Esse texto registra ações pedagógicas e sua interferência na prática da escrita dos alunos. Os adendos I e II detalham duas ações pedagógicas efetuadas. O adendo III traz o instrumento de avaliação utilizado nas oficinas de Criação Literária do N.E.T.I. - no primeiro semestre de 2014. O adendo IV traz textos produzidos por grupos de alunos: Ligando Histórias; Rosas e Roserais de Outono; União e Ações: Gerando Mudanças; Para onde caminha a educação?; Aquecendo a Escrita no Solstício de Inverno; Coletânea Entre Grãs Sementes; Sobre o Outono. Foram produzidos 87 títulos em apenas 12 aulas pela pequena e ativa turma. Muito esforço foi realizado em casa ao fazer as tarefas propostas no curso.
As estratégias de ensino das Oficinas de Criação Literária, em 2014.1, foram diversificadas: ouvir exposições e realizar tarefas de casa sobre elas; escrever textos individualmente após ouvir instruções na aula; escrever textos em grupo na sala de aula; comentar por escrito textos de colegas, fazer leitura silenciosa; leitura jogral, ouvir leitura e compartilhar a compreensão; criar pequena representação sobre leitura efetuada. Atividades orais dos alunos: a- Seminários: mito de Perséfone, biografia de personagem histórico, resenha e comentário de uma obra literária, exposições sobre foco narrativo. b- Apresentação do Jogral Olha o Pão de Maria. c- Leitura dos próprios textos em sala de aula. d- Diálogo com o professor Alberto Gonçalves, mestre em Literatura, que proferiu palestra sobre o livro O Leite Derramado, de Chico Buarque de Holanda. Atividades escritas pelos alunos: produção de narrações.
As ações docentes foram voltadas para o ensino de técnicas de escrita de textos narrativos. As oficinas do semestre tiveram por meta explicitar que narrar é relatar acontecimentos e fatos percebidos como reais ou fictícios. É definir tempo e lugar ou descrever as circunstâncias que envolvem as ações conflitantes e sucessivas entre personagens. As interferências feitas pela professora focaram os itens:
‒
Estrutura Narrativa (apresentação, desenvolvimento, clímax, desfecho).
‒
Narrador: diferenciação entre autor e narrador; construção do narrador.
‒
Foco Narrativo: narrativa em primeira pessoa (personagem narrador), narrativa
em terceira pessoa.
‒
Construção de Personagem pautado em personalidades da cultura brasileira da
década de 60 do século XX. (Produção de conto).
‒
Construção de Personagem de Ficção utilizando ficha de RPG - jogos de
representação de papeis.
Mapa dos instrumentos da escrita da narração (MEROLA, 2014)
ADENDO
I - Estrutura Narrativa
Uma
narração tem as seguintes partes: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho.
‒
Apresentação: estabelece espaço e tempo.
‒
Desenvolvimento: é a complicação da estória.
‒
Clímax: é o auge da história ou o momento onde ocorre suspense e tensão.
‒
Desfecho: esclarecimentos finais sobre a introdução e o desenvolvimento.
Perceba
as partes da estrutura narrativa do texto Bombeiro
Valente de Cleusa Terezinha Ortiz:
(Apresentação)
O
dia amanheceu cinzento, com muitas nuvens, anunciando um dia de chuva e muito
trabalho.
O
relógio cuco tocara 6horas... Amanhecera. Ouvi meu menino, agora homem feito,
arrumando-se (mais uma vez) para ir para sua rotina no quartel, onde era
bombeiro.
(Desenvolvimento)
Nasceu
e se criou na linda ilha de Florianópolis, seu sonho desde menino era ser
bombeiro; filho mais novo de seis irmãos.
Ele
se chamava Jorge, nome que gostava, pois tinha fé que São Jorge sempre o
protegia; era seu herói.
Sua
esposa sempre o apoiava, e dava-lhe forças quando saía para sua missão: a de
proteger e ajudar o próximo. Era muito comunicativo, gostava de ajudar, acalmar
a dor daqueles que dele precisavam, estava sempre atento; com todos os sentidos
aguçados para bem olhar para o seu semelhante.
Homem
de muitos valores, senso de justiça, amor ao próximo, e ao que fazia; gostava
muito de futebol. Seu time – o Corinthians – muito vezes o levava ao delírio:
tamanha sua paixão!
Amava
sua profissão, dela tinha orgulho. Quando em dificuldades rezava e pedia a São
Jorge que o socorresse, pois tinha uma fé muito viva e forte.
Jorge
também tinha poderes como: manusear armas com cuidado e precisão, após usá-las
guardava-as com muito jeito, para não danificá-las. Seus equipamentos pessoais
eram bem conservados.
(Clímax)
Naquele dia fatídico, Jorge
enquanto esteve à frente do quartel procurou defender, auxiliar a comunidade;
os colegas, e principalmente cumprir o que prometera no dia de sua formatura.
(Desfecho)
O
relógio cuco tocara 6 horas... Mas escurecera. Nunca mais ouvi meu menino,
agora homem feito, arrumando-se (outra vez) para ir para sua rotina no quartel,
onde foi bombeiro.
ADENDO
II - Fichas de RPG para a Construção de Personagem de Ficção. (MEROLA, 2014).
I-
Rol de questões para a Criação do Personagem
1-Fase
anterior a tornar-se super-herói
Local
e data de nascimento.
Histórico
familiar e afetivo.
Como
se comunica?
Como
se relaciona?
Quais
são seus valores?
O
que ama? O que o motiva?
Quais
são seus ideais?
O
que conquistou para si? .
O
que fez para a comunidade?
Desempenha
uma profissão? Qual?
2-Fase
de super-herói
2.1-
Atributos
Saúde:
Capacidade
de percepção e acuidade dos sentidos da audição, da visão, do olfato e outras.
Capacidade
de interagir com pessoas:
Capacidade
de suportar pressões psicológicas:
Força:
Agilidade:
Inteligência:
Capacidade
de superação de condições ambientais adversas:
Capacidade
de domínio dos elementos água, terra, fogo e ar:
Ética.
2.2-
Habilidades
Habilidade
de negociar, de dialogar, de convencer:
Habilidade
de abster-se (jejuar, meditar, etc.):
Destrezas:
escalar, nadar, domesticar animais...
2.3-
Talentos
Habilidade
de locomoção e interação no ambiente:
Resistência
às temperaturas baixas ou altas:
Bens
materiais acumulados:
Quantidade
e qualidade de aliados:
Bens
espirituais acumulados:
Grande
eficiência em algum tipo de perícia:
2.4-
Posse e manuseio de equipamentos
Mapas,
Anotações, armas, escudos, objetos raros ou mágicos; lanterna, tocha; água,
comida, cordas, etc.:
REFERÊNCIA
MEROLA,
Edna Domenica. De que são feitas as Histórias. Florianópolis: Postmix. 2014. PP
96-99.
MEROLA, Edna Domenica. Jogo de Imaginação & RPG
(Role Playing Game) na Criação de Personagem de Ficção em Oficina para maiores
de 60. Sábado, 7 de junho de 2014. Disponível em
ADENDO
III- Instrumento de Avaliação
Para
analisar a possível pertinência das ações do semestre foi usado questionário
conforme segue:
RELEIA
O TEXTO DO LINK e assinale:
1-
Link para leitura: http://netiativo.blogspot.com.br/2016/07/carta-de-uma-blogueira-coruja-edna.html
Frequência
de produção de textos no semestre:
( ) escrevo mais que a maioria
( ) escrevo menos que a maioria
( ) escrevo na média
2-
Link para leitura:
( ) Escrevi a história que foi pedida sem a
ajuda da ficha de RPG
( ) Não escrevi a história pedida, quando foi
para usar a ficha
( ) Escrevi a história após preencher a ficha e
achei proveitoso
3-
Link:
( ) Gostei de receber meus textos diagramados,
mas não sei colocar os demais no mesmo documento
( ) Gostei de receber meus textos diagramados e
sei colocar os demais no mesmo documento
( ) Não gostei de receber meus textos
diagramados
( ) Não recebi meus textos diagramados
4-
Link:
( ) Tenho hábito de consultar dicionário e
gramática após escrever a tarefa de casa
( ) Ainda não criei hábito de consultar
dicionário e gramática após escrever a tarefa de casa
(
) Sempre comparo o texto que enviei com o texto corrigido pela professora que é
colocado no blog
( ) Tenho hábito de consultar dicionário e
gramática após escrever a tarefa de casa
( ) Ainda não criei hábito de comparar o texto
que enviei com o texto corrigido pela professora que é colocado no blog
5-
Link:
Sobre
a sequência de ideias na escrita de um texto:
( ) Tenho muita dificuldade
( ) Não tenho dificuldade nenhuma
( ) Varia entre muito e médio conforme proposta
da tarefa
( ) Varia entre nenhuma e pouca, conforme
proposta da tarefa
Referências
MEROLA, Edna Domenica. Disponível em
MEROLA, Edna Domenica. Disponível em
ADENDO IV- Rosas e Roserais de Outono
Minha
Roseira. Cleusa Terezinha Ortiz Ribeiro
Creio
eu, ser uma roseira bem cuidada, como aquela ali plantada debaixo de minha
janela. Vejo-a todos os dias, viçosa, poucos espinhos e com raízes profundas
que alimentam todas aquelas flores coloridas, tão coloridas que nos enchem os
olhos de admiração e agradecimentos a Deus por sua presença tão próxima a mim.
Suas folhas verdes brilhantes, seu tronco bem formado e forte o que a eleva
cada dia a crescer ainda mais linda. Cada cor representa uma mudança em mim,
procuro estar sempre viva para a vida, para meus amigos, para enfrentar o dia a
dia; e poder cuidar dela até que as flores pereçam, mas a roseira fica ali,
para na próxima estação eu cuidar dela novamente.
Eu
me conheço? Eslavia Hugentobler ( Lalah )
O
jardim é rico. Tem a riqueza das coisas criadas por DEUS e que são destinadas a
fazer o bem aos que conseguem desfrutar verdadeiramente do que há disponível. Existem plantas
variadas, algumas produzem flores, outras não; essas outras dão sombra, ou
apenas somam cores na paisagem preenchendo o ambiente onde existem. Crescem
também roseiras, sou talvez uma delas, preferencialmente carregada de rosas
amarelas, que podem passar por vários tons e, por vezes parecerem bem
desbotadas. Em algum período as flores caem, mas sobram as folhas, que vão emprestando
temporariamente, aspecto saudável à planta encobrindo seus espinhos e revelando
no verde intenso uma base sólida em raiz bem nutrida e profunda. As folhas
também mudam; pegam ferrugem e até secam e também caem, mas mesmo em tronco
desnudo a roseira continua sendo roseira, e logo florescerá novamente.
Assim
como Você. Sandra Lúcia (Salu)
Eu
sou uma roseira que floresço rosas cor de rosa, assim como você.
Sou
um tipo arbusto, com um tronco grosso e firme, onde as raizes procuram se
agarrar bem ao solo, a fim de poder se firmar bem para aguentar o peso de todos
os galhos com suas inúmeras folhas e seus lindos botões de rosas rosa que ou
estão em flor ou florescerão.
Essa
roseira fica no jardim da vida e esta à disposição de quem quer veêla sentir
seu toque e também sentir seu delicioso perfume!
Adoro
aroma de rosas!
As
Rosas. Maria de Jesus Barreto da Fonseca.
Amo
as rosas. Dentre todas as flores são as minhas preferidas. Já tive o privilégio
de ter no jardim espécies de variadas cores. Quantas lições aprendi, com elas!
Algumas
vezes, no fim do dia ficava a admirá-las e a refletir... Como me sentiria se
fosse uma roseira? Primeiro teria de decidir: que tipo de roseira seria. Creio
que seria uma trepadeira, dessas bem simples de variadas cores, que se espalham
mansamente, cobrindo muros, casas, gazeios, etc.. Criando vivacidade e beleza
em locais diversos, colorindo a paisagem. Mas, esse tipo de rosa requer a
colaboração humana para prendê-la em suportes, telas, arcos ou de outras
árvores para distribuir sua beleza. Com ajuda realiza o que parece ser seu objetivo:
levar beleza onde esteja. Quando o vendo a faz dançar, as rosas parecem
crianças sorrindo felizes. Em geral seu perfume é suave, discreto. Nada nela é
ostentação. Apenas vive expressando a beleza que recebeu de Deus. Quando chove
as gotas que nelas ficam parecem diamantes. Porém, como todas as roseiras
precisam de sol para florir. Apesar de admirar todas as rosas, minha preferida
é a Rosa Chá, cuja coloração rosa claro me encanta, todavia eu se fosse uma
roseira, seria uma trepadeira. Por quê? Talvez por correr menor risco de ser
cortada e levada para dentro de casa ou, poder olhar com admiração as outras
rosas e flores, do alto em que fica; pode admirar a paisagem e observas os
humanos, não sei ao certo. As trepadeiras, em geral pequenas em cachos e com
coloridos diversos, recebem os primeiros raios de sol e a noite, podem olhar as
estrelas antes de dormir. Amanhecem agradecendo o novo dia e dormem gratas pelo
que viveram.
Uma
roseira especial. Lourdes Thomé.
Eu
vi uma roseira tão bela; alta, esbelta como só ela. As verdes folhas escondiam
os espinhos que a protegiam. Ela estava coberta de botões, ainda a se
transformarem em flor, contrastando com a plenitude das rosas abertas, num tom
rosado, até matizado com branco. A sua imponência sobressaía sobre os canteiros
do parque. Não sei por que ao contemplá-la considerei-a especial, entre tantas
que naquele jardim afloravam. Pensei, talvez, ao fitá-la tenha concentrado
minha atenção em sua duplicidade de cores. Aquela planta era peculiar, mas qual
a razão de sua especialidade? Em reflexão, veio-me a resposta: o atributo
particular fora eu quem lhe conferia, ao concentrar meu olhar em sua beleza.
Aquela roseira era especialíssima na medida em que eu assim determinara e ao
elegê-la a minha preferida, eu sintonizei com a sua presença.
Referências
LODGE,
David. A Arte da Ficção. Trad. Bras. Porto Alegre: L& PM Pocket, 2011.
MEROLA,
Edna Domenica. De que são feitas as Histórias. Florianópolis: Postmix, 2014.
____________________Inserção
de personalidades da cultura brasileira na narrativa ficcional. Disponível em http://netiativo.blogspot.com/2014/05/insercao-de-personalidades-da-cultura.html
____________________Narrar
pressupõe escolhas. Disponível em
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