Numa
interessante oficina para educadores, uma das estratégias utilizadas
apresentava um texto e uma imagem diferentes para cada um dos grupos. A tarefa
era tecer as possíveis associações entre o texto verbal e o 'imagético'. E, em
seguida, cada grupo deveria formular uma questão.
Um
dos grupos recebeu uma imagem que alguns de seus membros identificaram como
rosas e os demais como tulipas. E um poema de autor desconhecido.
Questionaram
o que as flores teriam em comum com a amizade (tema do texto).
Em
casa, consultei imagens de tulipas que poderiam ser consideradas semelhantes a
rosas. As tulipas em botão, de fato se assemelham àquelas.
No
entanto, o cultivo de ambas no hemisfério sul é bem diverso. Rosas se adaptam
mais ao nosso clima e seu cultivo acaba sendo considerado algo simples. No
nosso território a tulipa é exótica e rara (valores positivos), mas mal
adaptada (valor negativo).
Ao
pensar na construção de metáforas comparando flores e a amizade, nos deparamos
com a questão tanto de seu cultivo como do prazer que nos proporcionam.
Flores
raras ou corriqueiras enfeitam, embelezam, perfumam... São bem-vindas, assim
como a amizade.
Mas
cada laço afetivo que une duas partes demanda algo que vai além da intenção, da
afinidade 'gratuita' e da aparência (que se nos apresenta como familiar,
honesta, bondosa, agradável, acolhedora, aconchegante...).
Cada
vínculo entre duas pessoas demanda a utilização de energia na construção e na
manutenção desse 'estar' que chamamos de amizade... E que nos leva a reconhecer
o outro como amigo.
A
princípio é possível ser uma pessoa 'amistosa', ainda que sem amigos.
Assim
como pessoas não 'amistosas' podem ter contatos com várias pessoas que as
chamam de amigas.
Há
sempre algum contato que demanda da outra parte o cuidado intenso como o que
pede uma tulipa, e, no entanto, só retribui proporcionando uma única florada.
Ser professora às vezes pede esse grau de percepção do processo de desabrochar
delicado que precisa de temperatura diversa daquela que o grupo de colegas é capaz de
oferecer em dado momento.
O
processo de aprendizagem não implica em cuidados voltados para alterar a
natureza dos seres. Implica antes em explicitar o potencial existente nessa
natureza de forma que caminhos de adaptações sejam buscados pelo aprendiz.
A
aprendizagem altera antigas percepções sobre o mundo e sobre si mesmo...
Eis
porque como aluna ou como professora, sempre estou envolvida com novas
aprendizagens.
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