpente é feito um ser que pende 

Serpente não surpreende ,mete-lhe o dente.
serpente ,que engole não gole ,morde é mole...
Serpente que escorre  feito sabonete.

Serpente que virou moda naquela gandola. 
Serpente que mete-lhe os dentes 
Sem olhar o ventre...
Serpente que não é corrente 
Serpente que virou manchete, naquele caixote.
  
Serpente destila fome e sede 
Naquela calçada, há  muitas espalhadas 
Virou moda nos noticiários 
Serpente  naquele pacote, se entrelaçou no brócolis, deixou olhos arregalados!

Serpente é inteligente,
serpente  remédio potente, 
serpente  o símbolo da  vida 
Serpente mata e cura....
Serpente precisa ser preservada dentro da mata...
Serpente não é deboche, nem fantoche 
Destila veneno de todas as maneiras.


Florianópolis, 16/10/2020
Uma tarde

Uma tarde de outubro de dois mil e vinte: não é uma qualquer. O sol se espalha por toda a sala e reflete na vidraça. Estou tomada pelo silêncio aparente. Eis que de repente, me sinto alerta com o cantar dos pássaros que me alegram.

O telefone toca. Vou atender a chamada auditiva. Do outro lado ouço uma voz suave e calma de uma criança. Uma doçura que me pergunta: “oi vovó, como estás?”.

Meus olhos se enchem de lágrimas, quando ele me fala: “como estás?”. Há coisa mais gostosa do que ouvir essa doçura de voz que se mistura com o cantar dos pássaros?

Não é apenas uma tarde de outubro. Mas sim uma linda e mágica tarde. Sinto uma paz que me toma por inteira. Tomo consciência de que há meses não me sentia tão plena e cheia de harmonia.

Os pássaros e a criança me encheram de alegria e de poesia.

Era o que me faltava para ter dias mais amenos.

É preciso aproveitar cada momento, mesmo que o silêncio nos tome por alguns instantes. Abro a janela, solto todos os sonhos, arrebento as amarras.

Ouça cada som vindo da rua com mais nitidez e presteza. E uso a imaginação apreciando da janela todas as cores e flores plantadas no jardim da vida. Paro, ouço, escuto. O momento é propicio para a autoajuda.

Florianópolis, 17/09/2020
Despir-me 


Quero me despir de todos os desejos e pecados insanos e maldosos 
Quero me despir do que ficou encrustado nos pensamentos.
Quero me despir de tudo que me incomoda, dos beijos recebidos, envenenados, mal intencionados... Dos lobos  que se vestem de cordeiros 
Quero me despir dos vícios, dos maus  hábitos que me atrapalham 
Do nojo que sinto do corpo do outro, do descaso...
Deste orgulho ferido e malvado indo ao encontro de qualquer destinatário.
Quero me despir do apego exagerado, dos calçados guardados no closet do quarto.
Quero me despir deste vestido decotado que por vaidade agride tantos olhares.
Quero me despir de tudo aquilo que provoca discórdia. 
Quero me despir de tudo aquilo que causa alvoroço entre o povo.
Quero me despir do mau humor, do rancor deste ranço! 
Desta cara amarrada. 
Quero me despir... deixar minha alma solta de todas  as amarras.
Quero me despir de tudo aquilo que não vejo graça... Dessas desgraças.
Quero me despir das más ideias que me deixam sem graça.
Quero me despir de tudo isso...
E mais: - que seja pra agora e sem arruaças. 

Florianópolis, 26/08/2020
Minha alma

Minha alma não tem cor, minha alma, sente dor.
 Minha alma tem amor
Minha alma é a cara do respeito
A minha alma é o reflexo de tudo aquilo
Que sinto, que olho, que vejo
A minha alma é risonha, é florida, é menina ...feminina, delicada
A minha alma não tem corpo ...tem desejo.
A minha alma chora e grita por desprezo
A minha alma é fera é exibicionista
A minha alma é bonita é artista poetisa
A minha alma é calma, é possessa
A minha alma é sábia, é passiva
A minha alma é fingida, é alucinada
A minha alma guarda tudo aquilo
Que olha no mundo, muitos absurdos
A minha alma reza, medita, erra.
A minha alma está em qualquer recinto. num lugar sombrio ou esquisito, num coração ferido, num medo escondido
A minha alma é tristonha, divaga e vaga
Nas noites frias e sombrias, na rua da amargura.
A minha alma guarda as marcas deixadas, no corpo.
Dívidas de um passado   tristonho.
A minha alma sofre os reajustes dos dias
A minha alma ignora todos os pecados e percalços dos caminhos percorridos
A minha alma é a revolta de toda a cegueira deixada na estrada
A minha alma é ilusória, é passageira
Nesta vida confusa e incerta, cheia de fantasias
Minha alma é isolada aos olhos de quem ignora...

Ratatuia

Uma ratatuia invadiu aquele Palácio sombrio
O povo eclodiu,
ninguém sorriu.
Ficamos a ver navios
Cheios de dor, de frio e de calafrios.

Naquela rampa se esconde uma corja:
Verdadeira ratatulha
Contra a qual não há patrulha.

Sem molho, sem emoção,
aqui nessa nação (onde não tem pão)

todos gritam e ninguém tem razão!

Florianópolis, 21/08/2020

Estou vidrado no teu olhar, 
Sinto o gosto do teu paladar 
Guardo o teu caminhar.
Estou cheio de amor pra dar, 
Mãos cheias pra te abraçar, 
Te sustentar,  te acarinhar.
A vida é um poema, 
Quem ama  libera, solta amarras,
Desejos, sonhos, pecados, 
Todos os hormônios e demônios.

Florianópolis, 28/07/2020
 Brilhar

 Eu nasci para brilhar. 
Tenho luz própria (todos temos 
Aquela vinda da alma).
 Para brilhar feito estrela
 Que somos desde que nascemos.
 Os dias são cheios de brilho (assim vejo), me sinto um brilho.
 Mesmo no escuro enxergo.
 Não me esqueço das minhas preces, rogo por todos

Agradeço a Deus todos os dias felizes ou tristes. 
A dor moral? Tiro de letra. 
A dor vinda da alma me deixa alerta 
Essa não espera: ajoelho, agradeço e oro. 
Já fui ludibriada, ignorada, esnobada. 
Não desisti do meu brilhar. 
Acredito na força divina, não brigo por ninharia nem mesquinharia 
Minha melhor forma: a de vida. 
Me apego na força divina 
Que me traz calma, me alivia os dias tenebrosos 
em que não podemos perder o brilho do olhar. 
Meu jeito de amar é encantar e brilhar. 
Mesmo distante dos outros 
Quero ser luz para iluminar por onde passar. 
Nos caminhares, que não faltem brilho nos olhares 
Que saibamos usar, reacender nossas chamas, 
já que somos centelhas humanas do Divino.

Florianópolis, julho de 2020
Um domingo 
O calendário marca domingo o que significa dia de confraternizações, reuniões familiares, encontros e festas.
Sinto-me saudosa. Vou para a varanda, pego um banco e me sento. Debruço sobre a mesa. Sinto uma calmaria. Sem as crianças brincando não ouço gritarias.
Mesa posta, casa cheia, falta alegria.
Vejo com tristeza a ira da pandemia que não dá trégua para os nossos dias.
Desde março vivemos numa angústia que nos deixa alertas.  Cuidado e cautela não nos falta. Nossos domingos não são mais os mesmos, mesmo continuando santo, dia de promessas, missas e rezas.
De súbito (parece um milagre): olho pela janela e vejo um padre em cima de um carro aberto fazendo o sinal da cruz e abençoando os lares, mesmo da rua. Fico comovida quando ouço o som do Pai Nosso que me toma por inteira.
As lágrimas lavam minha alma.
Fixo meus olhos no céu e peço com devoção pra Deus a cura de todo o universo enfermiço.
É um domingo de julho de dois mil e vinte, frio, carrancudo e vazio. Estou distante de parentes, mas crente de que essa peste vai desaparecer da face da terra.
Tenho a certeza e a esperança de que novos domingos virão e com eles novas concepções.
Não podemos nos contaminar e nem voltar a ser o que fomos no mundo que deixamos atrás.
Precisamos tirar proveito da lição que vivemos trancafiados iguais doentes.
A falta de abraços, afetos e carinhos fez um enorme estrago emocional.
Hoje neste domingo parei pra refletir o quão pequenos somos nós e como somos sós.
Mesmo tendo a nossa recursos da nossa própria companhia, precisamos de calor humano em todos os dias da semana. E que seja com a melhor companhia: a sua...

Florianópolis, 16/07/2020
Um pouco de tudo

Não é preciso ter tudo.
Um pouco é muito, vivemos num mundo confuso
Tudo é um marasmo, todos escondidos.
E onde estão guardados os cartões, os iates e as mansões?
Quem comanda nas ruas, nas esquinas e nas praças é ele esse vírus o devorador de vidas Humanas.
E vivemos nas teimas.
Perdemos o respeito ao próximo
Só olho gordo e inveja.
Em cima do muro se olha o mundo, ele é uma roda, é um gigante, ele não é elefante, nele tem gente pensante, ignorante e brilhante.
Ninguém aqui é flor, mas cheira.
Aqui tudo passa: até a carcaça.
por debaixo da ponte a água passa
Aqui vemos de tudo: gemidos, ruídos, lamentos e gritos
Existem muitos esculachos: políticos que causam barulho, descaso e nojo
Tudo confuso, nas ruas.
Vivemos momentos tensos e loucos
Até quando? Tudo causa medo e pânico
Neste marasmo seguimos. Até quando não sabemos!
Ninguém se entende
Se existe o certo ou o errado, me sinto no meio.
Quanta hipocrisia! Nos esquecemos do ser. Queremos só ter.
Nesta roda tudo queima.
Até o olhar de quem sente inveja não aprendemos ainda
O Homem se esqueceu de conversar mais com Deus: orar e agradecer...
Que possamos nos redimir amar e nos respeitar
Só pra lembrar que somos todos exatamente iguais na carne e na dor,
não importa a cor do sangue se vermelho ou azul
estamos na mesma corte: a do vírus mortal para o qual toda gente é igual.

Florianópolis,12/07/2020
Menina

Menina dos cabelos dourados
Olhos amendoados, lábios rosados
Rosto pintado, sorriso aberto
Vestido rendado pés descalços
Te pareces um anjo és místico
Menina dos cabelos dourados
Tua aura é raio iluminando
Estou extasiado com tanta beleza
És linda! Teu olhar me fascina
Teu brilho me ofusca.
Menina dos cabelos dourados
Me diga quem és? Surgisse das nuvens! Menina, teu brilho é a luz do dia ...
És a estrela que me guia ...


Florianópolis, 14/07/2020
Reconhecimento

Nessa espera sem fim, me pego olhando pra mim, e nesse meu mundo interior não tenho como fugir e nem pra onde ir: longe de olhares opressores me conheci e reconheci, vi defeitos (são tantos!).
Fazia tempo que apontava o devaneio e as desventuras do outro, o cisco no olho.
Agora mais calma, e mesmo nesta pandemia, vejo minhas falhas humanas: são tantas ainda, sinto uma necessidade enorme de mudança.
Não quero ver no outro um argueiro.
Em mim, esse novo precisa de muito esforço: sou falho de erros.
Do jeito que caminhava no sufoco não quero!

Sobre o Humano:
⸺ Será que precisava passar por uma pandemia?
Para me conhecer como de fato preciso ser como um ser Humano.  Neste  universo  imerso e cheio de conflitos, abandono e descaso ,e cheio de barulho. Resolvi fazer uma checagem, uma viagem no meu interior sujo. Me vi como uma caixa preta registradora cheia de mágoas, vinganças. Ah, quanta sujeira ainda neste interior carregamos feito peso. Guardamos orgulhos, egoísmo. Olhamos para nosso umbigo. Exibicionismo, quantos caprichos!  Somos mesquinhos. Que mundo eu desejo para o meu próximo, se não souber me redimir?
Ainda há tempo de me purificar, de ser maleável, de reconhecer meus defeitos (tantos!). Espero sair deste sufoco bárbaro em que estou vivendo nesses meses... Sem saber de um  retorno, de um rumo certo com o mundo, com o outro, com países diferentes.
É preciso consciência  para voltar a um convívio mais humanizado.
O mundo precisa de gente de verdade...
Que sejamos mais concretos: mais cheios de calor humano.
Quero começar desde agora a fazer a minha parte.
Neste espaço de tempo me conheci e reconheci meus defeitos e erros.
Sou humano, nunca é tarde para um novo mundo
Recomeço, assim quero e me vejo...
Desejo que cada um faça a sua parte
Como gente...descente.


Florianópolis, 27/06/2020
O choro da vela


Um pavio que queima
Que arde e chora
A força que zela, que vela
Vela a fumaça erótica macabra
Que espirra feito ira, vela o choro.

A vela se apaga junto à brisa

Vela negra obscura o prenúncio
Da discórdia, da tristeza escondida
A chama amarela, vermelha ou branca
tem forma e cores: amores e dissabores

Vela a chama brilhante, reluz qualquer rosto desfalecido, falta gosto
Vela acesa que seja romântica
O fetiche que aguça, encontros, desejos e romances. ela vacila deixa marcas profundas, dor amor...
Vela tem cor, luz, movimentação em qualquer coração, o choro da vela anuncia, apavora, revigora.
Fé, amor, confiança, esperança
Vela a chama que apaga não tem hora
Vela negra obscura o prenúncio da discórdia da tristeza escondida
Vela chama que arde, pavio curto
Uma faísca, feito um raio que risca
Vela clareia qualquer sombra, a fagulha limpa, que espalha pelo ar, a essência escolhida, perfumada e romântica
Vela a luz que clareia qualquer alma necessitada, a qualquer momento ela apaga ...deixa marcas
Vela o pavio que vela, que brilha
Um rosto sem viço: Vela que seja acesa em vida, vela se esparrama feito lama
Vela chora feito anjo no escuro
Vela azulada enfeitiça qualquer mente embaraçada, vela das fagulhas iluminadas. Vela a chama que levanta que abaixa, vela mística das bruxas, orixás e anjos. Vela que espirra a fumaça e a chama que queima...
Vela que vela tantas vidas sofridas, perdidas, amadas e amaldiçoadas
Vela que seja a sua cor preferida...


Florianópolis, 26/06/2020
 Amor além da pandemia

O amor não voa
Se doa. É a cura
Pra quem ama

A pandemia aguçou o amor:
Perdido uniu corações, devoções.
Humanos ficaram sensíveis, receptivos e amáveis.

Os amigos mesmo distantes não negaram colo
E mesmo sem abraços não faltou amparo.
Fomos testados por todos os lados
O amor provou: ser maior mesmo aos descasos e percalços
O amor não é fogo, mas espalha brasas,
Amor não se mede, se sente
Amor não tem rosto ou corpo
Ter a capacidade de amar é a maior emoção do sentimento humano, felizes que sabem o valor do amor, nada é fácil sem esforço, amor requer, para o amor não existem regras.
Sem amar uns aos outros não chegaremos a lugar algum no topo
Amor verdadeiro não tem interesse
Amor não se cansa, é sereno suave e calmo, amor não tem rancor ,amor divide soma perdoa
No amor não existem barreiras, nem fronteiras
Vivemos e sentimos a mesma linguagem sem conhecer idiomas, o amor vencerá qualquer dor que possamos nos enxergar, a dor que esmaga, afoga o amor supera.
O amor é tudo aquilo que sinto
Pela vida, e pela tua subida
Amor não tem recaída.
Em mim o amor exala por todos os poros, e cantos do universo nasci de dois corpos, o amor a essência divina amor supera toda a dor, da alma sofrida.
E a chama poderosa, não morre, não é vela e zela.
Viva o amor a cada dia, sem mazelas
Magoas e rancor...
O amor ama... toda a existência
Desta e outras vidas, é a força que suporta qualquer vivência que seja a vida...


Florianópolis, 25/06/2020
Festa colorida


São Antônio, São João
Enfeitei todo galpão
Na espera de um amor
Quero entregar - me por inteiro


Pode ser um amor feiticeiro
Espero um amor verdadeiro
Não sou lâmpada, tenho luz
Não sou fogueira, tenho chama
Em mim tudo arde  feito  brasa


Estou à procura de um coração
Que não me iluda e me ame
Não sou palerma, nem banana
A vida voa, tem pressa acelera


Linda estrela que conduz 
E brilha nessa estrada
Viver sem amor
É mesmo que viver
Num jardim sem cores e sem vida
sou uma artista
Nesta estrada comprida
Eu quero dançar na rua
Mesmo que não faça lua.


Florianópolis, 20/06/2020


Sal


Sal da terra ,o remédio que cura qualquer fissura ,sal o tempero da vida
Sem  excesso , hipertenso não pode
Na língua o sal belisca, sal é vital em todas as vidas que seja em dose homeopatia , a pressão avisa .
Sal o tempero usado desde os tempos primórdios

Sal tempera ,conserva ,desinfeta a ferida mais fétida e neutraliza a ferida mais ferida
 O sal escalda pés e alivia tensões
sal deve ser usado com moderação em qualquer comida

  Nele existe frescor: queima as impurezas e todas as brigas e mandigas manchada na alma
Sal interrompe , a limpeza mais correta
Assim como o fogo que queima ,o sal purifica e limpa .
Sal que protege  a estrada de quem acredita ,sal que energiza ,sal o cristal daquele que acredita : A pureza divina sal escalda pés ,alivia as tensões
Sal que espanta maus espíritos, e todos os maus fluidos .
Sal  da terra o alimento o tempero da vida das águas corridas
Sal que seja na medida e que seja na comida , sal não é  crença  mas a força poderosa está presente em todas as bocas,  nas mesas e nas crendices
Sal o tempero o gosto que não falta
Nas melhores receitas culinárias .....


Florianópolis 14/06/2020


Entre o joio e o trigo


Separar feito peneira:
A melhor maneira
Entre a cruz  e a espada haverá escolha?
Vi estrelas, mergulhei na profundeza
No luar namorei, amei,
no escuro, me deparei com o feio,
nas pedras me machuquei
Enxerguei todos os lados e pecados.


Pisei meus pés, calejei-os,
conheci de perto refúgios e medos
saboreei o gosto amargo e obscuro.
Aprendi a perdoar nas quedas,
No precipício me vi desfalecido,
No vale, senti o sabor que desconhecia.


Compreendi que a vida tem várias facetas,
Não é lua, mas cheia de aventuras,
Nela a vida é feita de etapas
Existem lados, fatos, faces e muitas portas
Nem sempre abertas.
Livre arbítrio: sou eu que escolho o caminho.
O sol nasce em cada amanhecer,
a lua surge ao entardecer
Não vemos nos dias o mesmo brilho
As tempestades, no final da tarde,
Se fazem presentes.
Das catástrofes, tiramos a lição:
- Quem ama nunca se engana.


São muitas caminhadas e portas feitas de comportas
Se não as seguirmos à risca, 
A vida capota.
Com nossas escolhas, deixamos pegadas.
- Qual será a porta mais certa?
Para segui-la sem dor e sem peso na consciência,
não existe uma regra.
Na conta se passa a régua, tudo se acerta.
Das experiências que prevaleça a do amor.


Por todo o caminho sou eu quem carrego a cruz
O joio do trigo sou eu quem separo
Qualquer reparo é feito,
Qualquer efeito com defeito é refeito
As escolhas, somos nós quem decidimos.
Certos ou errados somos os donos dos nossos destinos.
- Assim vejo!
- Assim será!


Florianópolis, 06/05/2020

Na cor do arco íris
Vi     criança    feliz
Vi sol ,vi chuva, vi cores
Vi   o menino  Jesus sorrir

Vi  a areia do mar voar
no ar me confundir
Vi pássaro mergulhar
Vi  a cor do céu se misturar
Vi a água se transformar
Vi sereia cantar
no entardecer
Vi uma mistura de furta cor
Vi cada cor num piscar vibrante
Vi cada cor em mim ficar.



Florianópolis, 06/05/2020
Em mim

Neste silêncio aparente,
No peito, um barulho explode.
Procuro respostas, me questiono.
A saudade é a dor mais constante.
Não mata, mas maltrata.
Procuro manter a calma, a cabeça roda entre as plantas que cultivo.
Olho para o relógio, conto as horas, neste espaço me perco no tempo.
Aqui não vejo alegrias, me sinto sem colo. Sem abraços dos filhos e netos, nem de amigos, me perco do mundo lá fora. Vejo (nos noticiários) corpos humanos inertes. Ouço choros  de dor . Em luto, ainda que distante de todos, oro e torço. Por todos, pelo mundo em que tudo é tão confuso.
Rogo por dias de glórias e vitórias. Por alegrias, por todas as vidas humanas.
A Pandemia não dá trégua. O vírus se alastra, se espalha noite e dia, nas ruas, avenidas, estradas, favelas.
Não poupa vidas. Enfurecido, afoga e mata: Me sinto sem forças abalada, angustiada.
Mesmo sendo otimista, sinto pela demora. Não encontro uma saída pra agora. Sem vacina não se pode prever quando tudo se acalmará.
Neste momento exato, pego um álbum de fotos e mato a saudades.
Meu peito não suporta tanta falta.
Olho a foto da minha avó que falava da tragédia que levara  toda a sua família: a gripe espanhola (Faz tanto tempo que ouvia essa história).
E hoje (parece ironia), estamos vivendo a peste do século chamada corona vírus.

Convivência no meu quadrado
Confinado neste quadrado
Me sinto um solitário
Só olho da janela do quarto ,assustado ,cheio de medo, perdido no tempo , eu choro ,não sei o que faço ,tudo é incerto, me sinto refém desse vírus às soltas nas ruas
Estou privado de tudo e de todos
Estou clamando pela minha liberdade
Sinto -me uma criança sem colo
Perdi o sentido
não sei mais qual foi o último dia que fui caminhar na rua, conversar com a vizinha
Não sei quando volto a me encontrar com o mundo lá fora
É tudo estranho!
Não sou mais o mesmo
No meu lar padeço todas as dores
Neste momento me sinto sozinho
Não vejo olhares
Faz tempo que  vejo a quem mais  amo  só por vídeo chamada .
Será que me esqueci de orar ?
Ou não soube amar ?
Ou será que o universo devolveu tudo aquilo que joguei no ar
Estou cansado de esperar todo esse pandemônio parar de infernizar .
Será que vai demorar ?
Ou  logo vai terminar ?

Será que este mundo obscuro um dia vai clarear?




Florianópolis,14/05/2020
Pós Pandemia

Como um bom  filho, retorno ao mundo fortalecido e revigorado. E recomeço num mundo novo onde tudo foi regenerado (assim espero!).
Naquele universo no qual o homem não enxergava o outro ser  vivente, correntes de ódio geraram relações típicas de guerras civis e consolidaram os piores vícios em nome da autossatisfação. Cansei de ser perverso. Quero deixar pra trás as mazelas e os ranços. Voltar por inteiro: novo, reciclado, repaginado.
Quero ser o meu melhor dentre os humanos e que não me falte amor, mesmo que ninguém veja a minha mudança.  A lição vivida valeu a pena, mesmo a duras penas.
Neste reencontro comigo e com o novo, quero conservar os amigos antigos. Junto deles, fazer tudo o que estiver ao meu alcance.
Quero ser mais paciente, ter mais bondade, mais caridade. Saber ouvir, dividir cada momento e, a todo instante, ser mais constante. Estender as mãos, ter mais devoção (somos todos irmãos, sem distinção).
Se nada fiz em vãos dias, não quero seguir de mãos vazias. Quero ter mais cuidados com Mãe Natureza e os animais. Levar alegrias. Irradiar paz.
Em cada passo dado, quero sentir a leveza. Quero ver mais sorrisos soltos e abraços sinceros.
O mundo não será mais o mesmo: uma nova era nos espera.


Florianópolis, 05/05/2020
Meu sol

És o sol dos meus dias, alegria que aquece minhas noites frias.
Teus braços desejosos me acolhem. És meu conforto, meu ombro, meu colo.
Teus abraços são os mais gostosos e carinhosos.
Teu encanto é doce mistério de beijos molhados.
Nossas  noites desejadas são cheias de ternura.
Tudo em nós é libido: corpos nus e perfeitos que se encaixam.
Somos pura energia!
Coração e paixão,
Fogo de verão
Somos o desejo em forma de pecado.
Sem nojo, mergulhamos juntos nesse caminho de desejos,
na rede, na esteira, na cama ou na grama, a pegada mais descansada

Em nós, tudo é chama que ama.


29/04/2020
O mundo e o luto


A dor se espalha mundo a fora.
Dilacera corações, esmaga e amarga multidões; estraçalha almas. Emoções desalinhadas e perturbadas, milhões de vidas “abandonadas” nas valas.
Um vírus devorador de humanos fechou casas, deixou pessoas acuadas.
Rostos cobertos, ruas infectadas. Máscaras: o acessório que virou moda!
Enquanto isso, homens de braços cruzados na troca de farpas.
Estamos assolados por todos os lados: confinados num quadrado. Respeitamos a quarentena, enquanto ele, na teima, mascara o risco.
Por debaixo da maquiagem há quem não veja, disfarce ou chore pelas mentiras enrustidas, pelas trapaças que devoram a memória.
O povo vive luto, medo e preconceito. Já a cúpula lava suas mãos na pia de Pilatos.
Meu olhar se perdeu neste silêncio aparente. Um barulho enorme me invade. Meu peito explode. Sou de carne. A saudade é a dor mais constante.
Cada dia é uma incógnita, a incerteza é a sensação mais premente.
Com tanta tristeza no ar, me sinto sem chão.
Meu coração chora a cada hora por todas as famílias desesperadas, inconformadas, enlutadas.
Quantas vidas precisam ser perdidas, ainda?
Pelo descaso daquele Palácio tantos corpos foram abandonados!
E no escritório do ódio:
- Sabem com quem estão falando? Sou o dono de tudo. Aqui eu mando e desmando, privilegiando meus meninos.
Enquanto isso eu oro e torço para afastar o vírus devastador que assola o mundo que chora o luto de inúmeros queridos. 


Noite/ madrugada/dia
29


Que noite mal dormida
São exatamente três horas da manhã, na rua o silêncio impera
No quarteirão do bairro, nenhum galo canta,
cachorros acuados e todos dormindo
Só eu acordada até agora
Aqui neste recinto escuro, mesmo seguro, eis que uma nuvem negra
chega invade o meu corpo. Quanta ardência!



Esses terríveis pernilongos de longa data me incomodam:
sou alérgica não uso inseticida!
Olho próximo da cama, vejo uma raquete elétrica.
Aí começa uma briga intensa, a raquete, eu e os mosquitos
enfadonhos, apavorantes, fazendo zumbido nos meus ouvidos.
muito estresse,
ninguém merece.
mesmo chatos não são piores que este tal corona invisível aos nossos olhos, e  imprevisível.
Se embrenha a qualquer hora
Rouba qualquer paciência, é desumano, não poupa: a guerra mais  medonha da face da terra .
Vívida besta de dois mil e vinte
Não poupa aterroriza e mata. Coisa séria!
O assoalho ficou todo bordado de sangue e de mosquito.
Não há nada como uma raquete elétrica, mas quem me dera uma noite de sono bem dormida!

Florianópolis ,14/04/2020



Tédio


Esse tédio esse vazio
Me causa cansaço desconforto
Um grande desgosto
Já fiz tudo o que podia o queria e o que devia pra sair dessa nostalgia
Essa aversão me devora noite e dia, já passou a quarentena.
Estou ainda isolado neste recinto
Me sentindo angustiado
Confinado de tudo e de todos e do mundo, e sem resultados da vacina tão esperada do Corona.
Estou aqui na espera: me sinto amarrado. Pés atados. Incapacitado de ir lá fora. (Quem me dera! Só se for bem equipado e de máscaras.).
- Olhar lá fora?
- Só se for da janela.
Os dias são intensos, as noites intermináveis só ouço notícias doentias, estou perdendo a calma. A rotina virou brincadeira.
Durmo, levanto, me sinto um robô.
Rego as plantas, lavo, passo, cozinho, canto, leio, releio, me olho no espelho. Ah, não me esqueço: rezo.
A única segurança é que estou num cafofo com comida e água. Mesmo numa casa não está sendo fácil!
Aqui estou a pensar nos pássaros engaiolados, nos cachorros acorrentados, nos leões enjaulados
Estão sufocados no seu próprio habitat. Estou preso, sufocado por um vírus invisível e devorador de gente.
 Da humanidade faltou mais bondade, caridade e humildade.
O homem se perdeu no caminho, só perversidade, só maldades.
Resultou nesse tédio louco, avassalador e nojento que estamos sentindo na pele. Os animais (indefesos) sentem, na carne (e já faz tanto tempo), esses efeitos provocados por nós, racionais.
E assim caminham os Humanos!
Que possamos praticar a lei do amor e aguardar dias mais suaves. O tédio é só mais um teste: um desconforto necessário para rever nossos comportamentos e hábitos de vida.



Um mundo a parte


Eu sou breu, eu sou a sombra
Eu sou a alma que grita
Eu sou a morte viva, eu sou a vida
Eu sou a estrada perdida
Eu sou um mundo a parte
Eu sou o jeito mais que imperfeito
Eu sou o lado do avesso
Eu sou gente,eu sou existente
Eu sou resistente,eu sou resiliente  eu sou paciente,eu sou potente
Eu sou imponente, eu sou impotente



O meu interior se esconde, até o pior de mim: e ninguém me percebe e entende .
Eu sou solitária, sou Estrela, sou poeta, sou menina, sou criança, sou feminina, sou vaidosa, sou verdadeira,sou mentirosa,sou íntegra.
Eu sou um mundo desperto: sou dispersa,  orgulhosa, eu sou a paz, eu sou a luz, eu sou a água, eu sou a lágrima
Eu sou  a  águia, eu sou tudo aquilo que quiser me enxergar!
Dentro deste meu mundo ,deste meu universo interior, só eu me enxergo, só eu posso me entender
Só eu posso comandar.
Eu sou o breu, eu sou o fogo, eu sou água, eu sou terra, eu sou a poeira ,eu sou ar que me inspira
Esse respiro que transpiro e que inspiro tudo aquilo que eu quiser
Este meu ser diferente, nesta órbita contundente  e  estridente
Eu sou mais um neste espaço quadrado,confuso, estreito
E restrito.
A porta sou eu quem abro, me recolho ,me escolho
Eu sou tudo aquilo onde me incluo. Não quero ser rotulado, não quero ser pressionado, não quero ser asfixiado ,não quero ser expurgado
No ralo.  Eu sou um mundo a parte,escondido aos olhos de quem não percebe os meus desejos
Eu sou um mundo a parte 
Eu sou tudo aquilo que quiser que seja. Eu sou o pecado mais sujo
Eu sou a brandura  e  a candura mais pura deste planeta. Eu sou a mistura de tudo aquilo que existe na essência humana ...
Eu sou um mundo à parte
Eu sou a minha melhor parte



A luz que invade por onde me faço presente.


Uma mistura louca
[CAMARGO, Wanda; NOBRE, Marlene Xavier. Palavra de Mulher. Instituto da Memória, 2019]


Fala da tua dor, esta que amarga
E quem não viveu um amor?
E quem não aprendeu a olhar para um irmão ou para aquele que precisa de um olhar, e quem vai viver neste mar? Nele há muita lama


O homem se perdeu no lugar, não há mais espaço, neste labirinto
Sem ar, nesta disputa insana,
Ninguém se engana. Só quer fama.
Na estrada, há muita espera, nesta
Que precisa de muita calma, nesta hora,
A estrada é comprida e longa
Pisa fundo e sem lembrar que o outro sangra uma dor profunda que não estanca.
O mundo é uma roda que gira, hora em cima hora em baixo.
 Abre os olhos. A vida é uma escola que ensina a toda hora.



O vento não poupa. Ele enfrenta e arrasta,
Não espera, mata
 tira lhe a vida, é voraz, e quem só viveu por amor, e quem não sentiu uma dor
Que lhe esgana é tirana.
E quem desprezou uma dama
Aquela que se espalha que exala



E quem se esqueceu de olhar
E quem não olhou para o mar
E quem só viveu no ar, não soube respirar, se esqueceu de amar
E quem não provou o fel não soube beijar, e quem não estendeu as mãos se esqueceu só pisou no chão
Mas viveu na escuridão.


E quem apagou a vela, e quem não olhou a chama, se esqueceu da panela, e quem humilhou se esqueceu das voltas que são tantas
E quem suspirou na cama se entrelaçou nas pernas.


E quem não sentiu a poeira na cara
Coisa rara, um dia levará uma pá de terra, e quem se esqueceu que aqui é um mundo ilusório e de provas.
Engana-se.
Seja simples, seja humilde. Aqui só há provas, não te afoba.
O mundo é imenso, mas cheio de enganos, aqui tudo passa, o mundo dá voltas, nem que seja na lama, a fama é igual façanha, não soma em nada, só não pára a roda.
Tudo gira em torno da vida, até a cabeça que ignora o valor, o sabor e o prazer que a vida mostra, ela aprova e reprova até a consciência
Mal informada que aqui tudo fica
A raiva, a ganância até às mentiras
Daquele que não ama a vida.


Herança. Florianópolis, 05/06/2019
Herança não é balança, mas balança.
Herança: a esperança
Herança: a bela! A poderosa!
A endividava, a endinheirada!
Herança a meia farta, atrás das moitas naquela casa.
Herança deixada, uma roubada
Herança uma bolada. As malas cheias, muita grana, casas ou joias
Da menina deixada na estrada.
Herança não é bagunça, nem barcaça, nem marafa.
A herança que os olhos não viram, pois sumiram com o chumaço que escondeu no travesseiro.
Herança daquela carroça sem rodas, do carro sem freio.
Herança que acaba em provas.
Herança que ninguém suporta, pois incomoda igual praga.
Dá briga e intrigas. Parece fuga.
Herança: a menina dos olhos daqueles que esperam sem nenhuma ajuda. Herança: a heroína de mãos atadas, sem ajuda e sem partilha.
Herança que precisa ter provas.
Herança bem vinda!
Herança maldita.
Herança de pobre: nem a toalha, pois nem restam migalhas.
Herança, a maior deixada: caráter, dignidade, respeito.
Herança que todos enxergam. Herança: a menina dos olhos deixada na estrada da vida...


Herança que seja deixada nem que seja no cabo da enxada...



Felicidade. Florianópolis, 04/03/19


Felicidade não demora brinca e vai embora.  A felicidade é como o doce que se come e não enjoa. É igual a uma criança que brinca e não se cansa. É a flor em botão. É a beleza mais pura que aguça todos os sentidos.
Felicidade, quando parte, deixa um coração que arde num vazio. Felicidade é como identidade: cada um tem a sua, não tem hora, não tem idade, mas tem memória.  Felicidade é uma alegria que anestesia.
Tirar a alegria é não saber deixar o outro expressar a felicidade que contagia.
A maior felicidade é aquela que não tem uma causa aparente.
Sinto-me melhor a cada amanhecer.  Acordar. Respirar. Pisar no chão.  Felicidade não  se esconde. Ela está presente.  É só abrir a janela. É saber olhar a luz do dia, o sol que brilha.
A maior felicidade  é aquela que não existe uma causa.
Felicidade  é estar. É sentir. É estar aqui. É acordar a cada amanhecer.  é respirar. É pisar no chão. Felicidade é a capacidade de me amar e amar o outro.  Felicidade é um estado onde brinco e cultivo esta criança. Felicidade, quando voa, vai embora. Não espera. É uma mistura de saudade que demora. 
A felicidade não se esconde ela está em qualquer mato. É só saber escutar o cantar dos pássaros:  são felizes e não esnobam, cantam.
A felicidade maior é onde repouso os meus sonhos sem nunca pensar em desistir.



Felicidade roubada é retirar os direitos. É tirar a mesa farta. (Ato que maltrata os boias frias). É tirar a alegria das ruas, das calçadas, das vielas e favelas.





A felicidade não se esconde, pode ser um disfarce daquele que não enxerga a beleza da vida.


Caminheiros
Florianópolis, 15/03/2019



O mundo precisa e clama pela paz
Por mais Amor entre os povos
Não é preciso ter o mesmo idioma
Temos coração.  Somos irmãos fraternos.
Que sejamos amáveis, educados e dóceis com aquele que precisa de colo e de consolo.
Estamos na estrada da Vida,
Somos caminheiros do mesmo destino
Somos Humanos e sentimos dor.
Fomos feitos do amor de corpos: temos a mesma roupagem de carne
Paz na terra é o que está faltando nestes últimos tempos.
Amai-vos como aquele que nos ensinou:
‒ Jesus... O Amor.

Devastador

O devastador é aquele que a luz do dia tudo pode.
Tudo fica às escuras nas suas mãos. Uma flor é uma arma a luz do dia (muita patifaria, muitas desavenças, desordens públicas).
A luz do dia será do dia só o que eu via e ouvia.
Eu bem que sabia. Eu pressentia tamanha bagunça e enorme baderna.
Salvo os economistas ninguém enxergava (à luz do dia!) que o dinheiro corria (Era a maior festa). Disso eu sabia, eu avisei.
Eu só ouvia: “salve o Mito” (a maior histeria!).
Malditos (agora muitos arrependidos, a maioria escondidos igual caramujos), por onde andam? Os Meninos sumiram, escafederam-se. Foram dar uma espiadela na lua que estava sangrando. (Talvez estivesse com vergonha).
Para! A ignorância dessa trapaça foi feita por detrás dos panos (se não fosse aquele juizeco...).
Acorda para a realidade, sua besta! O mundo está farto, está cheio chega de Laranjas (só gosto de suco de bagaço) estou fora. Ainda bem que existe o liquidificador (menos mal! Uma boa invenção com trava de segurança!). Deixa disso. Há muitas cabeças na bandeja. Agora é só esperar. A desgraça está feita. Daqui a alguns anos (com todo o meu respeito) que se lixem os burros. eu avisei. São tantas as perguntas e tão poucas as respostas.
Estamos todos envoltos num grande Marasmo do qual não damos mais conta. Só queremos as contas. Tudo virou um grande precipício. Estamos a caminho de um grande colapso. Há muitos morcegos. Por detrás de muitos disfarces existem muitos mistérios.
Quantos laranjas nesta fuga?
Enquanto isso, ficamos no aguardo!
Está tudo exatamente tudo errado neste jogo sujo (que nojo me dá). Já não consigo mais engolir tantos absurdos. Até armamentos! Presente “devastador” é esse jogo sujo que tanto vimos. Não somos os errados (mesmo sendo minoria). Não são somos  culpados, pois não fomos convidados para esta festa horrenda onde o brinquedo se tornou banalidade. Não existem mais bons exemplos nesta corte pobre de entendimento, pois os milionários estão por cima de tudo e de todos. (E que se dane o povo.). Ah! Eu avisei. Só não ouviu e não viu quem não quis. Fico pasma, pois o ódio venceu e deu a faixa para este Homem que nunca me convenceu.

O Errado



O mundo está correto, está tudo certo.
Foi construído pelo Homem do Bem.
Foi feito em sete dias, Ele sabia.
Os índios foram os primeiros, ganharam o terreno. Muitas terras se firmaram (não precisaram de gente que se diz entendida).
O homem ficou primitivo, está um arraso moral com ele tudo é ilegal.
O errado está com quem?O errado está na cabeça, está na caneta ( não de pena)
O errado está naquele que quer empurrar goela abaixo (o errado está todo errado).
O errado está na ganância, está na presidência.
O errado está na falência.
O errado está na secura da fome e da ignorância.
O errado está nos olhos daquele que não enxerga a verdade.
O errado está na incoerência, está na intolerância (o errado está na discriminação das lésbicas).
O errado está na bagunça.
O errado está na extravagância.
O errado está nas matanças daquela gente indígena e sem defesa.
O errado está na pobreza, nas misérias.
O errado está na idolatria de um homem que não sabe o valor do suor do rosto. Está num homem que está às cegas ou se faz de...
O errado está por todo lado.
O errado está num homem acorrentado, sem voz e sem vez da palavra que arranha a garganta, que sufoca e que maltrata e mata.
O errado é trabalhar, suar a camisa, se aposentar e mal ver o salário.
O errado é não ver o dinheiro!
O errado é pagar tantos impostos com o bolso quase furado.
O errado está no ódio que te explode e que te faz doente.
O errado está nas cabeças fracas não pensantes.
O errado está na cara de quem não enxerga a verdade.
O errado está na boca: na malícia daquela mulher que brinca.
O errado está no ar, está por toda parte.
O errado está naquele castelo.
O errado está na Rampa “Tudo Errado”.
O errado é só o começo de tudo.
O errado está naquela arma que foi liberada.
E que acertou a vereadora.
E que acertou a menina.
E que acertou a vizinha.
O errado erra por todo o canto da cidade.
O errado está no país que tanto amamos.



O errado... Onde mais ele está?


Meu lindo menino



Você apareceu de mansinho
Bem devagarinho
O céu estava calmo sereno e límpido
O mundo recebia meu menino
Envolto de amor e carinho
Num dia iluminado de paz luz e harmonia
O sol sorria de alegria
Pássaros felizes entoavam em coro uma linda melodia
Saudando a tua vinda para a vida
Raul, o teu nome contagia
É pura emoção e alegria.



És a força do amor
És belo, és terno, és o sorriso mais bonito de um menino,
és cativante
Tens o olhar penetrante.



És um anjo
Em ti tudo há encantamento:
teu balbuciar teu engatinhar.
De descoberta de um novo mundo latente (e que seja permanente!)
Esperançoso por um horizonte.
Sinto-me estonteante, quando em meus braços te recobri e te acolhi
Até o rasgar dos teus dentes acompanhei tuas mamadas
As tuas papas e os teus banhos.



Meu pequerrucho, a tua chegada foi bem vinda às nossas vidas
És o fruto de um amor puro e verdadeiro
Que celebra essa linda criança
Tu és a esperança, és a luz que brilha a cada dia
És o sol que faltava dentro da minha história
E que seja a mais bela, meu lindo, belo e querido menino chamado Raul.









A fé que nos move, que nos fortalece,
Que nos orienta, que nos dá um norte,
Que nos renova, que nos faz crescer,
A fé que está latente e presente dentro de mim, do meu ser, do meu Eu.
A fé é a força maior independente de crenças e de religiões.
A fé que nos faz acreditar num ser maior: num anjo, num santo, num mentor
A fé que nos faz dividir tudo o que temos de melhor:
Nas nossas orações emanamos amor
A fé nos deixa mais sensíveis e humanizados
A fé que nos faz ser mais devotos
A fé que nos faz crer numa força maior
E que nos transporta pra qualquer lugar
Só a fé nos fará suportar nossas provas tão árduas
A fé não se mede, não se enxerga
A fé é sentida, é ouvida
A fé é a força iluminada seja por um anjo, um mentor, amigo que alivia a nossa dor
Não importa qual seja a sua crença
A fé nunca nos abandona. Está presente nos momentos que estamos mais fragilizados e sofridos
Que nunca nos falte esta fé ardente que nos faz acreditar que não estamos sós
Esta força imensurável que nos faz vencer todas as barreiras e tempestades
Ela nos faz crescer, acreditar
E vencer.
A fé que temos bastante
A fé que todos nós temos (basta querer):
– Orar, ajoelhar, entrelaçar as mãos e pedir.
Esta fé que está em mim e que não deixo sair



que nunca falte para seguir em frente.






Homenagem



Morgana,
Teu nome tem cor
Soa como beija-flor
é receptáculo de amor.



Ės a paz que acalma e conforta
Àquele que pede ajuda dá o colo



Teus olhos remetem esperanças
Não há dúvidas
Ės a luz que guia os dias
Teu olhar revela carinho vindo da alma
Que é bonita igual a menina que brilha e brinca
És serena, és calma, és carinhosa
Uma joia cara e rara.



Tuas mãos são precisas e certas, são sagradas, abençoadas, são o acalanto
E o alento para uma dor em pranto
És um ser sensível. Conheces cada alma sofrida
És especial, abençoada
Por todo aquele que te espera nesta caminhada.
Teu sorriso bem dado, teu cartão
Da porta de entrada, simpatia que irradia
Que invade a alma. Que nos acalma.



És a flor que amor exala
És a fisioterapeuta mais afável do planeta.






Um pouco do amor



Quem ama sabe estender as mãos
Quem ama é mais sensível e mais  receptivo
Quem ama não sente inveja,  nem  caçoa
Quem ama não tem vergonha,  nem se enfadonha
Quem ama tem esperanças e acredita num novo amanhecer
Quem ama não ludibria, não é covarde
Quem ama divide e soma,  e perdoa
Quem ama não faz cara feia, não é egoísta, não derruba
Quem ama não é vacilão, nem vacila
Quem ama não é mesquinha, não apavora, nem  rouba a cena
Quem ama  não faz cobranças.  Quem ama planta
Quem ama não se cansa,  se doa
Quem ama  não escolhe,  nem se recolhe
Quem ama é mais feliz, sabe sorrir
Quem ama é persistente, é conveniente
Quem ama não torce o nariz,  nem tem vergonha
Quem ama é convincente,  é mais contente
Quem ama é mais feliz, perdoa e ama
Quem ama é capaz de enxergar, mesmo no escuro
Quem ama  não se abala nem com fofocas
Quem ama tem um coração cheio  de amor
Quem ama sabe tudo do amor e não se engana
Quem ama  sabe o valor da vida que é tão bonita
E que tem que ser vivida por todas as vidas
Quem ama  não se esquece,  se cuida...
E ama  o próximo como a si mesmo: esta é a máxima.


Enxerguei um irmão


Na dor, enxerguei o amor
Não me esqueci de um irmão
Nos caminhos ficaram as pegadas
Encontrei-me com pedras (e foram tantas!)
Foi através delas que subi nas escadas
E não desisti da vida, mesmo cansada
Fortaleci-me. Cresci. Aprendi a me conhecer
E reconhecer todas as minhas imperfeições.
Conheci cada irmão de jornada. Senti cada um. Não feri.
Preferi me calar. Não apontei o dedo, mesmo nas horas mais difíceis
Se não consegui ajudá-los, tentei dar o melhor em cada situação vivida e sofrida
Assim preferi  e, sem  olvidar do escuro, fiz o melhor em meu melhor caminho
Pois gosto de desafios e de desafiar quem é contrário ao bem
Aprendi com os erros. Não me escondi. Dei a cara a tapa, pois adoro a justiça
Nem que seja a divina (esta é a mais certa e correta)
Vivi cada dia, um após o outro.
Sou paciente, pois a vida é feita de muitas belezas
Mas existem mil bagatelas
melhor dar abraços que dar tapas nos ombros se fazendo de lobos
amigos encontrei, mas conto nos dedos e amigo mesmo é aquele que se faz presente mesmo distantes e mesmo de longe nos conforta com preces



Não quero deboche. Não sou fantoche, pois levarei até o fim dos meus dias tudo que plantei e com o coração cheio de amor aprendi a enxergar cada irmão mesmo o de sangue que me pediu a mão (esta foi a minha melhor doação)
Me sinto mais leve, com o dever cumprido, a alma sorrindo
Almejo um mundo com muito amor: mais abraços e que sejam sinceros
E que seja breve, pois o amor que espalhei que doei me faz um ser mais feliz e inteligente
É tudo de melhor que faço.
Não me gabo (é fato)
Pois quem ama sabe como ninguém o valor e o calor do abraço
Os caminhos são muitos que não nos esquecemos dos irmãos, nem dos amigos na hora mais importante das nossas súplicas.



Pois quem ama sente e ouve as suas dores.




Julgamento
                                                (eleitora, mãe, dona de casa, brasileira que  quer um país de iguais e cujo mote é: “Chega de desiguais e de corrupção!”)



Seu juiz com todo o meu respeito
Também quero respeito, mas, por favor, me faça ser ouvido
Assim exijo, pois tenho direito. Qual foi o meu pecado?
Se não matei e nem estudei...
Será que este foi o meu erro?  Vim descalço do Nordeste, de uma terra de gente sofrida e humilde, mas boa e valente
Passei fome, senti frio. Não fiquei na estrada
Não sou de ferro. Sou valente. Não desisti. Sou cabra da peste
Se a minha sina é pagar por algo que não fiz, deixe-me lutar
Mesmo não sendo um diplomado (não cursei nenhuma faculdade por falta de dinheiro e por ser mais um pobre)
Ah! Mas de gente eu entendo (e muito!)
Trabalhei noite e dia e paguei com o suor do meu rosto
Perdi a pessoa que mais me entendia e me amava.  Foram muitas lutas durante anos, pois sabia o que queria (para surpresa de muitos!)



Cheguei no topo, me tornei presidente da república
Fui o presidente mais votado do país pelo voto do povo
Não trabalhei tanto para ganhar esta fama que não mereço
Só a nata que não sabe o que é passar fome é que me difama
No caminho encontrei muitos papagaios que me fizeram uma grande emboscada:  uma verdadeira papagaiada (pra não chamar de oportunistas e traidores!)
Me sinto solto mas com as mãos atadas sem poder fazer nada
Seu juiz, por favor, me deixe soltar o verbo
Só quero explicar o explicável (não se faça de bobo)
Sabe, não cometi erros
Sabe, se pequei me perdoa sabia tudo o que fazia
Fiz muitos projetos sociais tirei um povo sofrido da miséria mesmo não tendo uma  universidade
Não foi  por falta de um canudo nas mãos que deixei de cuidar  do meu país  e deixei todos muito bem
O que está acontecendo comigo  é mais do que perseguição
Seu juiz, irei lutar até meus últimos dias de vida.
Não sou bandido e tenho um nome a zelar
E família
E um povo que precisa ser cuidado
Que precisa de saúde, educação, moradia, segurança
Por favor me ouça
Ajudei o país a sair da obscuridade
Tenho forças e acredito na minha inocência
E que serei absolvido desta palhaçada, deste golpe que criou o caos
Assim como está não dá.  O povo está a definhar
E todos, com a corda no pescoço, estão pintando e bordando.


Lágrimas  são como pérolas que transformam as dores em bênçãos
Lágrimas  que  lava a alma é um acalento é como  um rosário
Sagrado que toca o coração do aflito daquele  que chora
Lágrima de sangue é profunda: cura toda ferida (mesmo que seja fétida)
Lágrima  de amor ou de saudade (esta ninguém segura!) é forte,  é  doída, é sofrida, fere qualquer  semelhante
A lágrima de  Nossa Senhora  nos compadece
é  mais que uma prece
é alento  que revigora qualquer criatura perdida
tem poder e força.



A lágrima é o encontro entre a criatura e o criador
Só Ele nos entende, nos compreende, nos dá colo, nos conforta.


Jesus não chorou, mas amou, perdoou aquele que lhe apedrejou
Fez das suas lágrimas um coração cheio de amor
Lágrimas são pétalas caídas das mãos do Nosso Senhor
Lágrimas... Quem nunca chorou de dor ou por amor?
Jesus segurou e suportou cada lágrima rolada
que caía do rosto de cada irmão nas suas mãos abençoadas (no seu momento crucial)
Maria engolia todas as suas lágrimas: acreditou na força do seu filho salvador – o maior da pátria verdadeira
O maior exemplo de fé e de amor.



(Lágrimas também são flores que nos enchem de  esperanças por dias bem melhores).


Carência


Acordei. Não estava com a corda toda.
Do outro lado da linha, recebia uma mensagem
Que dizia:
– Por favor, me ajuda!
Parei, pensei  e não revidei. Dei ouvidos.
Falava- me que estava muito carente. Outra vez parei e pensei:
– Será que estou entendendo a mensagem? Como pode?
Se nascemos para sermos felizes, como ninguém nos entende?
Também sou gente. Mas e daí? Cada um  com o seu  umbigo.



Nesse instante uma briga interna:
– Será que a vida nos exige tal correria que parece estarmos numa escadaria? No vai e vem do sobe e desce sem nos permitir que nos enxerguemos?
O espelho (mesmo quebrado) irá  dar a nossa imagem
Ou (quem sabe) nos mostrar mais belas, pois a beleza  nos esconde.
Vivemos tão deprimidas, sempre à procura de algo que nos dê um norte.
Esqueço-me sempre de mim, mas tenho carro, conta bancária, dentes cuidados, vestes  sempre intactas, tenho família (pode não ser a mais perfeita)... Ah! O que preciso mesmo para não chegar à loucura, à porta aberta para aquela depressão malvada?



É  tão pouco o que preciso: receber mais carinhos, colo, uma boa conversa fiada (pode ser até com a vizinha aquela que me olha da cerca ou do outro lado da rua) já que o meu companheiro não me cuida nem liga não olha que estou precisada de atenção ou de um afago talvez  não tira a  mão do bolso,  não descruza os braços, parece estar amarrado ou com má vontade. Somos igual a uma ilha, mas ninguém se entende. Somos gente, mas estamos sós com as nossas dores. Faltam mais amores, mãos dadas, abraços apertados. E verdade. (Parece que somos fantoches cheios de dedos, mas tão distantes do Eu).
Parece que querem a minha morte precoce. Ninguém me entende...
Ouça-me, sinta-me.
Sou forte, mas estou carente.
– Por favor, me oriente!
Preciso de um companheiro ou quem sabe um amigo, não precisa ser marido.
Eu tenho um trabalho e ajudo.
– Por favor, me ajude. Estou carente!
Olhe-me mais. Não demore. (só não pode ter sexo. Estou desacostumada.).
Mas não estou pedindo muito, só estou querendo um colo.


SER
É sentir cada alma
É saber definir a dor que nela reclama
É saber amar, abdicar.
É deixar os desejos e fascínio
Da carne. É saber amar, se doar mais ao outro do que a si mesmo
É saber sentir o sabor, o aroma do mel,
O amargor do fel, o perfume da flor,
O doce beijo do amor


Ser sensível é saber ouvir o amanhecer, o cantar dos pássaros
O olhar da criança, o pingo da chuva,
A luz da lua, o brilho do dia, as cores do arco Íris,
O sorriso do menino.


Ser sensível é sentir o cheiro da terra, a gota do orvalho
É saber sentir, na pele, a dor do flagelo
É saber sentir, na carne, como um atalho em retalho
Um coração em frangalho que pede socorro
Ser sensível é saber mesmo ser HUMANO.


São Sebastião do Rio de Janeiro
Depois de alguns anos de longa espera, cheguei naquela cidade. Era um grande sonho que se transformava em realidade. Acompanhada de meus filhos,  na cidade maravilhosa, fiz algo que me marcará eternamente. Era um sábado, dia 20 de janeiro de dois mil e dezoito. Eram exatamente quatro horas da tarde quando saiu da igreja antiga para a catedral a tão esperada procissão do santo padroeiro daquela bela cidade. A imagem do santo milagreiro era carregada no meio de uma multidão que parecia um mar!
Neste instante passava um filme na minha mente. Voltava o meu passado, quando ainda carregava no ventre meu filho querido e amado chamado Sebastião um nome que lhe carrega pra vida toda e com muita devoção fé e orgulho.
Jamais vi tanta força um povo forte guerreiro sentia de cada pessoa uma energia tão boa que me envolvia uma alegria me tomava.
Em cada rua que passava, via, nas janelas, uma faixa de cor vermelha e muitas pessoas nas sacadas de seus apartamentos jogando flores um encanto uma beleza que se espalhava no meio da multidão. Via muito respeito.  Tinha gente de todas as idades, muitos idosos, muita devoção.
Todos entoavam juntos. Era um potente coral de vozes de todos os timbres que rezava o Pai Nosso como se estivesse clamando a paz do universo. Era de arrepiar.
De longe avistava meu filho, estava com uma camisa encarnada. O suor escorria em seu rosto, mas não se afastou um minuto sequer do lado daquele andor com a imagem do seu santo protetor. não me cansava de agradecer (e bem de perto!) o milagre recebido da promessa que seu pai fizera quando ainda eu o carregava no meu ventre.
O sol estava escaldante nesse dia. O asfalto fervia, mas ninguém desistia. Ali tinha gente de muitos lugares de outras cidades e nós ali também meus pés ardiam mais minha alegria era tamanha que fiquei até o fim desta longa e abençoada caminhada. Na igreja, parecia estar sendo abraçada por uma energia tão boa que me envolvia. Não me contive e chorei.
Meu filho estava tão feliz e realizado que seus olhos brilhavam.  Uma mistura o envolvia, pois um sonho de anos se realizava: o de ter ido à catedral do Rio de Janeiro o Santo Guerreiro Padroeiro.
Mas o que mais me chamou atenção foi quando o padre abençoou os representantes e as bandeiras de cada escola de samba. Que povo forte, de fé e muita coragem. Houve uma grande queima de fogos, muitos balões de gás de cores vermelha e branca.  Em cada morro, em cada hospital que a imagem passava, o padre dava sua benção. Foi uma procissão muito linda
que marcou nossas vidas.
Minha vontade de gritar minha devoção para o mundo era grande. Queria que me ouvissem naquele instante, que me vissem ao lado daquela imagem. Muito obrigada, meu santo querido, salvaste a vida do meu filho, recebi um milagre, mas, em pensamento,  consegui. Sei que ele me ouviu fazer um  pedido com fé, devoção e muito amor. São Sebastião, mais uma vez te rogo: meu esposo está precisando muito da tua ajuda.  Conceda-me esta graça,  me faz um milagre. Ele te suplica.  Sabes que és o santo milagreiro. Meu filho ganhou o teu nome santo que foi registrado desde a minha  barriga, quando  precisei de socorro.
Meu São Sebastião, se já era devota hoje trago cravado no meu peito o teu abençoado e santo nome por toda a minha vida, pois meu filho te adora e te venera. Ama com louvor este nome dado na  sua  certidão de nascimento.
Quando precisei de ajuda te fizeste vivo na minha vida naquela cama de hospital me pegastes no colo em nome de Deus e nosso irmão maior Jesus e salvaste com tua garra e nem precisaste das flechas.  Meu São Sebastião, minhas lágrimas naquele dia se misturavam,quando ouvia aquelas ave-marias.
Hoje não tenho dúvidas  da fé que sinto  que esta  ardente no meu ser  uma promessa foi aceita  naquele dia dezenove de janeiro de  mil novecentos e setenta e nove quando  quando não olhei para a peçonhenta cobra jararaca, pois ela não enxergou a minha  criança que carregava no ventre  a fé e amor não se mede, se sente.
Esta é a história de uma mãe e filho que juntos dividem  um grande carinho, amor, devoção e fé. Juntos acreditam  na força desse santo milagreiro.
Meu São Sebastião, meu santo milagreiro, poderoso e grandioso, estás cravado na minha vida. Ouviste o meu pedido, percebeste a minha angústia, recebeste minhas preces. Meu filho te agradece  pela vida que devolveste naquele dia de amargura, pois rolava no meu ventre e pedia ajuda. Santo,  meu filho te venera e te adora. Ele leva o teu nome  para sua história. O nome Sebastião é  um nome de vitória!


Fobia


Quantos medos carregamos ainda
Nos nossos dias.
Noticiários cheios de ousadia
Há muita covardia
Fala sério! E se encha de coragem
Estou me arrepiando amarelando com esta fobia  que não me dá trégua
Minha cabeça está  fervendo pegando fogo nela há muito embaraços
Muitos bichos, grilos.
Preciso matar acabar de vez com este bicho papão que parece um leão
Já enfrentei cobra jararaca não foi mole
Meteu-me os dentes.
Prometi outro dia na virada do ano
Que iria vencer tantos bombardeios
Que criei como fantasmas na minha fértil imaginação. Que obsessão!
Já venci avião,  matei um leão
Andei num bonde (não foi do Tigrão)
Não subi a colina, mas subi um morro.
O mais alto daquela cidade agitada
E tão bela subi muitas escadas
Conversei com o Cristo Redentor que me olhou num sol escaldante que fervia a moringa.
Agora surgiu uma nave na minha vida a
Essa altura
preciso enfrentar me deitar, embora não possa rolar,
nem me debruçar, nem gritar
Esta máquina escabrosa querendo me assustar está me dando insônia
Ou me deito! Ou ela me devora (a ordinária da fobia)
Mas que medo! Lá dentro me exige tempo. O relógio para.
Não sou paciente. Tenho agonia.
Minha cabeça roda, sai fumaça
Queima os neurônios. Conto, nos dedos,
Carneirinhos. Vejo flores.  Faço bolo. Canto. Rezo. Xingo o médico
Mas resisto. Não peço socorro.
Questiono-me. Jogo bola. Corro o campo.
Sinto tudo: enjoo, arrepio. Tudo culpa da fobia. Os olhos arregalam as mãos transpiram, perco a calma.
E começo tudo de novo. Será se fico ou se grito?
A cabeça: uma mistura louca
Muito boba
Tudo culpa da fobia que me segue noite e dia.
Preciso não me agitar, nem pensar neste mal estar.
A fobia ė indigesta. Atormenta. Transforma a vida numa agonia.
Não é uma investida, é metida.
É tenebrosa. Apavora até valente.


Dia


Mesmo carrancudo o dia é lindo
O sol está escondido
Os pássaros sorrindo
Ė mais uma nova semana que espera
Uma segunda-feira que chega. Renasce



Sorriso no rosto, mochila no ombro.
É a vida que segue!
Chaleira no fogo,
e é tudo de novo.
Cachorro latindo, gato miando.
A chuva caindo, criança chorando.



No jardim flores desabrochando
Macaco olhando, o mundo girando.
Menino brincando, bola rolando.
O galo cantando, galinha ciscando.
Ė tudo tão lindo, tudo é vida.
Os humanos correndo, sem tempo.
Lá fora o trabalho espera
A vida tem pressa
Igual cavalo veloz, não para
Ainda há muita cobrança de quem lhe espera.
Da cobiça, estou fora



A vida é uma roda que gira!
Que não seja a gigante (brincadeira pra criança!)
A vida não é moça virgem, mas é séria.


15/01/2018
De Corpo e Alma



Hoje pela manhã, resolvi dar uma caminhada.  Entrei numa academia
Fiquei observando cada jovem que ali estava
(lá fora muita chuva!)
Na esteira, refletia e via: lindos corpos
Sarados, bem malhados, alguns definidos
Rostos bonitos, sorrisos aberto.
Perguntei-me: “Será que eles sabem orar?”
Pois corpo e alma caminham juntos...
E sem hesitar, logo pensei:
– O corpo precisa de pão, a alma de oração
Aí sentei num lugar sem ninguém me notar.
Nesse instante começava uma briga interna comigo
Será que eles estão certos em se exceder com tanta malhação?
Mesmo sabendo que tudo tem uma razão  estão cuidando do bem mais precioso: a saúde.
Ainda fiquei a me questionar será preciso tanto esforço pendurado nestes ferros e com tantos pesos
Ou precisamos mesmo de mais orações?
Para enfrentar  o suor no rosto com tanto  cansaço do trabalho.
O corpo precisa ser cuidado, é perecível,
Frágil um dia acaba, a alma é eterna
Ou será precisamos contrabalançar
Os nossos desejos desenfreados? (que são tantos!).
E quando caímos de boca nas tentações, nas comilanças,
pois ela é a porta de entrada e saída. Há essa boca nervosa
Não espera.
Precisamos traçar metas e certas
Mas tudo em exagero, não combina
E a vaidade onde fica? Ou não fica?!
Precisamos mesmo é saber a dosagem, discernir o que queremos para a nossa vida,
pois cada um tem a sua e é responsável pelos seus atos imprudentes.
Mas o fato é que possamos nos  enxergar no espelho que reflete a alma
Precisamos ser mais persistentes seja onde for ou com quem for
(nem que seja só).
Cuidar melhor da saúde e da atitude
Que é mais importante.
Cuidar da nossa alimentação sem passar do ponto
(temos estômago)
O mais importante é não esquecer de fazer orações
(nem que seja a noite )...
Pois corpo e alma caminham juntos.



05/01/2018

Na Correria



Na  correria  do  dia
Não fechei a janela
Esqueci a porta aberta
Não encontrei as chaves
Deixei o carro morrer no asfalto
Não cumprimentei a vizinha chata.
Não guardei a mangueira
Deixei a torneira a pingar. Cada gota uma grana.



Na correria, dei de cara com quem nem imaginava.
Não olhei aquela menina atravessando a rua.
Não falei com o cego que estava na esquina
E me pedia ajuda estendia as mãos.
Perdi o horário da missa.



Na correria, fiz  tudo o que não devia (ou não queria)
Pois não me ouvia!
Na correria, desci a ribanceira de pernas abertas na maior chacota.
Não me via,  tudo fazia, nem olhava o dia
Sempre corria e nada fazia.
Nem a minha alegria que sorria
só corria e não me entendia
mesmo sabendo que o apressado não vive pois não se enxerga e que precisa mesmo é ter cautela e precauções.Vide bula!
Aprendi que correria mesmo deixa para a vida



pois essa tem pressas, mas que não se estressa.



04/01/2018.



A madrugada é boemia,  tem lua cheia
Malícias de corpos sedentos
Uma mistura de carícias explosão fatal
Na rua namorados se beijam muita fantasia ilusão muita tensão pode ser tesão amor no coração.
Camas desfeitas lençóis no chão 
Uma grande transformação borboletas e flores enfeitando o chão neste espaço aceso abajur azuis espelhos aos quatro cantos do quarto.
Banheira de espumas pétalas de rosas água  de cheiro exalando pura emoção muita tentação pressão calor tudo tem sabor há muito amor.
Depois de alguns momentos muito relaxamento um êxtase profundo nos envolve a alma que se acalma
Ao amanhecer, corpos cansados acordados ao som de bandolins
Ou de pássaros que entoam com seus cantos ou como se fossem anjos
Entre sonhos fantasias e amor
Numa noite que vivemos como um casal de lobos. Um sonho realizado



Uma grande transformação borboletas e flores enfeitando o chão muita confusão de mãos.



O texto "Uma Grande Viagem" é ficcional. Foi escrito após a leitura de POE, Edgar Allan. O Homem da Multidão.

05/12/2017.


Numa tarde sombria e fria, me sentia um pouco vazia. Uma apatia me invadia. Estava cansada. Na maior agonia, assim me via. Após tomar um banho, saí para aliviar minhas dores. Fui passear em São José (SC).
Depois de alguns meses corroída, quase enlouquecida, precisava tomar um ar. Caminhava calmamente e observava cada ser que ao meu lado passava.
Resolvi entrar num bar, pensei em pedir algo para me esquentar (que não fosse aguardente!). Escolhi um licor. Estava consciente de que iria para algum lugar e conheceria todo aquele local.
Ali mesmo, pedi informação para o garçom. Queria saber um pouco mais daquela cidade. Foi quando me deparei com um jardim pequeno, mas bem cuidado.
Paguei a conta, agradeci pelo atendimento. Atravessei a rua e me sentei no banco do jardim em frente a uma igreja. Ali fiquei a observar (sem desdém).
Minha mente, naquele momento, fazia uma grande viagem. Não era sonho, nem ficção, era fato, era real que estava à frente dos meus olhos que por muitas vezes ficaram esbugalhados de tão assustados com o que via:
– Pessoas de todos os gostos e rostos.
Quantos seres ainda vivem na maior correria! Num sufoco do dia a dia.
Não fiz com mau propósito, mas não deixei ninguém escapar do meu olhar.
Sentia-me como uma caçadora de borboletas, procurando gente. Em cada pessoa via uma história. Vi gente de toda a espécie, de gostos e estilos diversos.
Altos, magros, gordos, rostos marcados pelo tempo e maltrato; jovens, idosos; gente bonita, elegante, bem vestidas, mal vestidas, maltrapilhos; apressados.
Era uma mistura de gente, e de tudo. Sentia uma fissura de olhar cada pessoa bem vestida ou maltrapilha.
Vi muita encenação e uma mistura de obsessão; pessoas divertidas, contidas, felizes ou tristes. Todas ali tinham um destino certo: iam para algum local definido.
Gente cansada, suada, pedintes, doentes, carentes, na correria do dia.
No meio da multidão, muita gente decente no meio de muita confusão.
Muitas eram assustadoras. Cada uma com a sua maneira de viver.
Todas me encheram os olhos que ficaram arregalados.
Ali fiquei por muitas horas. Algumas vezes cheguei a me compadecer com algumas delas. Tão marcadas pelo destino, muitos olhares perdidos, muitos desencontros e desencontrados. Sentia que faltava em algumas pessoas mais sorrisos, encantamentos, alegrias e cores. Nos rostos, olhares sem direção. Muita confusão, indecisão. Corações sangrando.
Vi uma senhora entrando na igreja, com um rosário nas mãos. Talvez fosse a salvação, no meio de tantos sofrimentos. Naquele momento me recolhi e vi que estava realmente de frente com a realidade nua e crua.
Em seguida, passou um jovem alto, magro de olhos claros, de jaqueta de couro de cor preta e que me chamou a atenção. No meio de tanta gente, me sentia mais uma à procura de algo.
Foi quando deu um estalo na minha cabeça e conversei comigo mesma.
– Sabe? Gostei desse jovem. Formatei um encontro um tanto louco. E imaginei que ele seria um par perfeito para a filha da minha vizinha que passava por sérios problemas depressivos. E ainda no meio da multidão, tomei uma decisão mental: fiz o casamento do jovem que acabava de encontrar e que só de olhá-lo parecia que estava vendo o seu mundo íntimo.
Meses depois, contou-me a mãe, a filha iria casar com alguém que se apaixonara à primeira vista. Os noivos levariam o convite na minha casa, naquela mesma noite. Quando anoiteceu, tocaram a campainha. Ao abrir a porta vi o jovem casal: ela que eu conhecia desde o nascimento e um jovem alto, magro de olhos claros, de jaqueta de couro de cor preta. O mesmo que me chamara a atenção, na multidão, meses antes.
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