quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Lendo Cinema XIV. Pecados Íntimos.

PECADOS ÍNTIMOS (Little Children) – direção: Todd Field – 2006

Cenário 1 -Tudo parece seguir o ritmo normal numa pacata cidade, até que um ex-presidiário (Jackie Earle Haley) acusado de exibicionismo e pedofilia, volta para casa. Isso causa um alvoroço entre as famílias locais. Ele acaba perseguido por um ex-policial.
Cenário 2- Brad (Patrick Wilson) precisa estudar para passar no exame da ordem dos advogados e fica em casa cuidando do filhinho, enquanto sua mulher, uma bem sucedida documentarista, trabalha para manter a casa. Ele gosta de passar horas vendo jovens skatistas praticando.
Cenário 3 – Sarah (Kate Winslet) é uma entediada dona de casa que cuida da filhinha, enquanto o marido trabalha. Ela costuma levar a menina no mesmo parque em que outras mães e Brad, apelidado por elas de o “rei do baile”, leva seu filho.

Curiosidades: A história é adaptada do livro “Litlle Children”, de Tom Perrota.

O filme foi indicado ao Oscar nas categorias de Melhor atriz, Melhor ator coadjuvante e Melhor roteiro adaptado. Também foi indicado ao Globo de Ouro como Melhor drama, Melhor atriz e Melhor roteiro. O ator Jackie Earle Haley que não atuava há 13 anos recebeu vários prêmios de melhor atuação em outros festivais.

Compulsões Sociais. Por Edna Domenica Merola

Sexo explícito num filme que pretende dar mensagem sobre a correta maneira de se viver o amor familiar, mostrando diversas formas erradas de fazê-lo.  A trama pretende avaliar as relações familiares na sociedade americana para mostrar o que não deveria acontecer entre marido e mulher e entre mãe e filho. Tem um personagem exibicionista/pedófilo, um fanático (psicopata?) que quer colocar ordem na comunidade, um bonitão mal sucedido profissionalmente, a mulher bonita e bem sucedida que é mal amada, a mulher comum que abandonou seus estudos e foi ser dona de casa, mas é uma mãe rejeitadora, supostamente porque o marido prefere transar com personagem de site pornô do que amá-la. O corpo é mostrado como algo sujeito ao esporte violento e ao instinto sexual.
 O indivíduo da classe média é apresentado como alguém que se importa mais com o que os outros pensam dele do que com seus sentimentos, emoções, projetos de vida. A trama apresentada por cenas desastrosas são avaliadas por um narrador. (Isso lembra quando duas pessoas fazem coisas insólitas e chega um terceiro e opina de maneira absurda.). A "reflexão" do narrador quebra os efeitos das cenas anteriores e emblemáticas de violência ou sexo. Isso dá ares de série ao filme que acaba em tragédia.
O filme é realista, já que mostra uma comunidade americana vivendo compulsões: repetir erros nas relações familiares cheias de obrigações e cobranças, impor normas de condutas rígidas sobre comportamento sexual, sobre o sucesso profissional, sobre o poder aquisitivo, sobre o domínio de quem traz o sustento para o lar sobre os demais membros da família.
Mostra o individualismo, o egocentrismo e o materialismo como pilar da família e da identidade do sujeito.
As cenas de sexo são todas fora do casamento (e os envolvidos não acabam bem).
O gozo tranquilo e sem culpa passa longe de Pecados Íntimos (não se engane, pois, com essa tradução dada ao título).

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