segunda-feira, 9 de junho de 2014

Diário de Classe do Primeiro Semestre de 2014 da Oficina de Criação Literária do N.E.T.I. - Edna Domenica Merola

Crédito da foto: Edna Domenica Merola











Esse texto registra ações pedagógicas e sua interferência na prática da escrita dos alunos. Os adendos I e II  detalham duas ações pedagógicas efetuadas. O adendo III traz o instrumento de avaliação utilizado nas oficinas de Criação Literária do N.E.T.I. - no primeiro semestre de 2014. O adendo IV traz textos produzidos por grupos de alunos: Ligando Histórias; Rosas e Roserais de Outono; União e Ações: Gerando Mudanças; Para onde caminha a educação?; Aquecendo a Escrita no Solstício de Inverno; Coletânea Entre Grãs Sementes; Sobre o Outono. Foram produzidos 87 títulos em apenas 12 aulas pela pequena e ativa turma. Muito esforço foi realizado em casa ao fazer as tarefas propostas no curso. 
As estratégias de ensino das Oficinas de Criação Literária, em 2014.1, foram diversificadas: ouvir exposições e realizar tarefas de casa sobre elas; escrever textos individualmente após ouvir instruções na aula; escrever textos em grupo na sala de aula; comentar por escrito textos de colegas, fazer leitura silenciosa; leitura jogral, ouvir leitura e compartilhar a compreensão; criar pequena representação sobre leitura efetuada. Atividades orais dos alunos: a- Seminários: mito de Perséfone, biografia de personagem histórico, resenha e comentário de uma obra literária, exposições sobre foco narrativo. b- Apresentação do Jogral Olha o Pão de Maria. c- Leitura dos próprios textos em sala de aula. d- Diálogo com o professor Alberto Gonçalves, mestre em Literatura, que proferiu palestra sobre o livro O Leite Derramado, de Chico Buarque de Holanda.  Atividades escritas pelos alunos: produção de narrações.
As ações docentes foram voltadas para o ensino de técnicas de escrita de textos narrativos. As oficinas do semestre tiveram por meta explicitar que narrar é relatar acontecimentos e fatos percebidos como reais ou fictícios. É definir tempo e lugar ou descrever as circunstâncias que envolvem as ações conflitantes e sucessivas entre personagens. As interferências feitas pela professora focaram os itens:
‒ Estrutura Narrativa (apresentação, desenvolvimento, clímax, desfecho).
‒ Narrador: diferenciação entre autor e narrador; construção do narrador.
‒ Foco Narrativo: narrativa em primeira pessoa (personagem narrador), narrativa em terceira pessoa.
‒ Construção de Personagem pautado em personalidades da cultura brasileira da década de 60 do século XX. (Produção de conto).
‒ Construção de Personagem de Ficção utilizando ficha de RPG - jogos de representação de papeis.

Mapa dos instrumentos da escrita da narração (MEROLA, 2014)


ADENDO I - Estrutura Narrativa
Uma narração tem as seguintes partes: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho.
‒ Apresentação: estabelece espaço e tempo.
‒ Desenvolvimento: é a complicação da estória.
‒ Clímax: é o auge da história ou o momento onde ocorre suspense e tensão.
‒ Desfecho: esclarecimentos finais sobre a introdução e o desenvolvimento.

Perceba as partes da estrutura narrativa do texto Bombeiro Valente de Cleusa Terezinha Ortiz:

(Apresentação)
O dia amanheceu cinzento, com muitas nuvens, anunciando um dia de chuva e muito trabalho.
O relógio cuco tocara 6horas... Amanhecera. Ouvi meu menino, agora homem feito, arrumando-se (mais uma vez) para ir para sua rotina no quartel, onde era bombeiro.
(Desenvolvimento)
Nasceu e se criou na linda ilha de Florianópolis, seu sonho desde menino era ser bombeiro; filho mais novo de seis irmãos.
Ele se chamava Jorge, nome que gostava, pois tinha fé que São Jorge sempre o protegia; era seu herói.
Sua esposa sempre o apoiava, e dava-lhe forças quando saía para sua missão: a de proteger e ajudar o próximo. Era muito comunicativo, gostava de ajudar, acalmar a dor daqueles que dele precisavam, estava sempre atento; com todos os sentidos aguçados para bem olhar para o seu semelhante.
Homem de muitos valores, senso de justiça, amor ao próximo, e ao que fazia; gostava muito de futebol. Seu time – o Corinthians – muito vezes o levava ao delírio: tamanha sua paixão!
Amava sua profissão, dela tinha orgulho. Quando em dificuldades rezava e pedia a São Jorge que o socorresse, pois tinha uma fé muito viva e forte.
Jorge também tinha poderes como: manusear armas com cuidado e precisão, após usá-las guardava-as com muito jeito, para não danificá-las. Seus equipamentos pessoais eram bem conservados.
(Clímax)
Naquele dia fatídico, Jorge enquanto esteve à frente do quartel procurou defender, auxiliar a comunidade; os colegas, e principalmente cumprir o que prometera no dia de sua formatura.
(Desfecho)

O relógio cuco tocara 6 horas... Mas escurecera. Nunca mais ouvi meu menino, agora homem feito, arrumando-se (outra vez) para ir para sua rotina no quartel, onde foi bombeiro.

ADENDO II - Fichas de RPG para a Construção de Personagem de Ficção. (MEROLA, 2014).
I- Rol de questões para a Criação do Personagem
1-Fase anterior a tornar-se super-herói
Local e data de nascimento.
Histórico familiar e afetivo.
Como se comunica?
Como se relaciona?
Quais são seus valores?
O que ama? O que o motiva?
Quais são seus ideais?
O que conquistou para si? .
O que fez para a comunidade?
Desempenha uma profissão? Qual?

2-Fase de super-herói
2.1- Atributos
Saúde:
Capacidade de percepção e acuidade dos sentidos da audição, da visão, do olfato e outras.
Capacidade de interagir com pessoas:
Capacidade de suportar pressões psicológicas:
Força:
Agilidade:
Inteligência:
Capacidade de superação de condições ambientais adversas:
Capacidade de domínio dos elementos água, terra, fogo e ar:
Ética.
2.2- Habilidades
Habilidade de negociar, de dialogar, de convencer:
Habilidade de abster-se (jejuar, meditar, etc.):
Destrezas: escalar, nadar, domesticar animais...
2.3- Talentos
Habilidade de locomoção e interação no ambiente:
Resistência às temperaturas baixas ou altas:
Bens materiais acumulados:
Quantidade e qualidade de aliados:
Bens espirituais acumulados:
Grande eficiência em algum tipo de perícia:
2.4- Posse e manuseio de equipamentos
Mapas, Anotações, armas, escudos, objetos raros ou mágicos; lanterna, tocha; água, comida, cordas, etc.:

REFERÊNCIA
MEROLA, Edna Domenica. De que são feitas as Histórias. Florianópolis: Postmix. 2014. PP 96-99.
MEROLA, Edna Domenica. Jogo de Imaginação & RPG (Role Playing Game) na Criação de Personagem de Ficção em Oficina para maiores de 60. Sábado, 7 de junho de 2014. Disponível em


ADENDO III- Instrumento de Avaliação
Para analisar a possível pertinência das ações do semestre foi usado questionário conforme segue:
RELEIA O TEXTO DO LINK  e assinale:
Frequência de produção de textos no semestre:
(  ) escrevo mais que a maioria
(  ) escrevo menos que a maioria
(  ) escrevo na média
2- Link para leitura:
(  ) Escrevi a história que foi pedida sem a ajuda da ficha de RPG
(  ) Não escrevi a história pedida, quando foi para usar a ficha
(  ) Escrevi a história após preencher a ficha e achei proveitoso
3- Link:
(  ) Gostei de receber meus textos diagramados, mas não sei colocar os demais no mesmo documento
(  ) Gostei de receber meus textos diagramados e sei colocar os demais no mesmo documento
(  ) Não gostei de receber meus textos diagramados
(  ) Não recebi meus textos diagramados
4- Link:
(  ) Tenho hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa
(  ) Ainda não criei hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa
( ) Sempre comparo o texto que enviei com o texto corrigido pela professora que é colocado no blog
(  ) Tenho hábito de consultar dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa
(  ) Ainda não criei hábito de comparar o texto que enviei com o texto corrigido pela professora que é colocado no blog
5- Link:
Sobre a sequência de ideias na escrita de um texto:
(  ) Tenho muita dificuldade
(  ) Não tenho dificuldade nenhuma
(  ) Varia entre muito e médio conforme proposta da tarefa
(  ) Varia entre nenhuma e pouca, conforme proposta da tarefa

ADENDO IV- Rosas e Roserais de Outono

Minha Roseira. Cleusa Terezinha Ortiz Ribeiro

Creio eu, ser uma roseira bem cuidada, como aquela ali plantada debaixo de minha janela. Vejo-a todos os dias, viçosa, poucos espinhos e com raízes profundas que alimentam todas aquelas flores coloridas, tão coloridas que nos enchem os olhos de admiração e agradecimentos a Deus por sua presença tão próxima a mim. Suas folhas verdes brilhantes, seu tronco bem formado e forte o que a eleva cada dia a crescer ainda mais linda. Cada cor representa uma mudança em mim, procuro estar sempre viva para a vida, para meus amigos, para enfrentar o dia a dia; e poder cuidar dela até que as flores pereçam, mas a roseira fica ali, para na próxima estação eu cuidar dela novamente.

Eu me conheço? Eslavia  Hugentobler  ( Lalah )

O jardim é rico. Tem a riqueza das coisas criadas por DEUS e que são destinadas a fazer o bem aos que conseguem desfrutar verdadeiramente    do que há disponível. Existem plantas variadas, algumas produzem flores, outras não; essas outras dão sombra, ou apenas somam cores na paisagem preenchendo o ambiente onde existem. Crescem também roseiras, sou talvez uma delas, preferencialmente carregada de rosas amarelas, que podem passar por vários tons e, por vezes parecerem bem desbotadas. Em algum período as flores caem, mas sobram as folhas, que vão emprestando temporariamente, aspecto saudável à planta encobrindo seus espinhos e revelando no verde intenso uma base sólida em raiz bem nutrida e profunda. As folhas também mudam; pegam ferrugem e até secam e também caem, mas mesmo em tronco desnudo a roseira continua sendo roseira, e logo florescerá novamente.


Assim como Você. Sandra Lúcia (Salu)

Eu sou uma roseira que floresço rosas cor de rosa, assim como você.
Sou um tipo arbusto, com um tronco grosso e firme, onde as raizes procuram se agarrar bem ao solo, a fim de poder se firmar bem para aguentar o peso de todos os galhos com suas inúmeras folhas e seus lindos botões de rosas rosa que ou estão em flor ou florescerão.
Essa roseira fica no jardim da vida e esta à disposição de quem quer veêla sentir seu toque e também sentir seu delicioso perfume!
Adoro aroma de rosas!

As Rosas. Maria de Jesus Barreto da Fonseca.

Amo as rosas. Dentre todas as flores são as minhas preferidas. Já tive o privilégio de ter no jardim espécies de variadas cores. Quantas lições aprendi, com elas!
Algumas vezes, no fim do dia ficava a admirá-las e a refletir... Como me sentiria se fosse uma roseira? Primeiro teria de decidir: que tipo de roseira seria. Creio que seria uma trepadeira, dessas bem simples de variadas cores, que se espalham mansamente, cobrindo muros, casas, gazeios, etc.. Criando vivacidade e beleza em locais diversos, colorindo a paisagem. Mas, esse tipo de rosa requer a colaboração humana para prendê-la em suportes, telas, arcos ou de outras árvores para distribuir sua beleza. Com ajuda realiza o que parece ser seu objetivo: levar beleza onde esteja. Quando o vendo a faz dançar, as rosas parecem crianças sorrindo felizes. Em geral seu perfume é suave, discreto. Nada nela é ostentação. Apenas vive expressando a beleza que recebeu de Deus. Quando chove as gotas que nelas ficam parecem diamantes. Porém, como todas as roseiras precisam de sol para florir. Apesar de admirar todas as rosas, minha preferida é a Rosa Chá, cuja coloração rosa claro me encanta, todavia eu se fosse uma roseira, seria uma trepadeira. Por quê? Talvez por correr menor risco de ser cortada e levada para dentro de casa ou, poder olhar com admiração as outras rosas e flores, do alto em que fica; pode admirar a paisagem e observas os humanos, não sei ao certo. As trepadeiras, em geral pequenas em cachos e com coloridos diversos, recebem os primeiros raios de sol e a noite, podem olhar as estrelas antes de dormir. Amanhecem agradecendo o novo dia e dormem gratas pelo que viveram.

Uma roseira especial. Lourdes Thomé.

Eu vi uma roseira tão bela; alta, esbelta como só ela. As verdes folhas escondiam os espinhos que a protegiam. Ela estava coberta de botões, ainda a se transformarem em flor, contrastando com a plenitude das rosas abertas, num tom rosado, até matizado com branco. A sua imponência sobressaía sobre os canteiros do parque. Não sei por que ao contemplá-la considerei-a especial, entre tantas que naquele jardim afloravam. Pensei, talvez, ao fitá-la tenha concentrado minha atenção em sua duplicidade de cores. Aquela planta era peculiar, mas qual a razão de sua especialidade? Em reflexão, veio-me a resposta: o atributo particular fora eu quem lhe conferia, ao concentrar meu olhar em sua beleza. Aquela roseira era especialíssima na medida em que eu assim determinara e ao elegê-la a minha preferida, eu sintonizei com a sua presença.


Referências

LODGE, David. A Arte da Ficção. Trad. Bras. Porto Alegre: L& PM Pocket, 2011.

MEROLA, Edna Domenica. De que são feitas as Histórias. Florianópolis: Postmix, 2014.

____________________Inserção de personalidades da cultura brasileira na narrativa ficcional. Disponível em http://netiativo.blogspot.com/2014/05/insercao-de-personalidades-da-cultura.html
____________________Narrar pressupõe escolhas. Disponível em

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