quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O Compositor me disse pra reunir nossas lembranças dele. Edna Domenica Merola.

Alunos das oficinas de Audição de Música Popular e Criação Poética 2014.2
 responderam a um questionário sobre seus interesses em torno da canção brasileira. Enviaram a seus professores Alberto Gonçalves e para mim. Nossa dupla docente utilizará seus dados no planejamento do curso dado no N.E.T.I. 
Mas não resisti à tentação de me exercitar na escrita de uma colagem. Fiz um recorte de fatos e sentimentos pessoais que permeiam as letras das músicas que constam do inventário de interesse dos alunos da nossa dupla de professores.

O compositor me disse que eu cantasse distraidamente/Essa canção/ Que eu cantasse como se o vento soprasse pela boca/ Vindo do pulmão/E que eu ficasse ao lado pra escutar o vento jogando as palavras/Pelo ar/
Não quero lhe falar/ Das coisas que aprendi/Nos discos/Quero lhe contar como eu vivi/E tudo o que aconteceu comigo/ Viver é melhor que sonhar/Mas também sei/Que qualquer canto/É menor do que a vida/De qualquer pessoa.
E a vida da infância dá saudade... Ah! A infância! La poésie chantait dans l'air/ J'avais une maison de poupée.
Eu daria tudo que eu tivesse/Pra voltar aos dias de criança/Eu não sei pra que que a gente cresce/Se não sai da gente essa lembrança/Eu igual a toda meninada/Quanta travessura que eu fazia/Eu era feliz e não sabia/Que saudade da... minha cidade.
Minha terra tem Palmeiras... Onde canta o sabiá...
Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho/
Sabiá que saudade.../Volte logo pra cá./ Sabiá que saudade.../Quero ouvir teu cantar.
Minha terra  tem Palmeiras... Minha terra tem Corinthias, minha terra  tem São Paulo...
Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquina...
Alguma coisa acontece no meu coração/Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João/Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto/Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto/É que Narciso acha feio o que não é espelho/E foste um difícil começo/Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso/Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas/Da força da grana que ergue e destrói coisas belas/Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas/Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços/Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva...
Deuses que se tornaram estéreis nesse inverno de 2014... Deuses a quem o povo clama e grita assim: – Água! Água!Planeta Água.
Água que nasce na fonte serena do mundo/Água que faz inocente riacho/Águas que banham aldeias/E matam a sede da população/Águas que movem moinhos/São as mesmas águas que encharcam o chão/E sempre voltam humildes/Pro fundo da terra/Terra! Planeta Água.
Em Sampa a falta d´água...
É a dose mais forte e lenta/De uma gente que ri/Quando deve chorar/E não vive, apenas aguenta./Mas é preciso ter força/É preciso ter raça/É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca/Mistura a dor e a alegria/
Quem traz na pele essa marca/Possui a estranha mania/De ter fé na vida/Mas é preciso ter manha/É preciso ter graça/É preciso ter sonho sempre/
Um sonho meu:a lua brilhava vaidosa/ De si orgulhosa e prosa com que deus lhe deu... /Senti o canto da noite/Na boca do vento/Fazer a dança das flores/No meu pensamento/Trazer a pureza de um samba/Um samba que mexe o corpo da gente/
E o vento vadio embalando a flor/Ao ver a morena sambando/ Foi se acabrunhando.../ Quem samba na beira do mar é sereia...
Quem traz na pele essa marca/Possui a estranha mania/De ter fé na vida
Com fé eu vou em frente...Com fé eu ando...
Ando devagar/Porque já tive pressa/E levo esse sorriso/Porque já chorei demais/Hoje me sinto mais forte/Mais feliz, quem sabe/Só levo a certeza/De que muito pouco sei/Ou nada sei/Penso que cumprir a vida/Seja simplesmente/Compreender a marcha/E ir tocando em frente/Cada um de nós compõe a sua história/Cada ser em si/Carrega o dom de ser capaz/E ser feliz/Eu vou tocando os dias/Pela longa estrada, eu vou/Estrada eu sou
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá/O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar/Vamos todos numa linda passarela/De uma aquarela que Descolorirá/
Depois da banda passar cantando coisas de amor/ Eu sou nuvem passageira/Que com o vento se vai/Eu sou como um cristal bonito/Que se quebra quando cai/A lua cheia convida para um longo beijo/Mas o relógio te cobra o dia de amanhã/Por isso agora o que eu quero é dançar na chuva/Sou um castelo de areia na beira do mar.
Coração Poeta!...Deus me deu um coração poeta/E a alma inquieta de um cantor/Pra que eu vigiasse a madrugada/Acordasse o sol e o Beija-Flor/Cantar me faz viver bem mais/Soltar a voz que nem um passarinho/Que ninguém prenderá jamais
Quando eu for embora para bem distante/E chegar a hora de dizer adeus,/Fica nos meus braços só mais um instante;/Dentro do meu coração.

O compositor me disse que eu cantasse ligada no vento/Sem ligar/Pras coisas que ele quis dizer/Que eu não pensasse em mim nem em você/Que eu cantasse distraidamente como bate o coração/E que eu parasse aqui/Assim.

Referências

DIAS, Gonçalves. Canção do Exílio.

ADENDO

Composição
Cantor/ Compositor
O compositor me disse
G. Gil. Elis Regina
Como nossos pais
Elis Regina
F Comme Femme

Salvatore Adamo
Tempos de Criança
Ataulfo alves
Sabiá lá na gaiola voou
Carmélia Alves
Sampa
Caetano Veloso
Guilherme Arantes
Maria Maria
Milton Nascimento.
Elis Regina

Sonho Meu
Maria Betânia
O Mar Serenou
Clara Nunes
Tocando em frente
Renato Teixeira.
Almir Sater
Aquarela
Toquinho
Chico Buarque
Nuvem Passageira
Hermes Aquino
Coração Poeta
Paulinho Tapajós, Chico
Inhana e Cascatinha

Um comentário:

  1. Inspirador para novas construções. Texto inteligente, seguindo a linha construtiva da grande mestra. Parabéns Edna

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