Falar
da poesia de Irmã Andréa é tocar nos rastros que seguem em busca de Deus. Mas
não dos rastros de peregrinos aflitos ou sofridos. O andar poético dela é ameno e cabível, posto que humano. E é
assim que nos convida a pensar no que ela menciona. Seu estilo exclui o
proselitismo, mas abarca a simplicidade que cativa.
Ao
procurarmos a poetisa, encontramos a filósofa. Ao procurarmos a religiosa
encontramos a pessoa que expõe sua alegria e segurança em sua jornada
terrestre. Um bem-te-vi, flores, uma palmeira ancestral e o movimento humano foram cantados nos versos sob os títulos: O Sorriso das Flores; A Margarida Flor; Palmeira Fiel; O Bem-te-vi e sua Obra; O Tai chi da Natureza.
Mas meu poema favorito é o que irmã Andréa deu o título de O Meu Espelho. Desde o título remonta aos grandes temas dos grandes autores. No Fausto de Goëthe o espelho que lemos nos mostra 'duas almas' em conflito que habitam um só corpo. Já no espelho de Irmã Andréa lemos integração.
Mostro primeiro a minha leitura sobre o poema cujo texto se encontra no final desta 'postagem'.
Mostro primeiro a minha leitura sobre o poema cujo texto se encontra no final desta 'postagem'.
O poema O Meu Espelho tem
oito estrofes. A primeira estrofe anuncia o tema: ver com o coração.
As
demais estrofes descrevem sete desdobramentos do ser que quer se abrir àquela
experiência.
O
primeiro desdobramento é o do ser que se compadece. O segundo é o do ser que
habita um corpo.
O
terceiro é o do ser que se reconhece como criatura de Deus.
O
quarto é o do ser que pratica a autenticidade.
O
quinto é o do ser que doa amor materno.
O
sexto é o do ser que pratica a reflexão para se avaliar. O sétimo é o do ser que pratica o
autoconhecimento.
Há
uma crendice de que espelhos não devem ser compartilhados...
Como não
compartilho dessa crendice, usei o espelho de Irmã Andréa para compartilhar fraternalmente
essa metáfora do olhar cristão que li nos versos dela que transcrevo a seguir:
POEMA O MEU ESPELHO.
Irmã Andréa (Divina Providência)
Olhei no meu espelho
E chamou-me a
atenção:
‒ Que não devo ver só com os olhos
Mas também com o
coração.
Senhor, que meus
olhos só
Transmitam bondade e
compaixão
E trazem para mim
A Paz do coração
Os traços do meu
rosto
São como você quer
Você me fez assim,
Você me quis mulher.
De novo olhei meu
rosto,
Olhei com muito amor
E descobri que o
Artista
És tu, meu Bom
Senhor!
O espelho é
verdadeiro
Olhando nele me diz
Se estou chateada e
triste
Ou alegre e feliz!
Há muito tempo me
falaram
Até marquei no meu
caderno
Que cada rosto de
mulher
Era rosto de Deus
materno.
Meu espelho, por
favor,
Tu me avisas: sim ou
não...
Quando ando no
caminho
Nesta vida contra
mão.
Eu não vendo meu
espelho
Nem por nada deste
mundo
Por que ele me ajuda
A encontrar-me mais a
fundo!
Lindo poema! Reflete uma alma serena e de bem com a vida.
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