Nesta
manhã de sábado, sol lá fora e a promessa de vento sul para aliviar o calor
fora do suportável dos últimos meses. Encontro-me reclusa por conta de um
resfriado, o qual, pelo que indica, resultou do frio “incontrolável" na
nossa sala de aula, na quinta-feira... Rsrsrs...
Gostaria
muito de ter me manifestado prontamente, na mesma tarde de quinta, mas meu
velho "Note book" resolveu mostrar seu cansaço e negou-me a chance de
escrever. Fiquei na dependência do computador de minha filha que por uma ameaça
de vírus precisou ser protegido. Isso também adiou a possibilidade de digitar algum
texto. Mas....enfim... Eis-me aqui.
Começo
dizendo que me sinto privilegiada em estar podendo participar das Oficinas Literárias
do N.E.T.I. Guardo a sonoridade da voz da professora como uma rica apropriação
em minha memória. Gratificação que se amplia na maneira de falar que me remete
à lembrança de pessoas conhecidas que ficaram na minha estrada... Deixadas, mas
não esquecidas. Armazenadas apenas. A doçura do sorriso vai somando e a forma
de expor as ideias faz entender o porquê do voluntariado. Sem dúvida, uma alma
preciosa aflora nas atitudes. Que grande privilégio este convívio!
Continuando,
confesso ter sido surpreendida positivamente. Aquelas figuras irregulares,
usadas pelo tempo, marcadas pelas experiências, tão particulares, mas ao mesmo
tempo, tão similares no conjunto, despejam conhecimento, ao se expressarem, num
conteúdo, que emerge das preciosas vertentes guardadas nos mais íntimos e
secretos cofres das emoções.
Pessoalmente,
encontro-me ainda na busca por reconhecer o meu "status quo" de
pertencimento. Existem coisas novas para mim. Por exemplo, nunca participei de um
seminário, embora tenha feito dois semestres na Faculdade de Letras. Tenho uma
história intensa de experiências, mas não sou formada academicamente.
Arrisco-me a dizer, no entanto, que desde que aprendi a escrever, sou
escritora. Estou correndo atrás do sonho a vida inteira. Falarei sobre isso
mais adiante. Preciso entregar o PC pra minha filha. Paro por aqui.
Ali na cozinha, aquela última folha do calendário vai mudando de movimentos a
cada golpe do vento que entra pela janela. Vai descobrindo o melhor compasso, a
melhor girada pra sair de cena. Do outro lado da terra já foi dada a largada
para a última rotação deste ano de 2014. O “cheiro de saudade” das visitas do
Natal ainda está por aqui. Lamentos e comemorações se confundem nas notícias. A
proposta do retrospecto está “no ar”. E, eu vou chegando pra avaliar o meu.
Ajeito o “retrovisor” e contabilizo: ganhos e perdas? NEM TUDO ESTÁ
PERDIDO!
Sexta-feira,
11 de abril de 2014.
Todo Momento Tem Sua Diferença. Eslavia Hugentobler. |
Segunda-feira,
23 de junho de 2014
Transcendência
Vim
chegando apressada à plataforma.
Infelizmente, o ônibus que tentara alcançar ia se afastando. Ao verificar o horário afixado inteirei-me de
que o próximo carro sairia dentro de quinze minutos. Era outra linha: semi-
direto. O que me deixava dúvida se faria parada no ponto em que eu deveria
saltar para atender ao encontro combinado com minha filha. Nem motorista, nem
cobrador para consultar. Com certeza estavam na lanchonete. Ou no banheiro.
Quem sabe? Direito deles. Hesitante, subi os degraus do coletivo estacionado e
procurando, dentre os ocupantes já assentados, alguém que pudesse dar-me a
informação. Corri os olhos com a ansiedade que normalmente acompanha a
insegurança. Percebi, então, o que vem sendo bastante comum ultimamente:
orelhas ocupadas! Plugues de menor ou maior tamanho passando o recado de que
estavam ausentes: transportados para outra conexão, cada um segundo a sua
“tribo” ou rede, indisponíveis para qualquer intervenção externa. Animei-me ao
ver no banco, bem à frente, uma jovem também ocupada, mas de ouvidos livres.
Tinha nas mãos um copo de café com leite fumegante. Sim, ela respondeu à minha
pergunta. Eu poderia descer próximo ao Shopping . Confirmei, então, o que já
observara em outras ocasiões: os “semi- diretos” também param nos pontos!
Como
havia lugar, sentei-me ao lado da moça. Ela trocava o copo de uma mão pra outra
como se buscasse um aconchego. Embora a tarde de junho não correspondesse, pois
já não faz mais o frio, nem o calor no tempo certo, o vapor cheiroso brincava
de fazer lembrar. Nas espirais inquietas pelo sopro que entrava pela janelinha,
passearam memoráveis tardes dos invernos gaúchos em cozinhas aquecidas e
ruidosas pelo alvoroço das saudáveis crianças que corriam lá fora, falando alto
e depois entravam ofegantes em busca das surpresas em cima do fogão à lenha.
A
moça parecia se aquecer também... Tomando a oportunidade, imagens vão se
alternando num conflito, por vezes com sabor do infortúnio. Desfilam na memória
elementos colocados com a insinuante e desafiadora provocação:
– Tenho ou não, capacidade para reconhecer o
meu lugar dentro do tempo e do espaço em que me encontro?
Retomo
contextos passados e avanço lembrando as conquistas dos homens e os seus
inventos. A pequena lousa em que escrevi as primeiras letras, quase apagada.
Surge o rádio de pilha, ficando cada vez menor com o passar dos anos; no seu
encalço a televisão, por muitos anos em preto e branco.
Entusiasmo
e decepções, orgulho e vergonha, tudo passando na tela, cada vez mais
globalizada... O telefone toca, ou melhor, é apenas o sinal de mensagem: minha
filha já está esperando. Avisa que está adiantando os procedimentos para a
aquisição do meu novo celular, inseparável e condicionante peça de inserção
para qualquer vivente destes dias. Será bem moderno; com sistema de toque,
sério desafio para dedos acostumados a pesadas lidas; virá com rádio, câmera de
bom alcance e vários recursos: internet, dois “chips” mais outros aplicativos e
algumas configurações com as quais necessito maiores contatos, de preferência
com bastante tempo e a paciência de quem estiver disposto a dar-me as
instruções.
Lotação
completa. As portas são fechadas. Motorista e cobrador fazem algum comentário
que lhes põe no rosto a alegria das pequenas coisas.Vão cumprir mais um dos
horários de sua escala rotineira. Eu vou com eles. Já não dirijo e eles têm me
levado em várias direções nesta cidade em que me sinto bem.
Aguardei
como tantos cumprir-se o prazo para que pudesse, enfim, usufruir do privilégio
do transporte gratuito. Ando “de graça”
há três anos.
No
início solicitavam meu documento para comprovar a idade. Hoje já é
diferente. Tem vezes, em que fico
olhando para o cobrador com o braço estendido tentando mostrar a minha
“carteirinha de IDOSO”, mas ele faz pouco caso, ergue a mão num leve aceno
sinalizando dispensar a tal apresentação pela visível confirmação de que minha
aparência indica. Realmente, vamos assistindo, das respostas concordantes, de
variadas fontes a inevitável caminhada, rumo à despropositada, mas
intransferível sentença, trânsito natural, das estradas mais longas com todas
as suas implicações. Embora a minha cabeça não reflita em cores prateadas a
minha inteira idade, o rosto revela nas bem vincadas rugas, que sol e vento me
bateram livres na cara por longos anos. Tardiamente, muitos cremes, nacionais e
importados fizeram as tentativas de reparar o que já não se recupera.
Contabilizados mostrariam, certamente, escandalosa soma repassada para a
indústria cosmética. Contribuição tola a uma proposta perversa, de resultado
inútil! Já insensível a qualquer
vantajosa significância de resultados, volto aos cremes bem mais favoráveis.
Vou usando aqueles que melhor se adaptam
atualmente: os de fórmulas bem simples, produzidos para bebês; fazem bem à pele sofrida e ao bolso, puído e
de restritos saldos. Em desistir não se
pensa. A disposição é diária e contínua,
nada de recuos. Tentar é preciso! Uso o
lápis, na obstinada tentativa de corrigir a falta de pelos em uma das
sobrancelhas por conta de uma cicatriz, que não sei onde arranjei, mas
raramente dá bom resultado. O delineador, com traço sempre desastroso; o blush
que para a aplicação já exige um truque especial sendo necessário aquele
exercício de habilidade: aquela puxadinha para esticar a pele, aí com o pincel
grande, algumas batidinhas e pronto, largar a mão e... Aí estão elas de volta,
com jeito teimoso: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”. Rugas fiéis! – Ah,
o batom? Discreto, cor de boca mesmo. Alguma vez o pó compacto, e... –“ESPELHO,
ESPELHO MEU”... Meu espelho não mente e muda pouco de opinião. Resignada,
assumo a avaliação e vou viver o que me espera.
O
celular, mais moderno já está comigo. Foi necessário voltar lá na loja no dia
seguinte para retirá-lo, pois os “procedimentos” não puderam ser finalizados, o
“sistema” saiu do ar! Ainda falta
instalar o chip, e fazer o transporte de todos os meus contatos do antigo
aparelho. Certamente isto será um bom ensaio de relacionamento com o novo
instrumento da tecnologia, que a cada semana supera a sua modernidade.
O
céu continua cinzento, assim como tem sido durante toda a semana. Não fosse a
falta do frio poderíamos admitir algumas benesses do inverno. Sinceramente,
esta turvada luminosidade aliada à umidade morna e desconfortável tem trazido
pra dentro de casa, os resmungos insatisfeitos do pessoal, o que anda até me
contagiando. Reconheço que é bem mais difícil permitir cores quando não há sol.
Há que se ter muito maior sensibilidade; questão sensorial! Pessoalmente
vejo-me favorecida nestas tardes sombrias, pois a falta da claridade acentuada
atenua a dificuldade visual que a catarata nos meus dois olhos vem me impondo.
Atravesso a rua com a limitada rapidez dos meus “calcanhos” doloridos e tomo a
direção da loja em que uma amiga minha é gerente há vários anos. Não a vejo há
bastante tempo. Tentei vê-la algumas vezes, mas não dei sorte. Estava de
férias, ou ausente por outra razão. –
Por que será que não nos telefonamos? Afinal os celulares existem pra gente não
perder a viagem... Bem, mas hoje parece que tudo está se acertando. Vou me
aproximando e pra minha satisfação ela está ali, tão simpática! Ao perceber-me,
despede-se da cliente, enquanto eu vou preparando o abraço. Ela, porém, antes
de abraçar-me, dá uma paradinha, olha e sorrindo exclama com um pouco de picardia.
–
O que é que tu andas fazendo? Como tu estás bem!
Apenas
sorrio e abro os braços. Veio o abraço. Forte e prolongado. Cheio! Contendo a
emoção de um encontro verdadeiro. As mãos estavam quentes, talvez mais quentes
que as da moça do ônibus. Saí dali acreditando que houvesse sol, sem notar as
gotas de uma chuva fina me acordando. Minha amiga deve ter quase a metade dos
meus anos. Será por isto que conseguiu enxergar através do opaco cristalino do
azul dos meus olhos? Haverá então algo de belo em mim, de mais difícil
percepção? Ou será unicamente a natureza do olhar direto, olhar que atravessa
as barreiras dos padrões estéticos e que encontra outra dimensão por onde se
estender? Diferenciado do foco oblíquo das miradas analíticas e julgadoras, o olhar
de minha amiga deve ter atingido a essência, que pode ser vista apenas quando
há a isenção do preconceito, do estereótipo rotulado e pequeno. Grandioso
demais para ser detido na superficialidade!
Conforto
e paz vão se espalhando em mim... Há tempo para outro encontro, há um espaço
também, onde presenças farão par comigo. Chego mais perto para alcançar a
cadeira vaga; o círculo se amplia; de mãos dadas sustentando experiência de
sensações e sabedoria, patrimônio próprio, mas partilhável ofereço o meu presente
aos demais transeuntes da TERCEIRA E SERENA IDADE sob o abrigo das melhores
intenções, iniciativas e atividades do N.E.T.I. (Núcleo de estudos da terceira
idade da Universidade Federal de Santa Catarina).
Tá
entrando o vento sul, carregando saudade. O INVERNO! Minuano dobrando esquinas... Vem trazendo
para as OFICINAS literárias criações de fecundas e bem dotadas mentes. Com
licença. Vou pegar um copo de café com leite bem quente.
Login...back
up... delete...upgrade... aplicativo...connect...configurações...
aplicativos...messages...email...face book...evernote... smartphone. android..
widgets contatos...
Não
me telefonem ainda! Esperem um pouquinho mais, talvez eu aprenda a lidar com o
aparelho mais moderno...
Quinta-feira,
1 de janeiro de 2015.
Crédito da foto: Alexandre |
Ainda
posso comemorar! Entre os lucros e as perdas ficaram as experiências.
Aos que
me cercam e aos que me acompanham de longe, aos que me querem bem e àqueles que
simplesmente me suportam, venho chegando com uma conversa respeitosamente
necessária. Óbvia no contexto circunstancial de tempo. Preciso abandonar nas
páginas escritas o bom e o mau, a frustração e a conquista inevitavelmente juntas naquela
gaveta já abarrotada das coisas vividas - lembranças, lembranças
rotuladas. Encerradas naminha história.
Perdão,
atitude grandiosa tanto no receber quanto no conceder.
Perdão
é o que quero pedir. Perdão pela falta de notícias, pela resposta não dada;
perdão pela frase inadequada, pela opinião apaixonada. Perdão pela mão
recolhida, pelo sorriso contido.
Perdão
por aquele aniversário esquecido, perdão pelo abraço que não dei. Perdão pelo
estímulo que eu calei.
Em Jesus
Cristo, nos foi revelado o caráter e propósito de DEUS; em Seu exemplo, e nas
SUAS virtudes somos enriquecidos e preparados para receber o SEU perdão e
conhecer o SEU amor.
E na SUA
comunhão somos capacitados para PERDOAR e AMAR o nosso próximo, assim como Ele
nos amou.
QUE DEUS NOS ABENÇOE E NOS
CONCEDA UM BOM 2015!
Sexta-feira, 23 de maio de 2014.
Eu me conheço? Eslavia
Hugentobler ( Lalah )
O jardim
é rico. Tem a riqueza das coisas criadas por DEUS e que são destinadas a fazer
o bem aos que conseguem desfrutar verdadeiramente do que há
disponível. Existem plantas variadas, algumas produzem flores, outras não;
essas outras dão sombra, ou apenas somam cores na paisagem preenchendo o
ambiente onde existem. Crescem também roseiras, sou talvez uma delas,
preferencialmente carregada de rosas amarelas, que podem passar por vários tons
e, por vezes parecerem bem desbotadas. Em algum período as flores caem, mas
sobram as folhas, que vão emprestando temporariamente, aspecto saudável à
planta encobrindo seus espinhos e revelando no verde intenso uma base sólida em
raiz bem nutrida e profunda. As folhas também mudam; pegam ferrugem e até secam
e também caem, mas mesmo em tronco desnudo a roseira continua sendo roseira, e
logo florescerá novamente.
Segunda-feira, 26 de maio de 2014.
A Viagem. Eslavia Hugentobler.
Era uma manhã fresca, como poucas vezes acontece nos dias de verão; pela
janela a senhora de cabelos brancos conhecida de muitos, tentava sem sucesso,
alcançar ao filho já acomodado dentro do ônibus, um pulôver. Poderia fazer frio
à noite. Não, o rapaz não se inclinou ao cuidado da mãe. Era de seu feitio, o
desacato, a irreverência, o atrevimento. O motor já estava trabalhando e logo o
motorista pôs o coletivo em movimento. Muitos acenos. Vários colegas, das
turmas inferiores tinham vindo para a despedida. Lá iam aqueles recém-formados
para a sua viagem de fim de curso. A mãe baixou o braço e em passos lentos foi
levando pra casa o agasalho do filho desobediente. A viagem
dos “meninos” seria para o Rio de Janeiro. Haviam reunido os recursos para as
passagens com promoções da turma durante os quatro anos de ginásio. O
secretário da escola os estava acompanhando.
As semanas transcorreram. Os filhos voltaram; menos um, ele não sentiu
frio. A senhora de cabelos mais brancos continuou a esperar.
Pelas frestas sopravam ventos fortes. Pesadas mãos oprimiam agora os
inconformados estudantes, que ensaiavam seus berros pelas esquinas e praças
desde o Recife até a maravilhosa cidade que fora a capital do Brasil.
Os sons de muitas vozes foram se juntando marcando encontros com os
indignados, os atrevidos, os insubordinados. Mulheres, dos palcos
espalharam ideias. Bonitinhas, ordinárias, mas sem pecado destamparam telhados. Usaram
Vestido de NOIVA; entraram na Roda VIVA; perderam as vestes, e agarradas à
dignidade buscaram acertar o passo, apoiando-se entre o bêbado e o
equilibrista; desataram as trouxas e viram espalhados, pisoteados muitos dos
seus sonhos.
O contador das histórias, olhos fixos na máquina de escrever já não ouve
muito bem, mas sente o vento cada vez mais forte penetrando pela fresta da
janela. Ponto final.
Gritos! Gritos na praça. Ele os pode ouvir. Chegam da
esquerda e da direita.
Vai até lá. Olha para o alto e vê o Zeppelin lembrando o céu do Recife.
Os gritos continuam cada vez mais altos:
– É preciso acordar!
Na esquina de Ipanema, o professor de inglês ergue com a mão trêmula o
copo para Vinícius. De pé, junto ao balcão, um e outro jovem conversam sobre a
viagem do homem à Lua! Estão falando de outra viagem também: uma viagem de
volta. Os ventos estão muito fortes! O mais jovem está com frio.
No Ginásio
No Ginásio
Corriam os últimos anos da década de cinquenta, século vinte. As
tardes na pequena cidade levavam aqueles meninos e meninas para as aulas do
recém-criado GINÁSIO ESTADUAL.
Como todos os de sua idade, eles mostravam os sinais que o despertar dos
hormônios da puberdade não conseguem esconder. O curso acontecia no prédio, que
até bem pouco tempo abrigara o GRUPO ESCOLAR.
Junto à calçada, da rua já pavimentada, ficava a entrada principal;
alguns degraus e pisava-se no “hall”, de onde se entrava num corredor largo de
assoalho tabuado. À primeira porta, no lado direito funcionava a SECRETARIA, e
na continuação, de ambos os lados, as salas mostravam o quadro negro, o
apagador, a caixa de giz, a mesa e cadeira, onde sentava o professor (a) para
fazer a chamada. Preenchendo o espaço as carteiras em madeira escura e cadeiras
no mesmo tom e encosto largo acolhiam aqueles privilegiados alunos. A sineta
pesada de metal dourado acordava quem estivesse distraído; com os
pensamentos distantes ou bem próximos, acompanhando o olhar que
buscava aquele (a) colega que fazia acelerar o coração e corava o rosto,
naqueles rápidos encontros nos intervalos ou no começo das aulas, quando todos
perfilados se encaminhavam ordeiramente para as salas correspondentes.
Tudo tão excitante!
As matérias estudadas traziam novidades; entre elas, talvez as mais
atrativas fossem os idiomas: inglês, latim e francês. O professor de inglês, de
origem germânica, carregava no sotaque ao ensinar o inglês britânico, sotaque
este que eu absorvi tão plenamente a ponto de carregá-lo até hoje ao falar esse
idioma. O professor de latim, um ex-seminarista, baixo e magro, dedos
amarelados pelo uso do cigarro trazia para a sala o cenário da antiga ROMA nos
textos do LUDUS PRIMOS< SECUNDOS< TERTIOS. As aulas de francês eram
dadas por uma professora; morena e alta; era nascida no EGITO. Mostrava firmeza
no falar, no andar e ao dar as notas (e também nas “punitions”). Ela morava na
zona rural e vinha caminhando alguns bons quilômetros. As outras
professoras – de ciências, de história, geografia – e também o professor de
português, chegavam de carro motor. Era um trenzinho de um só vagão, quase como
um bonde. Ele andava rápido, com preço da passagem mais cara. A
estação ferroviária ficava bem próxima ao colégio. Todos estes professores
vinham da capital do ESTADO. A professora de canto orfeônico morava perto: a
duas quadras. E o diretor? Este morava na cidade, era solteiro e acabou
casando com uma moça local. Era um descendente de italianos; de andar ligeiro,
passos curtos e seguros. Seu olhar fulminante dispensava palavras para manter a
boa disciplina entre os alunos. Apesar da rígida conduta exigida pela direção
houve quem a desafiasse; em dado momento toda esta estrutura controladora foi
posta em cheque. O fato ocorreu ao se aproximar o dia da prova final, num atrevimento
por parte de alguns alunos da quarta série, último ano do curso. Os professores
preparavam as provas antecipadamente e nessas também estavam incluídas as
provas orais. Ao ser chamado para fazer a prova, o aluno precisava escolher um
papelzinho, entre vários, em que constava o tema sobre o qual ele deveria saber
dissertar. Então, não se sabe como, alguns menos estudiosos, destes
“formandos”, burlaram a vigilância e furtaram os “pontos” da SECRETARIA.
A intenção seria levar o ponto (que contivesse matéria mais fácil e bem
compreendida) e apresentá-la disfarçadamente como sendo a que fora retirada no
sorteio evitando assim, a surpresa de algum assunto que exigisse maior preparo
e estudo. Só que o plano foi descoberto por delação não
premiada! Uma grande confusão se instalou naquele final de novembro. O
zum-zum-zum das incertezas e mexericos encheu todos os ambientes. Ameaça
de expulsão e outras punições; atmosfera de tensão e medo; o suspense assustava
os alunos mais jovens...
Afinal, nunca se soube ao certo quem foi o dono da ideia e
quais os verdadeiros protagonistas. Todos se formaram numa linda solenidade
como sempre acontecia.
“Qualquer semelhança é mera coincidência”.
Segundo Semestre
de 2014.
Pelas frestas.
Eslavia Hugentobler (Lalah)
Ainda
não acontecera a primeira guerra mundial. Dois anos antes, quase no final de
agosto, mais precisamente no vigésimo terceiro dia, chegava o quarto filho de
um total de catorze, que a parceria daquele casal de pernambucanos iria preparar. No pequeno quarto mal iluminado, a mulher
cansada entregava ao mundo, mais um menino, que, pelas frestas dedica o seu
primeiro berro à noite estrelada do Recife. Do jeito de quem chega com coragem
botou força, fazendo ecoar pelas esquinas próximas os sons decididos de um
refrão. ”não vou crescer, vou ficar pra sempre um menino”.
Incomodado
com as muitas faltas, o aturdido pai vai levando o plano; e naquela manhã
desequilibrado, entre o entusiasmo e o desatino acerta o passo e anuncia a
retirada. Nova terra, outra gente, alguma oportunidade. Rumo ao sul! Rio de
Janeiro!
A
cidade era grande. No bairro afastado, de ruas estreitas, longe do mar
depositaram suas trouxas e a esperança que coube nos sonhos do pai. O menino
trouxera também algumas imagens, bem guardadas na cabecinha teimosa. Cenas
captadas pelas frestas. Movimentos de vizinhas que ele observara trepado no
banco junto da janela. Um dia ele iria contar. Mas havia ainda muito pra olhar
e pra saber. Ler e escrever já sabia. Um pouco mais e deu-se o começo de muitas
histórias. Primeiro no Jornal. Reportagens. Casos e ocorrências que se somaram,
fazendo um montão. Chegou a outra guerra, a segunda mundial.
O menino gostou da Mariana e foi morar com
ela. Foram se ajeitando e do seu jeito fizeram um lar. Ele escrevia contando
coisas que nem todos gostavam de ler. Foi colocando os ”pontinhos nos is” e
acertando com eles, feito lanças, as mazelas encobertas das gentes muito
podres. Ele as conhecera pelas frestas, sem ter ouvido dizer. Continuava a berrar!
Deu
de encontro com o erro, a censura, morte e dor. Mudou a maneira de falar nos
palcos. Espalhou que “a unanimidade é burra”. Perdeu bem mais do que ganhou.
Deixou bem mais do que levou. Jogou querendo ganhar, como todos os que arriscam
e, brincando com o menino, a sorte o premiou com o prêmio dos “doze pontos”
recebível um dia após a sua morte.
Não
acreditou no casamento, mas pediu pra Mariana colocar o nome junto ao seu,
ainda em vida e na lápide fez saber “juntos para sempre até depois da morte”.
Foi
um passageiro da história que todos conhecemos. (Nélson Rodrigues).
Domingo,
23 de março de 2014.
Processando
Vivências. Eslavia Hugentobler
Penso
estar chegando a tempo de acrescentar algo a respeito da palestra da colega Maria
de Jesus Barreto sobre o tema Equinócio do Outono, realizada no dia de nosso
primeiro encontro, 20 de março de 2014.
Aproveitando
a data da troca de estação, a colega oportunamente trouxe para exposição e
consequente reflexão o tema, OUTONO com toda a sua abrangência física e
psicológica.
Propondo
a observação da NATUREZA foi apresentada, como ponto de partida, a imagem
fotográfica de uma árvore outonal. Folhas alaranjadas e caducas, combinação
própria da época. Recolhidas as impressões pessoais a respeito da figura com
direito a considerações absorvi positivamente o comentário significativo em
relação ao que acontece com as raízes neste período. Quando as folhas caem, as
raízes se fortalecem guardando seiva para as futuras brotações da primavera. Esse
fenômeno pôde ser transportado adequadamente para cada um de nós. Amadurecemos,
perdemos o vigor na aparência, mas guardamos em reserva capacidade de produção
mais eficaz. Ao trazermos efetivamente a projeção do olhar sobre o nosso
comportamento psicológico, estaremos inevitavelmente olhando para os mais
internos registros de nossas experiências. Somos, precisamente no outono, a
companhia de nós mesmos.
Na
continuidade, mãos postas sustendo sementes variadas mostram uma seara
abundante. Esta segunda imagem nos oferece um resultado, um produto. Trabalho,
tempo, paciência concorrem para tanto. É a oportunidade de apreendermos que,
semeadura, cuidado e colheita precisam acontecer em espaços, geológico e
temporal favoráveis. Mais uma vez, se formos caminhando para uma analogia
comportamental humana, encontraremos aí, razões para acreditar e realizar.
Em
seguida, através da terceira imagem, somos transportados para a Grécia antiga.
Passeamos um pouco pelo mundo mitológico através do qual, os antigos povos
pagãos buscaram entender as manifestações da Natureza, seus movimentos de luz e
sombra, esplendor e inércia, fartura e escassez diretamente ligadas ao SOL, sua
presença e sua ausência. Na representação em forma de escultura temos três
personagens agrupados. A deusa Coré, Hades, o deus do mundo subterrâneo e
Cérbero o cão das três cabeças, guardião do mundo das trevas: o mundo
subterrâneo. Em seu aspecto mesclam-se espanto e desespero da deusa Coré; deusa
da Natureza, filha de Zeus, que ao vaguear pelos prados encontra uma linda flor
– o Narciso – e ao colhê-lo, vê aparecer ameaçadora e surpreendentemente a
figura de Hades, o deus do mundo subterrâneo e se vê raptada por ele. Deste, o
semblante traduz a determinação e firmeza nas suas nefastas intenções. Cérbero,
por sua aparência, a hostilidade e terror configurados, completa o grupo.
Enquanto refém de Hades, Coré, desconhecendo as consequências, aceita comer uma
romã, o que a deixa definitivamente nas mãos de seu raptor. Do outro lado, a
mãe de Coré mantém-se inconsolável pela separação da filha. Tal situação faz
surgir um pacto entre os deuses envolvidos, ficando acertado que Coré ficaria
seis meses com a mãe,ou seja, proporcionando luz e outros seis meses ficaria
recolhida no reino das trevas com Hades. Daí o espaço entre solstício e
equinócio.
Ainda
na continuação desta metamorfose psicológica, na quarta imagem de escultura,
temos a apreciar uma deusa solitária, perplexa, desarmada. Processando as
vivências.
Já
na quinta imagem a escultura de uma deusa em que se percebe uma transposição.
Serenidade ,entendimento, m a t u r i d a d e – estão presentes.
Completando
o quadro das ilustrações, a colega nos trouxe duas fotos.
Uma:
a estampa real de um estágio negro da alma humana revelada na destruição
física. Os flagelos de angustiantes emoções rompem as fronteiras do controle no
subconsciente tornando-os visíveis na própria pele.
E
finalmente, a última foto, surpreendente para mim, ao conhecer o contexto no
qual aquela expressão serena, sorridente, tranquila e confiante foi captada. Um
exemplo de sublimação, capaz de superar qualquer evento infeliz. Sem dúvida o
estágio ideal. Estágio este, disponível aos que encontram na relação vertical
com o CRIADOR a razão de sua existência, e nesta, o AMOR, que se estende
horizontalmente na inter-relação pacífica e misericordiosa da convivência
humana. Onde estiver, sob qualquer condição, manterá a paz.
Quanto
à definição da estação, em que nos encontramos proposta pela palestrante sou
levada a concluir que estou no OUTONO.
Porque
fisicamente é a estação que mais aprecio.
Porque
sei que depois da queda das folhas nova brotação surgirá.
Porque
sei, agora ainda mais, que as raízes se fortalecem nas fraquezas externas.
Porque
gosto dos lilases tépidos dessas tardes.
Porque
entro em mim mesma, recordo e faço planos...
Porque
me permito buscar um pouco mais de sol, quando necessito, nas ocupações de
grupo.
Porque
sei que posso voltar e me encontrar de novo. À espera de folhas novas e flores
também que virão: algumas com espinhos outras de pouca duração. Tudo continua,
talvez um pouco mais devagar, mas segue...
A constatação é
óbvia: não permanecemos onde estamos, pois estamos sempre numa dinâmica de
transformação e deslocamentos. Quando adormecermos para a sepultura,
permaneceremos não pelo que possuímos, mas sim pela imagem construída por
ideias e atitudes.
Quarta-feira, 10 de setembro de 2014.
Ando
devagar porque já tive pressa
Já caí da
escada, já chorei de dor.
Desajeitada
agora, não tenho paciência,
Não
entendo a hora de tanta imprudência.
Paciência!
Bem
melhor é acreditar
Sem
temer, não desconfiar.
Bem
melhor é poder andar
Sorrir e
também amar
É preciso
olhar.
A
promessa existe e confiança tem
Vou
tocando em frente, sigo meu caminho.
Levando
comigo o abraço de alguém
Mas mesmo
sozinho
É preciso
andar!
Bem
melhor é acreditar
Confiando
e andando sem temer
É tão bom
poder andar
Sorrir e
também amar
Cuidando
pra não se perder
Ando
devagar porque meu passo é lento
Mas mesmo
c’a demora, vou chegar também.
E
celebrar cansada aquele bom momento,
Que toda
a viagem tem
A hora da
chegada!
É bem
melhor acreditar
Melhor
que pedir, é poder dar
O que é
de graça não tem preço
Tudo o
que tenho nem mereço.
É preciso
amar!
Vou
deitar na sombra verde
E olhando
no céu a nuvem ligeira
Esqueço
meu passo que se perde
Nas
pisadas da poeira
Daquela
estrada.
Making
Of: Citação da música Tocando em Frente Renato Teixeira e
Almir Sater e de um fato ocorrido com a autora
Quarta-feira, 10 de setembro de 2014.
Pelos
brancos traços da persiana
Tímidas
luzes vão surgindo
Riscam a
esteira junto à cama
Sinal do
dia que vem vindo.
Entendida
a matinal proposta
Aos
poucos o sono eu desenrolo
Ainda com
sonhos sem resposta.
No
travesseiro, o tépido consolo.
Pela
janela, agora aberta
Brincam
no Leste horizontais matizes.
É
setembro, mais um dia desperta
Muitas
cores e umas crianças felizes.
Na
escalada do amarelo
Sobem
também o azul, o rosa e o violeta;
Cores que
brincam construindo o elo
Brincam
também o colibri e a borboleta.
Surge o
sol sem sentir falta da luz
que
emprestou pra lua na noite passada...
E, lá na
dobra da paisagem
Onde se
juntam as cores
Surge por
certo, a melhor imagem
E o
acerto de todos os amores!
(Poema
inspirado na audição da música AQUARELA ‒ Toquinho).
Quinta-feira,
19 de junho de 2014
É dia de sábado, sempre muito especial, mais ainda quando posso estar no
abrigo aconchegante de minha pequena e tão preciosa casinha colocada neste
lugarejo, pra onde vim há quase trinta anos. Tenho
valorizado muito a possibilidade de estar aqui, uma ou duas vezes ao mês, nos
finais de semana.
São treze horas; preparo o meu prato para almoçar. Vou sentando e
derramo o meu olhar sobre o jardim, deleitando-me como sempre, com os diversos
verdes e também flores em tons de muitos azuis, que compõem o quadro que a
natureza me ajudou a combinar. Agradeço. Pego os talheres em direção à salada.
Que susto! O celular toca. E, a partir da voz que reconheço, e das
frases que se seguem, entendi que a minha esperada, estendida e regeneradora
sesta da tarde, não aconteceria. Esse privilégio seria substituído pela visita
deste alguém, do qual há algum tempo tentava não lembrar.
Quase quatro anos sem notícia alguma. Sem telefone para contato, endereço
já nem considerava, pois depois do último encontro ficara a idéia de que
retornaria ao seu país. Mas, agora a campainha dá sinal ali no meu portão
apresentando o meu querido e amado PEPE. Personagem tão íntimo e com laços de
grande significação, mas rompidos oficialmente há completos dezenove anos.
O abraço de recepção acontece, tímido, cauteloso. Vamos entrando em casa
e a conversa vai alternando notícias de um lado e de outro. Quanta surpresa! Os
meus netos já são adultos, o filho dele, adolescente. Muitas apreciações a
cerca de tudo. Mostro os cômodos e ele sabe então que não resido aqui no
momento, pois informo que estou vivendo em casa da minha filha na capital e o
fato de ter-me encontrado seria “talvez” um acaso. Na cozinha, uma foto chama a
atenção: fora ele quem a havia batido. Esta foi apenas
uma, de tantas lembranças que estavam emergindo. Mergulhados no passado estavam
sonhos e também construções; muros e casas, taipas e viveiros, caminhos
pavimentados, horta e jardim e até um pequeno lago com patos todos nomeados e
reconhecidos um a um assim como acontecia com os cães e com as cabras: era um
pequeno mundo fechado por um portão grande emoldurado por uma vigorosa e sempre
florida “bougainville”.– A NOSSA CASA, A NOSSA VILA –
Aonde entre crepúsculos e auroras nos encontramos tão profundamente por vários
anos... Está tocando Andréa Bocelli. Um
duelo excitante entre razão e emoção, o tempo todo...
Sugiro tomar um chá e comer alguma coisa. Havia pão caseiro feito por mim, antiga receita. O chá, pegaríamos no
jardim. Um passeio lá fora para ver o resultado do meu trabalho: canteiros,
flores, horta e pomar; tudo era fruto de muito esforço e o aproveitamento de
cada tempinho disponível, uma qualidade minha que era bem conhecida e apreciada
por ele. Escolhemos entre os diversos chás a combinação preferida e recolhidas
as folhas molhadas pela chuva fina que começara a cair há algum tempinho,
aproximamo-nos debaixo da sombrinha e voltamos pra cozinha. Enquanto a água
ferve, preparo a mesa. Só manteiga e mel pra acompanhar o
pão. Tudo bem! Entre as observações algum comentário sobre os meus trejeitos.
Recorda e diz que continuam iguais.
O Bocelli continua cantando... À mesa, as trocas também continuam.– O
chá está uma delícia! Capim limão, poejo e um pouco de alecrim. – O pão está
gostoso também. A conversa vai evoluindo e foi preciso ouvir que ele estava
vendendo sua propriedade no outro estado e em vias de comprar uma casa, há dez
km de onde tenho a minha. Já havia feito inúmeros contatos com imobiliárias
locais; chegara de manhã, no dia anterior, com tempo bastante para várias
especulações.
Esta notícia estourou nos meus ouvidos como uma bomba. Justo agora! Agora, que eu consigo existir sem aquela sofrida esperança
de reconciliação, que me acompanhou durante tantos anos! Agora, quando passo a
ter meus próprios planos vislumbrando satisfações muito pessoais e objetivos de
conquistas desfrutáveis individualmente. Afinal, eu correspondera aos seus
conselhos do último encontro. Eu NÃO deveria esquecer: muita
coisa ainda poderia ser alcançada por mim; haveria tempo para atingir
realizações cuja perseguição fora interrompida. Meu compromisso de fidelidade,
incondicional e irrepreensível viera contemporizando as impossibilidades que
obstruíram o meu caminho. Perplexidade e desconforto confundem ainda mais o meu
estar neste momento.
– Por que esta perturbação? Ainda bem que começa a falar no horário do
ônibus apressando a despedida. Outro abraço, mais contido ainda.
– Até... Até quando? A tarde recebia as primeiras sombras da noite e eu
entregava qualquer sinalização de recomeço; nem ida, nem volta! Cansei meus
braços carregando sozinha, tão pesados fardos.
Quero agora
encaminhar o passado pra escoar “devagarinho,” junto da aliança que há quatro
anos, depois daquele encontro, com as mãos tremendo, eu fiz cair numa calha de
esgoto. ESTOU LIVRE! Olho para o meu
quarto e decidida vou preparar meu sono na estreita cama envolta nas saudades
que não doem mais.
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