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Crédito foto Marlene Nobre |
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Crédito foto Marlene Nobre |
Marlene
Xavier Nobre é autora dos livros Lembranças e Esperanças de uma Mulher
(Insular, 2020), A Meus Queridos Netos (Postmix, 2017).
Florianópolis, 08/12/2020
Busca
Nesta busca constante, ando à procura
Da verdade, de gente descente (chega de gente indecente).
Nesta busca constante a sensibilidade aguçou os
meus sentidos, vejo, ouço, medito. Tudo aquilo que fere os princípios humanos.
Nesta busca constante me deparo com pessoas insanas, insensatas, mal educadas,
e nesta busca constante não consigo digerir tantos malditos espalhados sem
caráter se parecem intocáveis como vírus.
Nesta busca constante, ainda encontro forças, luto
e busco começando comigo ser melhor como um amigo, nesta busca constante
procuro por gente de verdade que combinam com o mundo é preciso mais humanos que
enxergam o outro como amigo dando o ombro ou um conforto, mesmo distantes nesta
busca constante me deparo com pets inteligente, sinto falta de mais gente inteligente!?
Chega de ignorante.
E nesta busca constante é preciso mais verdade, e
nesta busca constante me deparo com o poste. E nesta busca constante dei de
frente comigo, não sou perfeito, não sou santo, mais primo pela verdade em
qualquer canto deste universo. E nessa busca constante de vez em quando me
decepciono com tanta gente ignorante.
E nesta busca constante me sinto sensível capaz de
olhar ao meu lado todo aquele sofrido, mesmo que seja um mendigo pois faço
parte dessa humanidade. Me podo a todo instante, é preciso humildade, e sempre
prezo por verdades. E nessa busca constante que sejamos mais concretos.
Florianópolis, 27/11/2020
Quando passar
E quando tudo passar, o sol irá brilhar
E quando tudo passar, novos horizontes surgirão.
E quando olhar para trás, não posso me esquecer o que vivi:
⸺Na carne as dores mais dilacerantes...
Foram dias angustiantes
Inexplicáveis
Noites tortuosas.
Não perdi a fé por um instante, acreditei que tudo passaria.
Fui forte. A força transparente me envolvia. Essa devoção que
sentia
Orava todos os dias por aquele que clamava por súplicas, pela sua vida.
Nada se compara a essa dor esmagadora
Cada segundo um sufoco
Cada minuto o mais longo
Cada noite um martírio
Olhar para o relógio me causava aflição
O ponteiro parecia estar parado
As horas se tornaram mais lentas, me sentia cansada, exaurida (mas não desanimada)
Minha alma chorava alucinada, como criança em cólicas
Foi através desse elo, a minha prece.
Deus ouviu minhas lamentações e me confortava, me sentia acalentar
pela fé que sentia,
Não me cansava de orar e de agradecer por tudo que vivi na
carne
Foi um grande susto, um surto todo.
Dessa lição não podemos esquecer: aqui estamos cumprindo uma grande missão.
A de espalhar com devoção o amor por toda criatura
No convívio deste imenso universo
O milagre existe. Eu vi dentro de mim.
Florianópolis, 11/11/2020
É assim
Tudo é assim na vida.
Nem sempre somos compreendidos.
Os dias ensolarados são lindos.
Os dias nublados são carrancudos.
Os dias chuvosos são necessários, lavam os ares,
molham a terra...
Nem sempre vemos sorrisos.
A rosa é a bela das flores, é perfumada, delicada.
Exala beleza.
É perfeita, mas machuca com seus espinhos. Assim é
a vida: formosa. Uma maravilha com dias felizes, mas há os tristes também.
Passamos por transformações, vivemos grandes lições.
Tudo está conforme a lei da natureza: na vida
existe dureza. De vez em quando damos de cara num paredão, levamos alguns esbarrões,
alguns puxões.
É preciso ter paciência, sem isso não funciona.
É preciso pedir perdão, nem que seja para o coração.
Somos a continuação da criação, neste mundão de provações.
É assim que cada Humano vai ter que aprender a
viver e conviver no mundo que escolheu e onde se recolheu: no seu ambiente aprendiz...
Aqui não existe nenhum ser de luz, estamos a
caminho da perfeição, estamos engatinhando como crianças, nesta esfera de provas.
19/10/2020
Uma serpente ...
Serpente: um feito do nordeste Serpente dentro do pacote.
Mente fértil ,coração pulsante Treme até os dentes ...
Serpente que não é sorvete Serpente naquele freezer
Serpente não é solvente, nem absorvente.Serpente é feito um ser que pende
Serpente não surpreende ,mete-lhe o dente.serpente ,que engole não gole ,morde é mole...Serpente que escorre feito sabonete.
Serpente que virou moda naquela gandola. Serpente que mete-lhe os dentes Sem olhar o ventre...Serpente que não é corrente Serpente que virou manchete, naquele caixote. Serpente destila fome e sede Naquela calçada, há muitas espalhadas Virou moda nos noticiários Serpente naquele pacote, se entrelaçou no brócolis, deixou olhos arregalados!
Serpente é inteligente,serpente remédio potente, serpente o símbolo da vida Serpente mata e cura....Serpente precisa ser preservada dentro da mata...Serpente não é deboche, nem fantoche Destila veneno de todas as maneiras.
Florianópolis, 16/10/2020
Uma tarde
Uma tarde de outubro de dois mil e vinte: não é uma qualquer. O sol se espalha por toda a sala e reflete na vidraça. Estou tomada pelo silêncio aparente. Eis que de repente, me sinto alerta com o cantar dos pássaros que me alegram.
O telefone toca. Vou atender a chamada auditiva. Do outro lado ouço uma voz suave e calma de uma criança. Uma doçura que me pergunta: “oi vovó, como estás?”.
Meus olhos se enchem de lágrimas, quando ele me fala: “como estás?”. Há coisa mais gostosa do que ouvir essa doçura de voz que se mistura com o cantar dos pássaros?
Não é apenas uma tarde de outubro. Mas sim uma linda e mágica tarde. Sinto uma paz que me toma por inteira. Tomo consciência de que há meses não me sentia tão plena e cheia de harmonia.
Os pássaros e a criança me encheram de alegria e de poesia.
Era o que me faltava para ter dias mais amenos.
É preciso aproveitar cada momento, mesmo que o silêncio nos tome por alguns instantes. Abro a janela, solto todos os sonhos, arrebento as amarras.
Ouça cada som vindo da rua com mais nitidez e presteza. E uso a imaginação apreciando da janela todas as cores e flores plantadas no jardim da vida. Paro, ouço, escuto. O momento é propicio para a autoajuda.
Florianópolis, 17/09/2020
Despir-me
Quero me despir de todos os desejos e pecados insanos e maldosos Quero me despir do que ficou encrustado nos pensamentos.Quero me despir de tudo que me incomoda, dos beijos recebidos, envenenados, mal intencionados... Dos lobos que se vestem de cordeiros Quero me despir dos vícios, dos maus hábitos que me atrapalham Do nojo que sinto do corpo do outro, do descaso...Deste orgulho ferido e malvado indo ao encontro de qualquer destinatário.Quero me despir do apego exagerado, dos calçados guardados no closet do quarto.Quero me despir deste vestido decotado que por vaidade agride tantos olhares.Quero me despir de tudo aquilo que provoca discórdia. Quero me despir de tudo aquilo que causa alvoroço entre o povo.Quero me despir do mau humor, do rancor deste ranço! Desta cara amarrada. Quero me despir... deixar minha alma solta de todas as amarras.Quero me despir de tudo aquilo que não vejo graça... Dessas desgraças.Quero me despir das más ideias que me deixam sem graça.Quero me despir de tudo isso...E mais: - que seja pra agora e sem arruaças.
Florianópolis, 26/08/2020 Minha alma
Minha alma não tem cor, minha alma, sente dor.
Minha alma tem amor
Minha alma é a cara do respeito
A minha alma é o reflexo de tudo
aquilo
Que sinto, que olho, que vejo
A minha alma é risonha, é florida,
é menina ...feminina, delicada
A minha alma não tem corpo ...tem desejo.
A minha alma chora e grita por
desprezo
A minha alma é fera é
exibicionista
A minha alma é bonita é artista
poetisa
A minha alma é calma, é possessa
A minha alma é sábia, é passiva
A minha alma é fingida, é
alucinada
A minha alma guarda tudo aquilo
Que olha no mundo, muitos absurdos
A minha alma reza, medita, erra.
A minha alma está em qualquer
recinto. num lugar sombrio ou esquisito, num coração ferido, num medo escondido
A minha alma é tristonha, divaga e
vaga
Nas noites frias e sombrias, na
rua da amargura.
A minha alma guarda as marcas
deixadas, no corpo.
Dívidas de um passado tristonho.
A minha alma sofre os reajustes
dos dias
A minha alma ignora todos os
pecados e percalços dos caminhos percorridos
A minha alma é a revolta de toda a
cegueira deixada na estrada
A minha alma é ilusória, é
passageira
Nesta vida confusa e incerta,
cheia de fantasias
Minha alma é isolada aos olhos de
quem ignora...
Ratatuia
Uma ratatuia invadiu aquele
Palácio sombrio
O povo eclodiu,
ninguém sorriu.
Ficamos a ver navios
Cheios de dor, de frio e de
calafrios.
Naquela rampa se esconde uma
corja:
Verdadeira ratatulha
Contra a qual não há patrulha.
Sem molho, sem emoção,
aqui nessa nação (onde não tem pão)
todos gritam e ninguém tem razão!
Florianópolis, 21/08/2020
Estou vidrado no teu olhar,
Sinto o gosto do teu paladar
Guardo o teu caminhar.
Estou cheio de amor pra dar,
Mãos cheias pra te abraçar,
Te sustentar, te acarinhar.
A vida é um poema,
Quem ama libera, solta amarras,
Desejos, sonhos, pecados,
Todos os hormônios e demônios.
Florianópolis,
28/07/2020
Brilhar
Eu
nasci para brilhar.
Tenho
luz própria (todos temos
Aquela
vinda da alma).
Para
brilhar feito estrela
Que
somos desde que nascemos.
Os
dias são cheios de brilho (assim vejo), me sinto um brilho.
Mesmo
no escuro enxergo.
Não
me esqueço das minhas preces, rogo por todos
Agradeço
a Deus todos os dias felizes ou tristes.
A
dor moral? Tiro de letra.
A
dor vinda da alma me deixa alerta
Essa
não espera: ajoelho, agradeço e oro.
Já
fui ludibriada, ignorada, esnobada.
Não
desisti do meu brilhar.
Acredito
na força divina, não brigo por ninharia nem mesquinharia
Minha
melhor forma: a de vida.
Me
apego na força divina
Que
me traz calma, me alivia os dias tenebrosos
em
que não podemos perder o brilho do olhar.
Meu
jeito de amar é encantar e brilhar.
Mesmo
distante dos outros
Quero
ser luz para iluminar por onde passar.
Nos
caminhares, que não faltem brilho nos olhares
Que
saibamos usar, reacender nossas chamas,
já
que somos centelhas humanas do Divino.
Florianópolis,
julho de 2020
Um
domingo
O
calendário marca domingo o que significa dia de confraternizações, reuniões
familiares, encontros e festas.
Sinto-me
saudosa. Vou para a varanda, pego um banco e me sento. Debruço sobre a mesa.
Sinto uma calmaria. Sem as crianças brincando não ouço gritarias.
Mesa
posta, casa cheia, falta alegria.
Vejo
com tristeza a ira da pandemia que não dá trégua para os nossos dias.
Desde
março vivemos numa angústia que nos deixa alertas. Cuidado e cautela não nos falta. Nossos
domingos não são mais os mesmos, mesmo continuando santo, dia de promessas,
missas e rezas.
De
súbito (parece um milagre): olho pela janela e vejo um padre em cima de um
carro aberto fazendo o sinal da cruz e abençoando os lares, mesmo da rua. Fico
comovida quando ouço o som do Pai Nosso que me toma por inteira.
As
lágrimas lavam minha alma.
Fixo
meus olhos no céu e peço com devoção pra Deus a cura de todo o universo
enfermiço.
É
um domingo de julho de dois mil e vinte, frio, carrancudo e vazio. Estou
distante de parentes, mas crente de que essa peste vai desaparecer da face da
terra.
Tenho
a certeza e a esperança de que novos domingos virão e com eles novas concepções.
Não
podemos nos contaminar e nem voltar a ser o que fomos no mundo que deixamos
atrás.
Precisamos
tirar proveito da lição que vivemos trancafiados iguais doentes.
A
falta de abraços, afetos e carinhos fez um enorme estrago emocional.
Hoje
neste domingo parei pra refletir o quão pequenos somos nós e como somos sós.
Mesmo
tendo a nossa recursos da nossa própria companhia, precisamos de calor humano
em todos os dias da semana. E que seja com a melhor companhia: a sua...
Florianópolis,
16/07/2020
Um
pouco de tudo
Não
é preciso ter tudo.
Um
pouco é muito, vivemos num mundo confuso
Tudo
é um marasmo, todos escondidos.
E
onde estão guardados os cartões, os iates e as mansões?
Quem
comanda nas ruas, nas esquinas e nas praças é ele esse vírus o devorador de
vidas Humanas.
E
vivemos nas teimas.
Perdemos
o respeito ao próximo
Só
olho gordo e inveja.
Em
cima do muro se olha o mundo, ele é uma roda, é um gigante, ele não é elefante,
nele tem gente pensante, ignorante e brilhante.
Ninguém
aqui é flor, mas cheira.
Aqui
tudo passa: até a carcaça.
por
debaixo da ponte a água passa
Aqui
vemos de tudo: gemidos, ruídos, lamentos e gritos
Existem
muitos esculachos: políticos que causam barulho, descaso e nojo
Tudo
confuso, nas ruas.
Vivemos
momentos tensos e loucos
Até
quando? Tudo causa medo e pânico
Neste
marasmo seguimos. Até quando não sabemos!
Ninguém
se entende
Se
existe o certo ou o errado, me sinto no meio.
Quanta
hipocrisia! Nos esquecemos do ser. Queremos só ter.
Nesta
roda tudo queima.
Até
o olhar de quem sente inveja não aprendemos ainda
O
Homem se esqueceu de conversar mais com Deus: orar e agradecer...
Que
possamos nos redimir amar e nos respeitar
Só
pra lembrar que somos todos exatamente iguais na carne e na dor,
não
importa a cor do sangue se vermelho ou azul
estamos
na mesma corte: a do vírus mortal para o qual toda gente é igual.
Florianópolis,12/07/2020
Menina
Menina
dos cabelos dourados
Olhos
amendoados, lábios rosados
Rosto
pintado, sorriso aberto
Vestido
rendado pés descalços
Te
pareces um anjo és místico
Menina
dos cabelos dourados
Tua
aura é raio iluminando
Estou
extasiado com tanta beleza
És
linda! Teu olhar me fascina
Teu
brilho me ofusca.
Menina
dos cabelos dourados
Me
diga quem és? Surgisse das nuvens! Menina, teu brilho é a luz do dia ...
És
a estrela que me guia ...
Florianópolis,
14/07/2020
Reconhecimento
Nessa
espera sem fim, me pego olhando pra mim, e nesse meu mundo interior não tenho
como fugir e nem pra onde ir: longe de olhares opressores me conheci e
reconheci, vi defeitos (são tantos!).
Fazia
tempo que apontava o devaneio e as desventuras do outro, o cisco no olho.
Agora
mais calma, e mesmo nesta pandemia, vejo minhas falhas humanas: são tantas
ainda, sinto uma necessidade enorme de mudança.
Não
quero ver no outro um argueiro.
Em
mim, esse novo precisa de muito esforço: sou falho de erros.
Do
jeito que caminhava no sufoco não quero!
Sobre
o Humano:
⸺
Será que precisava passar por uma pandemia?
Para
me conhecer como de fato preciso ser como um ser Humano. Neste
universo imerso e cheio de
conflitos, abandono e descaso ,e cheio de barulho. Resolvi fazer uma checagem,
uma viagem no meu interior sujo. Me vi como uma caixa preta registradora cheia
de mágoas, vinganças. Ah, quanta sujeira ainda neste interior carregamos feito
peso. Guardamos orgulhos, egoísmo. Olhamos para nosso umbigo. Exibicionismo,
quantos caprichos! Somos mesquinhos. Que
mundo eu desejo para o meu próximo, se não souber me redimir?
Ainda
há tempo de me purificar, de ser maleável, de reconhecer meus defeitos
(tantos!). Espero sair deste sufoco bárbaro em que estou vivendo nesses
meses... Sem saber de um retorno, de um
rumo certo com o mundo, com o outro, com países diferentes.
É
preciso consciência para voltar a um
convívio mais humanizado.
O
mundo precisa de gente de verdade...
Que
sejamos mais concretos: mais cheios de calor humano.
Quero
começar desde agora a fazer a minha parte.
Neste
espaço de tempo me conheci e reconheci meus defeitos e erros.
Sou
humano, nunca é tarde para um novo mundo
Recomeço,
assim quero e me vejo...
Desejo
que cada um faça a sua parte
Como
gente...descente.
Florianópolis,
27/06/2020
O
choro da vela
Um
pavio que queima
Que
arde e chora
A
força que zela, que vela
Vela
a fumaça erótica macabra
Que
espirra feito ira, vela o choro.
A
vela se apaga junto à brisa
Vela
negra obscura o prenúncio
Da
discórdia, da tristeza escondida
A
chama amarela, vermelha ou branca
tem
forma e cores: amores e dissabores
Vela
a chama brilhante, reluz qualquer rosto desfalecido, falta gosto
Vela
acesa que seja romântica
O
fetiche que aguça, encontros, desejos e romances. ela vacila deixa marcas
profundas, dor amor...
Vela
tem cor, luz, movimentação em qualquer coração, o choro da vela anuncia,
apavora, revigora.
Fé,
amor, confiança, esperança
Vela
a chama que apaga não tem hora
Vela
negra obscura o prenúncio da discórdia da tristeza escondida
Vela
chama que arde, pavio curto
Uma
faísca, feito um raio que risca
Vela
clareia qualquer sombra, a fagulha limpa, que espalha pelo ar, a essência
escolhida, perfumada e romântica
Vela
a luz que clareia qualquer alma necessitada, a qualquer momento ela apaga
...deixa marcas
Vela
o pavio que vela, que brilha
Um
rosto sem viço: Vela que seja acesa em vida, vela se esparrama feito lama
Vela
chora feito anjo no escuro
Vela
azulada enfeitiça qualquer mente embaraçada, vela das fagulhas iluminadas. Vela
a chama que levanta que abaixa, vela mística das bruxas, orixás e anjos. Vela
que espirra a fumaça e a chama que queima...
Vela
que vela tantas vidas sofridas, perdidas, amadas e amaldiçoadas
Vela
que seja a sua cor preferida...
Florianópolis,
26/06/2020
Amor além da pandemia
O
amor não voa
Se
doa. É a cura
Pra
quem ama
A
pandemia aguçou o amor:
Perdido
uniu corações, devoções.
Humanos
ficaram sensíveis, receptivos e amáveis.
Os
amigos mesmo distantes não negaram colo
E
mesmo sem abraços não faltou amparo.
Fomos
testados por todos os lados
O
amor provou: ser maior mesmo aos descasos e percalços
O
amor não é fogo, mas espalha brasas,
Amor
não se mede, se sente
Amor
não tem rosto ou corpo
Ter
a capacidade de amar é a maior emoção do sentimento humano, felizes que sabem o
valor do amor, nada é fácil sem esforço, amor requer, para o amor não existem
regras.
Sem
amar uns aos outros não chegaremos a lugar algum no topo
Amor
verdadeiro não tem interesse
Amor
não se cansa, é sereno suave e calmo, amor não tem rancor ,amor divide soma
perdoa
No
amor não existem barreiras, nem fronteiras
Vivemos
e sentimos a mesma linguagem sem conhecer idiomas, o amor vencerá qualquer dor
que possamos nos enxergar, a dor que esmaga, afoga o amor supera.
O
amor é tudo aquilo que sinto
Pela
vida, e pela tua subida
Amor
não tem recaída.
Em
mim o amor exala por todos os poros, e cantos do universo nasci de dois corpos,
o amor a essência divina amor supera toda a dor, da alma sofrida.
E
a chama poderosa, não morre, não é vela e zela.
Viva
o amor a cada dia, sem mazelas
Magoas
e rancor...
O
amor ama... toda a existência
Desta
e outras vidas, é a força que suporta qualquer vivência que seja a vida...
Florianópolis,
25/06/2020
Festa
colorida
São
Antônio, São João
Enfeitei
todo galpão
Na
espera de um amor
Quero
entregar - me por inteiro
Pode
ser um amor feiticeiro
Espero
um amor verdadeiro
Não
sou lâmpada, tenho luz
Não
sou fogueira, tenho chama
Em
mim tudo arde feito brasa
Estou
à procura de um coração
Que
não me iluda e me ame
Não
sou palerma, nem banana
A
vida voa, tem pressa acelera
Linda
estrela que conduz
E
brilha nessa estrada
Viver
sem amor
É
mesmo que viver
Num
jardim sem cores e sem vida
sou
uma artista
Nesta
estrada comprida
Eu
quero dançar na rua
Mesmo
que não faça lua.
Florianópolis,
20/06/2020
Sal
Sal
da terra ,o remédio que cura qualquer fissura ,sal o tempero da vida
Sem excesso , hipertenso não pode
Na
língua o sal belisca, sal é vital em todas as vidas que seja em dose homeopatia
, a pressão avisa .
Sal
o tempero usado desde os tempos primórdios
Sal
tempera ,conserva ,desinfeta a ferida mais fétida e neutraliza a ferida mais
ferida
O sal escalda pés e alivia tensões
sal
deve ser usado com moderação em qualquer comida
Nele existe frescor: queima as impurezas e
todas as brigas e mandigas manchada na alma
Sal
interrompe , a limpeza mais correta
Assim
como o fogo que queima ,o sal purifica e limpa .
Sal
que protege a estrada de quem acredita
,sal que energiza ,sal o cristal daquele que acredita : A pureza divina sal
escalda pés ,alivia as tensões
Sal
que espanta maus espíritos, e todos os maus fluidos .
Sal da terra o alimento o tempero da vida das
águas corridas
Sal
que seja na medida e que seja na comida , sal não é crença
mas a força poderosa está presente em todas as bocas, nas mesas e nas crendices
Sal
o tempero o gosto que não falta
Nas
melhores receitas culinárias .....
Florianópolis
14/06/2020
Entre
o joio e o trigo
Separar
feito peneira:
A
melhor maneira
Entre
a cruz e a espada haverá escolha?
Vi
estrelas, mergulhei na profundeza
No
luar namorei, amei,
no
escuro, me deparei com o feio,
nas
pedras me machuquei
Enxerguei
todos os lados e pecados.
Pisei
meus pés, calejei-os,
conheci
de perto refúgios e medos
saboreei
o gosto amargo e obscuro.
Aprendi
a perdoar nas quedas,
No
precipício me vi desfalecido,
No
vale, senti o sabor que desconhecia.
Compreendi
que a vida tem várias facetas,
Não
é lua, mas cheia de aventuras,
Nela
a vida é feita de etapas
Existem
lados, fatos, faces e muitas portas
Nem
sempre abertas.
Livre
arbítrio: sou eu que escolho o caminho.
O
sol nasce em cada amanhecer,
a
lua surge ao entardecer
Não
vemos nos dias o mesmo brilho
As
tempestades, no final da tarde,
Se
fazem presentes.
Das
catástrofes, tiramos a lição:
-
Quem ama nunca se engana.
São
muitas caminhadas e portas feitas de comportas
Se
não as seguirmos à risca,
A
vida capota.
Com
nossas escolhas, deixamos pegadas.
-
Qual será a porta mais certa?
Para
segui-la sem dor e sem peso na consciência,
não
existe uma regra.
Na
conta se passa a régua, tudo se acerta.
Das
experiências que prevaleça a do amor.
Por
todo o caminho sou eu quem carrego a cruz
O
joio do trigo sou eu quem separo
Qualquer
reparo é feito,
Qualquer
efeito com defeito é refeito
As
escolhas, somos nós quem decidimos.
Certos
ou errados somos os donos dos nossos destinos.
-
Assim vejo!
-
Assim será!
Florianópolis,
06/05/2020
Na
cor do arco íris
Vi criança
feliz
Vi
sol ,vi chuva, vi cores
Vi o menino
Jesus sorrir
Vi a areia do mar voar
no
ar me confundir
Vi
pássaro mergulhar
Vi a cor do céu se misturar
Vi
a água se transformar
Vi
sereia cantar
no
entardecer
Vi
uma mistura de furta cor
Vi
cada cor num piscar vibrante
Vi
cada cor em mim ficar.
Florianópolis,
06/05/2020
Em
mim
Neste
silêncio aparente,
No
peito, um barulho explode.
Procuro
respostas, me questiono.
A
saudade é a dor mais constante.
Não
mata, mas maltrata.
Procuro
manter a calma, a cabeça roda entre as plantas que cultivo.
Olho
para o relógio, conto as horas, neste espaço me perco no tempo.
Aqui
não vejo alegrias, me sinto sem colo. Sem abraços dos filhos e netos, nem de
amigos, me perco do mundo lá fora. Vejo (nos noticiários) corpos humanos
inertes. Ouço choros de dor . Em luto,
ainda que distante de todos, oro e torço. Por todos, pelo mundo em que tudo é
tão confuso.
Rogo
por dias de glórias e vitórias. Por alegrias, por todas as vidas humanas.
A
Pandemia não dá trégua. O vírus se alastra, se espalha noite e dia, nas ruas,
avenidas, estradas, favelas.
Não
poupa vidas. Enfurecido, afoga e mata: Me sinto sem forças abalada, angustiada.
Mesmo
sendo otimista, sinto pela demora. Não encontro uma saída pra agora. Sem vacina
não se pode prever quando tudo se acalmará.
Neste
momento exato, pego um álbum de fotos e mato a saudades.
Meu
peito não suporta tanta falta.
Olho
a foto da minha avó que falava da tragédia que levara toda a sua família: a gripe espanhola (Faz
tanto tempo que ouvia essa história).
E
hoje (parece ironia), estamos vivendo a peste do século chamada corona vírus.
Convivência
no meu quadrado
Confinado
neste quadrado
Me
sinto um solitário
Só
olho da janela do quarto ,assustado ,cheio de medo, perdido no tempo , eu choro
,não sei o que faço ,tudo é incerto, me sinto refém desse vírus às soltas nas
ruas
Estou
privado de tudo e de todos
Estou
clamando pela minha liberdade
Sinto
-me uma criança sem colo
Perdi
o sentido
não
sei mais qual foi o último dia que fui caminhar na rua, conversar com a vizinha
Não
sei quando volto a me encontrar com o mundo lá fora
É
tudo estranho!
Não
sou mais o mesmo
No
meu lar padeço todas as dores
Neste
momento me sinto sozinho
Não
vejo olhares
Faz
tempo que vejo a quem mais amo só
por vídeo chamada .
Será
que me esqueci de orar ?
Ou
não soube amar ?
Ou
será que o universo devolveu tudo aquilo que joguei no ar
Estou
cansado de esperar todo esse pandemônio parar de infernizar .
Será
que vai demorar ?
Ou logo vai terminar ?
Será
que este mundo obscuro um dia vai clarear?
Florianópolis,14/05/2020
Pós
Pandemia
Como
um bom filho, retorno ao mundo
fortalecido e revigorado. E recomeço num mundo novo onde tudo foi regenerado
(assim espero!).
Naquele
universo no qual o homem não enxergava o outro ser vivente, correntes de ódio geraram relações
típicas de guerras civis e consolidaram os piores vícios em nome da
autossatisfação. Cansei de ser perverso. Quero deixar pra trás as mazelas e os
ranços. Voltar por inteiro: novo, reciclado, repaginado.
Quero
ser o meu melhor dentre os humanos e que não me falte amor, mesmo que ninguém
veja a minha mudança. A lição vivida
valeu a pena, mesmo a duras penas.
Neste
reencontro comigo e com o novo, quero conservar os amigos antigos. Junto deles,
fazer tudo o que estiver ao meu alcance.
Quero
ser mais paciente, ter mais bondade, mais caridade. Saber ouvir, dividir cada
momento e, a todo instante, ser mais constante. Estender as mãos, ter mais
devoção (somos todos irmãos, sem distinção).
Se
nada fiz em vãos dias, não quero seguir de mãos vazias. Quero ter mais cuidados
com Mãe Natureza e os animais. Levar alegrias. Irradiar paz.
Em
cada passo dado, quero sentir a leveza. Quero ver mais sorrisos soltos e
abraços sinceros.
O
mundo não será mais o mesmo: uma nova era nos espera.
Florianópolis,
05/05/2020
Meu
sol
És
o sol dos meus dias, alegria que aquece minhas noites frias.
Teus
braços desejosos me acolhem. És meu conforto, meu ombro, meu colo.
Teus
abraços são os mais gostosos e carinhosos.
Teu
encanto é doce mistério de beijos molhados.
Nossas noites desejadas são cheias de ternura.
Tudo
em nós é libido: corpos nus e perfeitos que se encaixam.
Somos
pura energia!
Coração
e paixão,
Fogo
de verão
Somos
o desejo em forma de pecado.
Sem
nojo, mergulhamos juntos nesse caminho de desejos,
na
rede, na esteira, na cama ou na grama, a pegada mais descansada
Em
nós, tudo é chama que ama.
29/04/2020
O
mundo e o luto
A
dor se espalha mundo a fora.
Dilacera
corações, esmaga e amarga multidões; estraçalha almas. Emoções desalinhadas e
perturbadas, milhões de vidas “abandonadas” nas valas.
Um
vírus devorador de humanos fechou casas, deixou pessoas acuadas.
Rostos
cobertos, ruas infectadas. Máscaras: o acessório que virou moda!
Enquanto
isso, homens de braços cruzados na troca de farpas.
Estamos
assolados por todos os lados: confinados num quadrado. Respeitamos a
quarentena, enquanto ele, na teima, mascara o risco.
Por
debaixo da maquiagem há quem não veja, disfarce ou chore pelas mentiras
enrustidas, pelas trapaças que devoram a memória.
O
povo vive luto, medo e preconceito. Já a cúpula lava suas mãos na pia de
Pilatos.
Meu
olhar se perdeu neste silêncio aparente. Um barulho enorme me invade. Meu peito
explode. Sou de carne. A saudade é a dor mais constante.
Cada
dia é uma incógnita, a incerteza é a sensação mais premente.
Com
tanta tristeza no ar, me sinto sem chão.
Meu
coração chora a cada hora por todas as famílias desesperadas, inconformadas,
enlutadas.
Quantas
vidas precisam ser perdidas, ainda?
Pelo
descaso daquele Palácio tantos corpos foram abandonados!
E
no escritório do ódio:
-
Sabem com quem estão falando? Sou o dono de tudo. Aqui eu mando e desmando,
privilegiando meus meninos.
Enquanto
isso eu oro e torço para afastar o vírus devastador que assola o mundo que
chora o luto de inúmeros queridos.
Noite/
madrugada/dia
29
Que
noite mal dormida
São
exatamente três horas da manhã, na rua o silêncio impera
No
quarteirão do bairro, nenhum galo canta,
cachorros
acuados e todos dormindo
Só
eu acordada até agora
Aqui
neste recinto escuro, mesmo seguro, eis que uma nuvem negra
chega
invade o meu corpo. Quanta ardência!
Esses
terríveis pernilongos de longa data me incomodam:
sou
alérgica não uso inseticida!
Olho
próximo da cama, vejo uma raquete elétrica.
Aí
começa uma briga intensa, a raquete, eu e os mosquitos
enfadonhos,
apavorantes, fazendo zumbido nos meus ouvidos.
muito
estresse,
ninguém
merece.
mesmo
chatos não são piores que este tal corona invisível aos nossos olhos, e imprevisível.
Se
embrenha a qualquer hora
Rouba
qualquer paciência, é desumano, não poupa: a guerra mais medonha da face da terra .
Vívida
besta de dois mil e vinte
Não
poupa aterroriza e mata. Coisa séria!
O
assoalho ficou todo bordado de sangue e de mosquito.
Não
há nada como uma raquete elétrica, mas quem me dera uma noite de sono bem
dormida!
Florianópolis
,14/04/2020
Tédio
Esse
tédio esse vazio
Me
causa cansaço desconforto
Um
grande desgosto
Já
fiz tudo o que podia o queria e o que devia pra sair dessa nostalgia
Essa
aversão me devora noite e dia, já passou a quarentena.
Estou
ainda isolado neste recinto
Me
sentindo angustiado
Confinado
de tudo e de todos e do mundo, e sem resultados da vacina tão esperada do
Corona.
Estou
aqui na espera: me sinto amarrado. Pés atados. Incapacitado de ir lá fora.
(Quem me dera! Só se for bem equipado e de máscaras.).
-
Olhar lá fora?
-
Só se for da janela.
Os
dias são intensos, as noites intermináveis só ouço notícias doentias, estou
perdendo a calma. A rotina virou brincadeira.
Durmo,
levanto, me sinto um robô.
Rego
as plantas, lavo, passo, cozinho, canto, leio, releio, me olho no espelho. Ah,
não me esqueço: rezo.
A
única segurança é que estou num cafofo com comida e água. Mesmo numa casa não
está sendo fácil!
Aqui
estou a pensar nos pássaros engaiolados, nos cachorros acorrentados, nos leões
enjaulados
Estão
sufocados no seu próprio habitat. Estou preso, sufocado por um vírus invisível
e devorador de gente.
Da humanidade faltou mais bondade, caridade e
humildade.
O
homem se perdeu no caminho, só perversidade, só maldades.
Resultou
nesse tédio louco, avassalador e nojento que estamos sentindo na pele. Os animais
(indefesos) sentem, na carne (e já faz tanto tempo), esses efeitos provocados
por nós, racionais.
E
assim caminham os Humanos!
Que
possamos praticar a lei do amor e aguardar dias mais suaves. O tédio é só mais
um teste: um desconforto necessário para rever nossos comportamentos e hábitos
de vida.
Um
mundo a parte
Eu
sou breu, eu sou a sombra
Eu
sou a alma que grita
Eu
sou a morte viva, eu sou a vida
Eu
sou a estrada perdida
Eu
sou um mundo a parte
Eu
sou o jeito mais que imperfeito
Eu
sou o lado do avesso
Eu
sou gente,eu sou existente
Eu
sou resistente,eu sou resiliente eu sou
paciente,eu sou potente
Eu
sou imponente, eu sou impotente
O
meu interior se esconde, até o pior de mim: e ninguém me percebe e entende .
Eu
sou solitária, sou Estrela, sou poeta, sou menina, sou criança, sou feminina,
sou vaidosa, sou verdadeira,sou mentirosa,sou íntegra.
Eu
sou um mundo desperto: sou dispersa, orgulhosa,
eu sou a paz, eu sou a luz, eu sou a água, eu sou a lágrima
Eu
sou a
águia, eu sou tudo aquilo que quiser me enxergar!
Dentro
deste meu mundo ,deste meu universo interior, só eu me enxergo, só eu posso me
entender
Só
eu posso comandar.
Eu
sou o breu, eu sou o fogo, eu sou água, eu sou terra, eu sou a poeira ,eu sou
ar que me inspira
Esse
respiro que transpiro e que inspiro tudo aquilo que eu quiser
Este
meu ser diferente, nesta órbita contundente
e estridente
Eu
sou mais um neste espaço quadrado,confuso, estreito
E
restrito.
A
porta sou eu quem abro, me recolho ,me escolho
Eu
sou tudo aquilo onde me incluo. Não quero ser rotulado, não quero ser
pressionado, não quero ser asfixiado ,não quero ser expurgado
No
ralo. Eu sou um mundo a parte,escondido
aos olhos de quem não percebe os meus desejos
Eu
sou um mundo a parte
Eu
sou tudo aquilo que quiser que seja. Eu sou o pecado mais sujo
Eu
sou a brandura e a candura mais pura deste planeta. Eu sou a
mistura de tudo aquilo que existe na essência humana ...
Eu
sou um mundo à parte
Eu
sou a minha melhor parte
A
luz que invade por onde me faço presente.
Uma
mistura louca
[CAMARGO,
Wanda; NOBRE, Marlene Xavier. Palavra de Mulher. Instituto da Memória, 2019]
Fala
da tua dor, esta que amarga
E
quem não viveu um amor?
E
quem não aprendeu a olhar para um irmão ou para aquele que precisa de um olhar,
e quem vai viver neste mar? Nele há muita lama
O
homem se perdeu no lugar, não há mais espaço, neste labirinto
Sem
ar, nesta disputa insana,
Ninguém
se engana. Só quer fama.
Na
estrada, há muita espera, nesta
Que
precisa de muita calma, nesta hora,
A
estrada é comprida e longa
Pisa
fundo e sem lembrar que o outro sangra uma dor profunda que não estanca.
O
mundo é uma roda que gira, hora em cima hora em baixo.
Abre os olhos. A vida é uma escola que ensina
a toda hora.
O
vento não poupa. Ele enfrenta e arrasta,
Não
espera, mata
tira lhe a vida, é voraz, e quem só viveu por
amor, e quem não sentiu uma dor
Que
lhe esgana é tirana.
E
quem desprezou uma dama
Aquela
que se espalha que exala
E
quem se esqueceu de olhar
E
quem não olhou para o mar
E
quem só viveu no ar, não soube respirar, se esqueceu de amar
E
quem não provou o fel não soube beijar, e quem não estendeu as mãos se esqueceu
só pisou no chão
Mas
viveu na escuridão.
E
quem apagou a vela, e quem não olhou a chama, se esqueceu da panela, e quem
humilhou se esqueceu das voltas que são tantas
E
quem suspirou na cama se entrelaçou nas pernas.
E
quem não sentiu a poeira na cara
Coisa
rara, um dia levará uma pá de terra, e quem se esqueceu que aqui é um mundo
ilusório e de provas.
Engana-se.
Seja
simples, seja humilde. Aqui só há provas, não te afoba.
O
mundo é imenso, mas cheio de enganos, aqui tudo passa, o mundo dá voltas, nem
que seja na lama, a fama é igual façanha, não soma em nada, só não pára a roda.
Tudo
gira em torno da vida, até a cabeça que ignora o valor, o sabor e o prazer que
a vida mostra, ela aprova e reprova até a consciência
Mal
informada que aqui tudo fica
A
raiva, a ganância até às mentiras
Daquele
que não ama a vida.
Herança.
Florianópolis, 05/06/2019
Herança
não é balança, mas balança.
Herança:
a esperança
Herança:
a bela! A poderosa!
A
endividava, a endinheirada!
Herança
a meia farta, atrás das moitas naquela casa.
Herança
deixada, uma roubada
Herança
uma bolada. As malas cheias, muita grana, casas ou joias
Da
menina deixada na estrada.
Herança
não é bagunça, nem barcaça, nem marafa.
A
herança que os olhos não viram, pois sumiram com o chumaço que escondeu no
travesseiro.
Herança
daquela carroça sem rodas, do carro sem freio.
Herança
que acaba em provas.
Herança
que ninguém suporta, pois incomoda igual praga.
Dá
briga e intrigas. Parece fuga.
Herança:
a menina dos olhos daqueles que esperam sem nenhuma ajuda. Herança: a heroína
de mãos atadas, sem ajuda e sem partilha.
Herança
que precisa ter provas.
Herança
bem vinda!
Herança
maldita.
Herança
de pobre: nem a toalha, pois nem restam migalhas.
Herança,
a maior deixada: caráter, dignidade, respeito.
Herança
que todos enxergam. Herança: a menina dos olhos deixada na estrada da vida...
Herança
que seja deixada nem que seja no cabo da enxada...
Felicidade.
Florianópolis, 04/03/19
Felicidade
não demora brinca e vai embora. A
felicidade é como o doce que se come e não enjoa. É igual a uma criança que
brinca e não se cansa. É a flor em botão. É a beleza mais pura que aguça todos
os sentidos.
Felicidade,
quando parte, deixa um coração que arde num vazio. Felicidade é como
identidade: cada um tem a sua, não tem hora, não tem idade, mas tem
memória. Felicidade é uma alegria que
anestesia.
Tirar
a alegria é não saber deixar o outro expressar a felicidade que contagia.
A
maior felicidade é aquela que não tem uma causa aparente.
Sinto-me
melhor a cada amanhecer. Acordar.
Respirar. Pisar no chão. Felicidade
não se esconde. Ela está presente. É só abrir a janela. É saber olhar a luz do
dia, o sol que brilha.
A
maior felicidade é aquela que não existe
uma causa.
Felicidade é estar. É sentir. É estar aqui. É acordar a
cada amanhecer. é respirar. É pisar no
chão. Felicidade é a capacidade de me amar e amar o outro. Felicidade é um estado onde brinco e cultivo
esta criança. Felicidade, quando voa, vai embora. Não espera. É uma mistura de
saudade que demora.
A
felicidade não se esconde ela está em qualquer mato. É só saber escutar o
cantar dos pássaros: são felizes e não
esnobam, cantam.
A
felicidade maior é onde repouso os meus sonhos sem nunca pensar em desistir.
Felicidade
roubada é retirar os direitos. É tirar a mesa farta. (Ato que maltrata os boias
frias). É tirar a alegria das ruas, das calçadas, das vielas e favelas.
A
felicidade não se esconde, pode ser um disfarce daquele que não enxerga a
beleza da vida.
Caminheiros
Florianópolis,
15/03/2019
O
mundo precisa e clama pela paz
Por
mais Amor entre os povos
Não
é preciso ter o mesmo idioma
Temos
coração. Somos irmãos fraternos.
Que
sejamos amáveis, educados e dóceis com aquele que precisa de colo e de consolo.
Estamos
na estrada da Vida,
Somos
caminheiros do mesmo destino
Somos
Humanos e sentimos dor.
Fomos
feitos do amor de corpos: temos a mesma roupagem de carne
Paz
na terra é o que está faltando nestes últimos tempos.
Amai-vos
como aquele que nos ensinou:
‒
Jesus... O Amor.
Devastador
O
devastador é aquele que a luz do dia tudo pode.
Tudo
fica às escuras nas suas mãos. Uma flor é uma arma a luz do dia (muita
patifaria, muitas desavenças, desordens públicas).
A
luz do dia será do dia só o que eu via e ouvia.
Eu
bem que sabia. Eu pressentia tamanha bagunça e enorme baderna.
Salvo
os economistas ninguém enxergava (à luz do dia!) que o dinheiro corria (Era a
maior festa). Disso eu sabia, eu avisei.
Eu
só ouvia: “salve o Mito” (a maior histeria!).
Malditos
(agora muitos arrependidos, a maioria escondidos igual caramujos), por onde
andam? Os Meninos sumiram, escafederam-se. Foram dar uma espiadela na lua que
estava sangrando. (Talvez estivesse com vergonha).
Para!
A ignorância dessa trapaça foi feita por detrás dos panos (se não fosse aquele
juizeco...).
Acorda
para a realidade, sua besta! O mundo está farto, está cheio chega de Laranjas
(só gosto de suco de bagaço) estou fora. Ainda bem que existe o liquidificador
(menos mal! Uma boa invenção com trava de segurança!). Deixa disso. Há muitas
cabeças na bandeja. Agora é só esperar. A desgraça está feita. Daqui a alguns
anos (com todo o meu respeito) que se lixem os burros. eu avisei. São tantas as
perguntas e tão poucas as respostas.
Estamos
todos envoltos num grande Marasmo do qual não damos mais conta. Só queremos as
contas. Tudo virou um grande precipício. Estamos a caminho de um grande
colapso. Há muitos morcegos. Por detrás de muitos disfarces existem muitos
mistérios.
Quantos
laranjas nesta fuga?
Enquanto
isso, ficamos no aguardo!
Está
tudo exatamente tudo errado neste jogo sujo (que nojo me dá). Já não consigo
mais engolir tantos absurdos. Até armamentos! Presente “devastador” é esse jogo
sujo que tanto vimos. Não somos os errados (mesmo sendo minoria). Não são
somos culpados, pois não fomos
convidados para esta festa horrenda onde o brinquedo se tornou banalidade. Não
existem mais bons exemplos nesta corte pobre de entendimento, pois os
milionários estão por cima de tudo e de todos. (E que se dane o povo.). Ah! Eu
avisei. Só não ouviu e não viu quem não quis. Fico pasma, pois o ódio venceu e
deu a faixa para este Homem que nunca me convenceu.
O
Errado
O
mundo está correto, está tudo certo.
Foi
construído pelo Homem do Bem.
Foi
feito em sete dias, Ele sabia.
Os
índios foram os primeiros, ganharam o terreno. Muitas terras se firmaram (não
precisaram de gente que se diz entendida).
O
homem ficou primitivo, está um arraso moral com ele tudo é ilegal.
O
errado está com quem?O errado está na cabeça, está na caneta ( não de pena)
O
errado está naquele que quer empurrar goela abaixo (o errado está todo errado).
O
errado está na ganância, está na presidência.
O
errado está na falência.
O
errado está na secura da fome e da ignorância.
O
errado está nos olhos daquele que não enxerga a verdade.
O
errado está na incoerência, está na intolerância (o errado está na
discriminação das lésbicas).
O
errado está na bagunça.
O
errado está na extravagância.
O
errado está nas matanças daquela gente indígena e sem defesa.
O
errado está na pobreza, nas misérias.
O
errado está na idolatria de um homem que não sabe o valor do suor do rosto.
Está num homem que está às cegas ou se faz de...
O
errado está por todo lado.
O
errado está num homem acorrentado, sem voz e sem vez da palavra que arranha a
garganta, que sufoca e que maltrata e mata.
O
errado é trabalhar, suar a camisa, se aposentar e mal ver o salário.
O
errado é não ver o dinheiro!
O
errado é pagar tantos impostos com o bolso quase furado.
O
errado está no ódio que te explode e que te faz doente.
O
errado está nas cabeças fracas não pensantes.
O
errado está na cara de quem não enxerga a verdade.
O
errado está na boca: na malícia daquela mulher que brinca.
O
errado está no ar, está por toda parte.
O
errado está naquele castelo.
O
errado está na Rampa “Tudo Errado”.
O
errado é só o começo de tudo.
O
errado está naquela arma que foi liberada.
E
que acertou a vereadora.
E
que acertou a menina.
E
que acertou a vizinha.
O
errado erra por todo o canto da cidade.
O
errado está no país que tanto amamos.
O
errado... Onde mais ele está?
Meu
lindo menino
Você
apareceu de mansinho
Bem
devagarinho
O
céu estava calmo sereno e límpido
O
mundo recebia meu menino
Envolto
de amor e carinho
Num
dia iluminado de paz luz e harmonia
O
sol sorria de alegria
Pássaros
felizes entoavam em coro uma linda melodia
Saudando
a tua vinda para a vida
Raul,
o teu nome contagia
É
pura emoção e alegria.
És
a força do amor
És
belo, és terno, és o sorriso mais bonito de um menino,
és
cativante
Tens
o olhar penetrante.
És
um anjo
Em
ti tudo há encantamento:
teu
balbuciar teu engatinhar.
De
descoberta de um novo mundo latente (e que seja permanente!)
Esperançoso
por um horizonte.
Sinto-me
estonteante, quando em meus braços te recobri e te acolhi
Até
o rasgar dos teus dentes acompanhei tuas mamadas
As
tuas papas e os teus banhos.
Meu
pequerrucho, a tua chegada foi bem vinda às nossas vidas
És
o fruto de um amor puro e verdadeiro
Que
celebra essa linda criança
Tu
és a esperança, és a luz que brilha a cada dia
És
o sol que faltava dentro da minha história
E
que seja a mais bela, meu lindo, belo e querido menino chamado Raul.
Fé
A
fé que nos move, que nos fortalece,
Que
nos orienta, que nos dá um norte,
Que
nos renova, que nos faz crescer,
A
fé que está latente e presente dentro de mim, do meu ser, do meu Eu.
A
fé é a força maior independente de crenças e de religiões.
A
fé que nos faz acreditar num ser maior: num anjo, num santo, num mentor
A
fé que nos faz dividir tudo o que temos de melhor:
Nas
nossas orações emanamos amor
A
fé nos deixa mais sensíveis e humanizados
A
fé que nos faz ser mais devotos
A
fé que nos faz crer numa força maior
E
que nos transporta pra qualquer lugar
Só
a fé nos fará suportar nossas provas tão árduas
A
fé não se mede, não se enxerga
A
fé é sentida, é ouvida
A
fé é a força iluminada seja por um anjo, um mentor, amigo que alivia a nossa
dor
Não
importa qual seja a sua crença
A
fé nunca nos abandona. Está presente nos momentos que estamos mais fragilizados
e sofridos
Que
nunca nos falte esta fé ardente que nos faz acreditar que não estamos sós
Esta
força imensurável que nos faz vencer todas as barreiras e tempestades
Ela
nos faz crescer, acreditar
E
vencer.
A
fé que temos bastante
A
fé que todos nós temos (basta querer):
–
Orar, ajoelhar, entrelaçar as mãos e pedir.
Esta
fé que está em mim e que não deixo sair
que
nunca falte para seguir em frente.
Homenagem
Morgana,
Teu
nome tem cor
Soa
como beija-flor
é
receptáculo de amor.
Ės
a paz que acalma e conforta
Àquele
que pede ajuda dá o colo
Teus
olhos remetem esperanças
Não
há dúvidas
Ės
a luz que guia os dias
Teu
olhar revela carinho vindo da alma
Que
é bonita igual a menina que brilha e brinca
És
serena, és calma, és carinhosa
Uma
joia cara e rara.
Tuas
mãos são precisas e certas, são sagradas, abençoadas, são o acalanto
E
o alento para uma dor em pranto
És
um ser sensível. Conheces cada alma sofrida
És
especial, abençoada
Por
todo aquele que te espera nesta caminhada.
Teu
sorriso bem dado, teu cartão
Da
porta de entrada, simpatia que irradia
Que
invade a alma. Que nos acalma.
És
a flor que amor exala
És
a fisioterapeuta mais afável do planeta.
Um
pouco do amor
Quem
ama sabe estender as mãos
Quem
ama é mais sensível e mais receptivo
Quem
ama não sente inveja, nem caçoa
Quem
ama não tem vergonha, nem se enfadonha
Quem
ama tem esperanças e acredita num novo amanhecer
Quem
ama não ludibria, não é covarde
Quem
ama divide e soma, e perdoa
Quem
ama não faz cara feia, não é egoísta, não derruba
Quem
ama não é vacilão, nem vacila
Quem
ama não é mesquinha, não apavora, nem
rouba a cena
Quem
ama não faz cobranças. Quem ama planta
Quem
ama não se cansa, se doa
Quem
ama não escolhe, nem se recolhe
Quem
ama é mais feliz, sabe sorrir
Quem
ama é persistente, é conveniente
Quem
ama não torce o nariz, nem tem vergonha
Quem
ama é convincente, é mais contente
Quem
ama é mais feliz, perdoa e ama
Quem
ama é capaz de enxergar, mesmo no escuro
Quem
ama não se abala nem com fofocas
Quem
ama tem um coração cheio de amor
Quem
ama sabe tudo do amor e não se engana
Quem
ama sabe o valor da vida que é tão
bonita
E
que tem que ser vivida por todas as vidas
Quem
ama não se esquece, se cuida...
E
ama o próximo como a si mesmo: esta é a
máxima.
Enxerguei
um irmão
Na
dor, enxerguei o amor
Não
me esqueci de um irmão
Nos
caminhos ficaram as pegadas
Encontrei-me
com pedras (e foram tantas!)
Foi
através delas que subi nas escadas
E
não desisti da vida, mesmo cansada
Fortaleci-me.
Cresci. Aprendi a me conhecer
E
reconhecer todas as minhas imperfeições.
Conheci
cada irmão de jornada. Senti cada um. Não feri.
Preferi
me calar. Não apontei o dedo, mesmo nas horas mais difíceis
Se
não consegui ajudá-los, tentei dar o melhor em cada situação vivida e sofrida
Assim
preferi e, sem olvidar do escuro, fiz o melhor em meu melhor
caminho
Pois
gosto de desafios e de desafiar quem é contrário ao bem
Aprendi
com os erros. Não me escondi. Dei a cara a tapa, pois adoro a justiça
Nem
que seja a divina (esta é a mais certa e correta)
Vivi
cada dia, um após o outro.
Sou
paciente, pois a vida é feita de muitas belezas
Mas
existem mil bagatelas
melhor
dar abraços que dar tapas nos ombros se fazendo de lobos
amigos
encontrei, mas conto nos dedos e amigo mesmo é aquele que se faz presente mesmo
distantes e mesmo de longe nos conforta com preces
Não
quero deboche. Não sou fantoche, pois levarei até o fim dos meus dias tudo que
plantei e com o coração cheio de amor aprendi a enxergar cada irmão mesmo o de
sangue que me pediu a mão (esta foi a minha melhor doação)
Me
sinto mais leve, com o dever cumprido, a alma sorrindo
Almejo
um mundo com muito amor: mais abraços e que sejam sinceros
E
que seja breve, pois o amor que espalhei que doei me faz um ser mais feliz e
inteligente
É
tudo de melhor que faço.
Não
me gabo (é fato)
Pois
quem ama sabe como ninguém o valor e o calor do abraço
Os
caminhos são muitos que não nos esquecemos dos irmãos, nem dos amigos na hora
mais importante das nossas súplicas.
Pois
quem ama sente e ouve as suas dores.
Julgamento
(eleitora, mãe,
dona de casa, brasileira que quer um
país de iguais e cujo mote é: “Chega de desiguais e de corrupção!”)
Seu
juiz com todo o meu respeito
Também
quero respeito, mas, por favor, me faça ser ouvido
Assim
exijo, pois tenho direito. Qual foi o meu pecado?
Se
não matei e nem estudei...
Será
que este foi o meu erro? Vim descalço do
Nordeste, de uma terra de gente sofrida e humilde, mas boa e valente
Passei
fome, senti frio. Não fiquei na estrada
Não
sou de ferro. Sou valente. Não desisti. Sou cabra da peste
Se
a minha sina é pagar por algo que não fiz, deixe-me lutar
Mesmo
não sendo um diplomado (não cursei nenhuma faculdade por falta de dinheiro e
por ser mais um pobre)
Ah!
Mas de gente eu entendo (e muito!)
Trabalhei
noite e dia e paguei com o suor do meu rosto
Perdi
a pessoa que mais me entendia e me amava.
Foram muitas lutas durante anos, pois sabia o que queria (para surpresa
de muitos!)
Cheguei
no topo, me tornei presidente da república
Fui
o presidente mais votado do país pelo voto do povo
Não
trabalhei tanto para ganhar esta fama que não mereço
Só
a nata que não sabe o que é passar fome é que me difama
No
caminho encontrei muitos papagaios que me fizeram uma grande emboscada: uma verdadeira papagaiada (pra não chamar de
oportunistas e traidores!)
Me
sinto solto mas com as mãos atadas sem poder fazer nada
Seu
juiz, por favor, me deixe soltar o verbo
Só
quero explicar o explicável (não se faça de bobo)
Sabe,
não cometi erros
Sabe,
se pequei me perdoa sabia tudo o que fazia
Fiz
muitos projetos sociais tirei um povo sofrido da miséria mesmo não tendo
uma universidade
Não
foi por falta de um canudo nas mãos que
deixei de cuidar do meu país e deixei todos muito bem
O
que está acontecendo comigo é mais do
que perseguição
Seu
juiz, irei lutar até meus últimos dias de vida.
Não
sou bandido e tenho um nome a zelar
E
família
E
um povo que precisa ser cuidado
Que
precisa de saúde, educação, moradia, segurança
Por
favor me ouça
Ajudei
o país a sair da obscuridade
Tenho
forças e acredito na minha inocência
E
que serei absolvido desta palhaçada, deste golpe que criou o caos
Assim
como está não dá. O povo está a definhar
E
todos, com a corda no pescoço, estão pintando e bordando.
Lágrimas são como pérolas que transformam as dores em
bênçãos
Lágrimas que
lava a alma é um acalento é como
um rosário
Sagrado
que toca o coração do aflito daquele que
chora
Lágrima
de sangue é profunda: cura toda ferida (mesmo que seja fétida)
Lágrima de amor ou de saudade (esta ninguém segura!)
é forte, é doída, é sofrida, fere qualquer semelhante
A
lágrima de Nossa Senhora nos compadece
é mais que uma prece
é
alento que revigora qualquer criatura
perdida
tem
poder e força.
A
lágrima é o encontro entre a criatura e o criador
Só
Ele nos entende, nos compreende, nos dá colo, nos conforta.
Jesus
não chorou, mas amou, perdoou aquele que lhe apedrejou
Fez
das suas lágrimas um coração cheio de amor
Lágrimas
são pétalas caídas das mãos do Nosso Senhor
Lágrimas...
Quem nunca chorou de dor ou por amor?
Jesus
segurou e suportou cada lágrima rolada
que
caía do rosto de cada irmão nas suas mãos abençoadas (no seu momento crucial)
Maria
engolia todas as suas lágrimas: acreditou na força do seu filho salvador – o
maior da pátria verdadeira
O
maior exemplo de fé e de amor.
(Lágrimas
também são flores que nos enchem de esperanças
por dias bem melhores).
Carência
Acordei.
Não estava com a corda toda.
Do
outro lado da linha, recebia uma mensagem
Que
dizia:
–
Por favor, me ajuda!
Parei,
pensei e não revidei. Dei ouvidos.
Falava-
me que estava muito carente. Outra vez parei e pensei:
–
Será que estou entendendo a mensagem? Como pode?
Se
nascemos para sermos felizes, como ninguém nos entende?
Também
sou gente. Mas e daí? Cada um com o
seu umbigo.
Nesse
instante uma briga interna:
–
Será que a vida nos exige tal correria que parece estarmos numa escadaria? No
vai e vem do sobe e desce sem nos permitir que nos enxerguemos?
O
espelho (mesmo quebrado) irá dar a nossa
imagem
Ou
(quem sabe) nos mostrar mais belas, pois a beleza nos esconde.
Vivemos
tão deprimidas, sempre à procura de algo que nos dê um norte.
Esqueço-me
sempre de mim, mas tenho carro, conta bancária, dentes cuidados, vestes sempre intactas, tenho família (pode não ser
a mais perfeita)... Ah! O que preciso mesmo para não chegar à loucura, à porta
aberta para aquela depressão malvada?
É tão pouco o que preciso: receber mais
carinhos, colo, uma boa conversa fiada (pode ser até com a vizinha aquela que
me olha da cerca ou do outro lado da rua) já que o meu companheiro não me cuida
nem liga não olha que estou precisada de atenção ou de um afago talvez não tira a
mão do bolso, não descruza os braços,
parece estar amarrado ou com má vontade. Somos igual a uma ilha, mas ninguém se
entende. Somos gente, mas estamos sós com as nossas dores. Faltam mais amores,
mãos dadas, abraços apertados. E verdade. (Parece que somos fantoches cheios de
dedos, mas tão distantes do Eu).
Parece
que querem a minha morte precoce. Ninguém me entende...
Ouça-me,
sinta-me.
Sou
forte, mas estou carente.
–
Por favor, me oriente!
Preciso
de um companheiro ou quem sabe um amigo, não precisa ser marido.
Eu
tenho um trabalho e ajudo.
–
Por favor, me ajude. Estou carente!
Olhe-me
mais. Não demore. (só não pode ter sexo. Estou desacostumada.).
Mas
não estou pedindo muito, só estou querendo um colo.
SER
É
sentir cada alma
É
saber definir a dor que nela reclama
É
saber amar, abdicar.
É
deixar os desejos e fascínio
Da
carne. É saber amar, se doar mais ao outro do que a si mesmo
É
saber sentir o sabor, o aroma do mel,
O
amargor do fel, o perfume da flor,
O
doce beijo do amor
Ser
sensível é saber ouvir o amanhecer, o cantar dos pássaros
O
olhar da criança, o pingo da chuva,
A
luz da lua, o brilho do dia, as cores do arco Íris,
O
sorriso do menino.
Ser
sensível é sentir o cheiro da terra, a gota do orvalho
É
saber sentir, na pele, a dor do flagelo
É
saber sentir, na carne, como um atalho em retalho
Um
coração em frangalho que pede socorro
Ser
sensível é saber mesmo ser HUMANO.
São
Sebastião do Rio de Janeiro
Depois
de alguns anos de longa espera, cheguei naquela cidade. Era um grande sonho que
se transformava em realidade. Acompanhada de meus filhos, na cidade maravilhosa, fiz algo que me
marcará eternamente. Era um sábado, dia 20 de janeiro de dois mil e dezoito.
Eram exatamente quatro horas da tarde quando saiu da igreja antiga para a
catedral a tão esperada procissão do santo padroeiro daquela bela cidade. A
imagem do santo milagreiro era carregada no meio de uma multidão que parecia um
mar!
Neste
instante passava um filme na minha mente. Voltava o meu passado, quando ainda
carregava no ventre meu filho querido e amado chamado Sebastião um nome que lhe
carrega pra vida toda e com muita devoção fé e orgulho.
Jamais
vi tanta força um povo forte guerreiro sentia de cada pessoa uma energia tão
boa que me envolvia uma alegria me tomava.
Em
cada rua que passava, via, nas janelas, uma faixa de cor vermelha e muitas
pessoas nas sacadas de seus apartamentos jogando flores um encanto uma beleza
que se espalhava no meio da multidão. Via muito respeito. Tinha gente de todas as idades, muitos
idosos, muita devoção.
Todos
entoavam juntos. Era um potente coral de vozes de todos os timbres que rezava o
Pai Nosso como se estivesse clamando a paz do universo. Era de arrepiar.
De
longe avistava meu filho, estava com uma camisa encarnada. O suor escorria em
seu rosto, mas não se afastou um minuto sequer do lado daquele andor com a
imagem do seu santo protetor. não me cansava de agradecer (e bem de perto!) o
milagre recebido da promessa que seu pai fizera quando ainda eu o carregava no
meu ventre.
O
sol estava escaldante nesse dia. O asfalto fervia, mas ninguém desistia. Ali
tinha gente de muitos lugares de outras cidades e nós ali também meus pés
ardiam mais minha alegria era tamanha que fiquei até o fim desta longa e
abençoada caminhada. Na igreja, parecia estar sendo abraçada por uma energia
tão boa que me envolvia. Não me contive e chorei.
Meu
filho estava tão feliz e realizado que seus olhos brilhavam. Uma mistura o envolvia, pois um sonho de anos
se realizava: o de ter ido à catedral do Rio de Janeiro o Santo Guerreiro
Padroeiro.
Mas
o que mais me chamou atenção foi quando o padre abençoou os representantes e as
bandeiras de cada escola de samba. Que povo forte, de fé e muita coragem. Houve
uma grande queima de fogos, muitos balões de gás de cores vermelha e
branca. Em cada morro, em cada hospital
que a imagem passava, o padre dava sua benção. Foi uma procissão muito linda
que
marcou nossas vidas.
Minha
vontade de gritar minha devoção para o mundo era grande. Queria que me ouvissem
naquele instante, que me vissem ao lado daquela imagem. Muito obrigada, meu
santo querido, salvaste a vida do meu filho, recebi um milagre, mas, em
pensamento, consegui. Sei que ele me
ouviu fazer um pedido com fé, devoção e
muito amor. São Sebastião, mais uma vez te rogo: meu esposo está precisando
muito da tua ajuda. Conceda-me esta
graça, me faz um milagre. Ele te
suplica. Sabes que és o santo
milagreiro. Meu filho ganhou o teu nome santo que foi registrado desde a
minha barriga, quando precisei de socorro.
Meu
São Sebastião, se já era devota hoje trago cravado no meu peito o teu abençoado
e santo nome por toda a minha vida, pois meu filho te adora e te venera. Ama
com louvor este nome dado na sua certidão de nascimento.
Quando
precisei de ajuda te fizeste vivo na minha vida naquela cama de hospital me
pegastes no colo em nome de Deus e nosso irmão maior Jesus e salvaste com tua
garra e nem precisaste das flechas. Meu
São Sebastião, minhas lágrimas naquele dia se misturavam,quando ouvia aquelas
ave-marias.
Hoje
não tenho dúvidas da fé que sinto que esta
ardente no meu ser uma promessa
foi aceita naquele dia dezenove de
janeiro de mil novecentos e setenta e
nove quando quando não olhei para a
peçonhenta cobra jararaca, pois ela não enxergou a minha criança que carregava no ventre a fé e amor não se mede, se sente.
Esta
é a história de uma mãe e filho que juntos dividem um grande carinho, amor, devoção e fé. Juntos
acreditam na força desse santo
milagreiro.
Meu
São Sebastião, meu santo milagreiro, poderoso e grandioso, estás cravado na
minha vida. Ouviste o meu pedido, percebeste a minha angústia, recebeste minhas
preces. Meu filho te agradece pela vida
que devolveste naquele dia de amargura, pois rolava no meu ventre e pedia
ajuda. Santo, meu filho te venera e te
adora. Ele leva o teu nome para sua
história. O nome Sebastião é um nome de
vitória!
Fobia
Quantos
medos carregamos ainda
Nos
nossos dias.
Noticiários
cheios de ousadia
Há
muita covardia
Fala
sério! E se encha de coragem
Estou
me arrepiando amarelando com esta fobia
que não me dá trégua
Minha
cabeça está fervendo pegando fogo nela
há muito embaraços
Muitos
bichos, grilos.
Preciso
matar acabar de vez com este bicho papão que parece um leão
Já
enfrentei cobra jararaca não foi mole
Meteu-me
os dentes.
Prometi
outro dia na virada do ano
Que
iria vencer tantos bombardeios
Que
criei como fantasmas na minha fértil imaginação. Que obsessão!
Já
venci avião, matei um leão
Andei
num bonde (não foi do Tigrão)
Não
subi a colina, mas subi um morro.
O
mais alto daquela cidade agitada
E
tão bela subi muitas escadas
Conversei
com o Cristo Redentor que me olhou num sol escaldante que fervia a moringa.
Agora
surgiu uma nave na minha vida a
Essa
altura
preciso
enfrentar me deitar, embora não possa rolar,
nem
me debruçar, nem gritar
Esta
máquina escabrosa querendo me assustar está me dando insônia
Ou
me deito! Ou ela me devora (a ordinária da fobia)
Mas
que medo! Lá dentro me exige tempo. O relógio para.
Não
sou paciente. Tenho agonia.
Minha
cabeça roda, sai fumaça
Queima
os neurônios. Conto, nos dedos,
Carneirinhos.
Vejo flores. Faço bolo. Canto. Rezo.
Xingo o médico
Mas
resisto. Não peço socorro.
Questiono-me.
Jogo bola. Corro o campo.
Sinto
tudo: enjoo, arrepio. Tudo culpa da fobia. Os olhos arregalam as mãos
transpiram, perco a calma.
E
começo tudo de novo. Será se fico ou se grito?
A
cabeça: uma mistura louca
Muito
boba
Tudo
culpa da fobia que me segue noite e dia.
Preciso
não me agitar, nem pensar neste mal estar.
A
fobia ė indigesta. Atormenta. Transforma a vida numa agonia.
Não
é uma investida, é metida.
É
tenebrosa. Apavora até valente.
Dia
Mesmo
carrancudo o dia é lindo
O
sol está escondido
Os
pássaros sorrindo
Ė
mais uma nova semana que espera
Uma
segunda-feira que chega. Renasce
Sorriso
no rosto, mochila no ombro.
É
a vida que segue!
Chaleira
no fogo,
e
é tudo de novo.
Cachorro
latindo, gato miando.
A
chuva caindo, criança chorando.
No
jardim flores desabrochando
Macaco
olhando, o mundo girando.
Menino
brincando, bola rolando.
O
galo cantando, galinha ciscando.
Ė
tudo tão lindo, tudo é vida.
Os
humanos correndo, sem tempo.
Lá
fora o trabalho espera
A
vida tem pressa
Igual
cavalo veloz, não para
Ainda
há muita cobrança de quem lhe espera.
Da
cobiça, estou fora
A
vida é uma roda que gira!
Que
não seja a gigante (brincadeira pra criança!)
A
vida não é moça virgem, mas é séria.
15/01/2018
De
Corpo e Alma
Hoje
pela manhã, resolvi dar uma caminhada.
Entrei numa academia
Fiquei
observando cada jovem que ali estava
(lá
fora muita chuva!)
Na
esteira, refletia e via: lindos corpos
Sarados,
bem malhados, alguns definidos
Rostos
bonitos, sorrisos aberto.
Perguntei-me:
“Será que eles sabem orar?”
Pois
corpo e alma caminham juntos...
E
sem hesitar, logo pensei:
–
O corpo precisa de pão, a alma de oração
Aí
sentei num lugar sem ninguém me notar.
Nesse
instante começava uma briga interna comigo
Será
que eles estão certos em se exceder com tanta malhação?
Mesmo
sabendo que tudo tem uma razão estão
cuidando do bem mais precioso: a saúde.
Ainda
fiquei a me questionar será preciso tanto esforço pendurado nestes ferros e com
tantos pesos
Ou
precisamos mesmo de mais orações?
Para
enfrentar o suor no rosto com tanto cansaço do trabalho.
O
corpo precisa ser cuidado, é perecível,
Frágil
um dia acaba, a alma é eterna
Ou
será precisamos contrabalançar
Os
nossos desejos desenfreados? (que são tantos!).
E
quando caímos de boca nas tentações, nas comilanças,
pois
ela é a porta de entrada e saída. Há essa boca nervosa
Não
espera.
Precisamos
traçar metas e certas
Mas
tudo em exagero, não combina
E
a vaidade onde fica? Ou não fica?!
Precisamos
mesmo é saber a dosagem, discernir o que queremos para a nossa vida,
pois
cada um tem a sua e é responsável pelos seus atos imprudentes.
Mas
o fato é que possamos nos enxergar no
espelho que reflete a alma
Precisamos
ser mais persistentes seja onde for ou com quem for
(nem
que seja só).
Cuidar
melhor da saúde e da atitude
Que
é mais importante.
Cuidar
da nossa alimentação sem passar do ponto
(temos
estômago)
O
mais importante é não esquecer de fazer orações
(nem
que seja a noite )...
Pois
corpo e alma caminham juntos.
05/01/2018
Na
Correria
Na correria
do dia
Não
fechei a janela
Esqueci
a porta aberta
Não
encontrei as chaves
Deixei
o carro morrer no asfalto
Não
cumprimentei a vizinha chata.
Não
guardei a mangueira
Deixei
a torneira a pingar. Cada gota uma grana.
Na
correria, dei de cara com quem nem imaginava.
Não
olhei aquela menina atravessando a rua.
Não
falei com o cego que estava na esquina
E
me pedia ajuda estendia as mãos.
Perdi
o horário da missa.
Na
correria, fiz tudo o que não devia (ou
não queria)
Pois
não me ouvia!
Na
correria, desci a ribanceira de pernas abertas na maior chacota.
Não
me via, tudo fazia, nem olhava o dia
Sempre
corria e nada fazia.
Nem
a minha alegria que sorria
só
corria e não me entendia
mesmo
sabendo que o apressado não vive pois não se enxerga e que precisa mesmo é ter
cautela e precauções.Vide bula!
Aprendi
que correria mesmo deixa para a vida
pois
essa tem pressas, mas que não se estressa.
04/01/2018.
A
madrugada é boemia, tem lua cheia
Malícias
de corpos sedentos
Uma
mistura de carícias explosão fatal
Na
rua namorados se beijam muita fantasia ilusão muita tensão pode ser tesão amor
no coração.
Camas
desfeitas lençóis no chão
Uma
grande transformação borboletas e flores enfeitando o chão neste espaço aceso
abajur azuis espelhos aos quatro cantos do quarto.
Banheira
de espumas pétalas de rosas água de
cheiro exalando pura emoção muita tentação pressão calor tudo tem sabor há muito
amor.
Depois
de alguns momentos muito relaxamento um êxtase profundo nos envolve a alma que
se acalma
Ao
amanhecer, corpos cansados acordados ao som de bandolins
Ou
de pássaros que entoam com seus cantos ou como se fossem anjos
Entre
sonhos fantasias e amor
Numa
noite que vivemos como um casal de lobos. Um sonho realizado
Uma
grande transformação borboletas e flores enfeitando o chão muita confusão de
mãos.
O
texto "Uma Grande Viagem" é ficcional. Foi escrito após a leitura de
POE, Edgar Allan. O Homem da Multidão.
05/12/2017.
Numa
tarde sombria e fria, me sentia um pouco vazia. Uma apatia me invadia. Estava
cansada. Na maior agonia, assim me via. Após tomar um banho, saí para aliviar
minhas dores. Fui passear em São José (SC).
Depois
de alguns meses corroída, quase enlouquecida, precisava tomar um ar. Caminhava
calmamente e observava cada ser que ao meu lado passava.
Resolvi
entrar num bar, pensei em pedir algo para me esquentar (que não fosse
aguardente!). Escolhi um licor. Estava consciente de que iria para algum lugar
e conheceria todo aquele local.
Ali
mesmo, pedi informação para o garçom. Queria saber um pouco mais daquela
cidade. Foi quando me deparei com um jardim pequeno, mas bem cuidado.
Paguei
a conta, agradeci pelo atendimento. Atravessei a rua e me sentei no banco do
jardim em frente a uma igreja. Ali fiquei a observar (sem desdém).
Minha
mente, naquele momento, fazia uma grande viagem. Não era sonho, nem ficção, era
fato, era real que estava à frente dos meus olhos que por muitas vezes ficaram
esbugalhados de tão assustados com o que via:
–
Pessoas de todos os gostos e rostos.
Quantos
seres ainda vivem na maior correria! Num sufoco do dia a dia.
Não
fiz com mau propósito, mas não deixei ninguém escapar do meu olhar.
Sentia-me
como uma caçadora de borboletas, procurando gente. Em cada pessoa via uma
história. Vi gente de toda a espécie, de gostos e estilos diversos.
Altos,
magros, gordos, rostos marcados pelo tempo e maltrato; jovens, idosos; gente
bonita, elegante, bem vestidas, mal vestidas, maltrapilhos; apressados.
Era
uma mistura de gente, e de tudo. Sentia uma fissura de olhar cada pessoa bem
vestida ou maltrapilha.
Vi
muita encenação e uma mistura de obsessão; pessoas divertidas, contidas,
felizes ou tristes. Todas ali tinham um destino certo: iam para algum local
definido.
Gente
cansada, suada, pedintes, doentes, carentes, na correria do dia.
No
meio da multidão, muita gente decente no meio de muita confusão.
Muitas
eram assustadoras. Cada uma com a sua maneira de viver.
Todas
me encheram os olhos que ficaram arregalados.
Ali
fiquei por muitas horas. Algumas vezes cheguei a me compadecer com algumas
delas. Tão marcadas pelo destino, muitos olhares perdidos, muitos desencontros
e desencontrados. Sentia que faltava em algumas pessoas mais sorrisos,
encantamentos, alegrias e cores. Nos rostos, olhares sem direção. Muita
confusão, indecisão. Corações sangrando.
Vi
uma senhora entrando na igreja, com um rosário nas mãos. Talvez fosse a
salvação, no meio de tantos sofrimentos. Naquele momento me recolhi e vi que
estava realmente de frente com a realidade nua e crua.
Em
seguida, passou um jovem alto, magro de olhos claros, de jaqueta de couro de
cor preta e que me chamou a atenção. No meio de tanta gente, me sentia mais uma
à procura de algo.
Foi
quando deu um estalo na minha cabeça e conversei comigo mesma.
–
Sabe? Gostei desse jovem. Formatei um encontro um tanto louco. E imaginei que
ele seria um par perfeito para a filha da minha vizinha que passava por sérios
problemas depressivos. E ainda no meio da multidão, tomei uma decisão mental:
fiz o casamento do jovem que acabava de encontrar e que só de olhá-lo parecia
que estava vendo o seu mundo íntimo.
Meses
depois, contou-me a mãe, a filha iria casar com alguém que se apaixonara à
primeira vista. Os noivos levariam o convite na minha casa, naquela mesma
noite. Quando anoiteceu, tocaram a campainha. Ao abrir a porta vi o jovem
casal: ela que eu conhecia desde o nascimento e um jovem alto, magro de olhos
claros, de jaqueta de couro de cor preta. O mesmo que me chamara a atenção, na
multidão, meses antes.
m
Florianópolis, 08/12/2020
Busca
Nesta busca constante, ando à procura
Da verdade, de gente descente (chega de gente indecente).
Nesta busca constante a sensibilidade aguçou os
meus sentidos, vejo, ouço, medito. Tudo aquilo que fere os princípios humanos.
Nesta busca constante me deparo com pessoas insanas, insensatas, mal educadas,
e nesta busca constante não consigo digerir tantos malditos espalhados sem
caráter se parecem intocáveis como vírus.
Nesta busca constante, ainda encontro forças, luto
e busco começando comigo ser melhor como um amigo, nesta busca constante
procuro por gente de verdade que combinam com o mundo é preciso mais humanos que
enxergam o outro como amigo dando o ombro ou um conforto, mesmo distantes nesta
busca constante me deparo com pets inteligente, sinto falta de mais gente inteligente!?
Chega de ignorante.
E nesta busca constante é preciso mais verdade, e
nesta busca constante me deparo com o poste. E nesta busca constante dei de
frente comigo, não sou perfeito, não sou santo, mais primo pela verdade em
qualquer canto deste universo. E nessa busca constante de vez em quando me
decepciono com tanta gente ignorante.
E nesta busca constante me sinto sensível capaz de
olhar ao meu lado todo aquele sofrido, mesmo que seja um mendigo pois faço
parte dessa humanidade. Me podo a todo instante, é preciso humildade, e sempre
prezo por verdades. E nessa busca constante que sejamos mais concretos.
Florianópolis, 27/11/2020
Quando passar
E quando tudo passar, o sol irá brilhar
E quando tudo passar, novos horizontes surgirão.
E quando olhar para trás, não posso me esquecer o que vivi:
⸺Na carne as dores mais dilacerantes...
Foram dias angustiantes
Inexplicáveis
Noites tortuosas.
Não perdi a fé por um instante, acreditei que tudo passaria.
Fui forte. A força transparente me envolvia. Essa devoção que
sentia
Orava todos os dias por aquele que clamava por súplicas, pela sua vida.
Nada se compara a essa dor esmagadora
Cada segundo um sufoco
Cada minuto o mais longo
Cada noite um martírio
Olhar para o relógio me causava aflição
O ponteiro parecia estar parado
As horas se tornaram mais lentas, me sentia cansada, exaurida (mas não desanimada)
Minha alma chorava alucinada, como criança em cólicas
Foi através desse elo, a minha prece.
Deus ouviu minhas lamentações e me confortava, me sentia acalentar
pela fé que sentia,
Não me cansava de orar e de agradecer por tudo que vivi na
carne
Foi um grande susto, um surto todo.
Dessa lição não podemos esquecer: aqui estamos cumprindo uma grande missão.
A de espalhar com devoção o amor por toda criatura
No convívio deste imenso universo
O milagre existe. Eu vi dentro de mim.
Florianópolis, 11/11/2020
Tudo é assim na vida.
Nem sempre somos compreendidos.
Os dias ensolarados são lindos.
Os dias nublados são carrancudos.
Os dias chuvosos são necessários, lavam os ares,
molham a terra...
Nem sempre vemos sorrisos.
A rosa é a bela das flores, é perfumada, delicada.
Exala beleza.
É perfeita, mas machuca com seus espinhos. Assim é
a vida: formosa. Uma maravilha com dias felizes, mas há os tristes também.
Passamos por transformações, vivemos grandes lições.
Tudo está conforme a lei da natureza: na vida
existe dureza. De vez em quando damos de cara num paredão, levamos alguns esbarrões,
alguns puxões.
É preciso ter paciência, sem isso não funciona.
É preciso pedir perdão, nem que seja para o coração.
Somos a continuação da criação, neste mundão de provações.
É assim que cada Humano vai ter que aprender a
viver e conviver no mundo que escolheu e onde se recolheu: no seu ambiente aprendiz...
Aqui não existe nenhum ser de luz, estamos a
caminho da perfeição, estamos engatinhando como crianças, nesta esfera de provas.
Uma tarde
Uma tarde de outubro de dois mil e vinte: não é uma qualquer. O sol se espalha por toda a sala e reflete na vidraça. Estou tomada pelo silêncio aparente. Eis que de repente, me sinto alerta com o cantar dos pássaros que me alegram.
O telefone toca. Vou atender a chamada auditiva. Do outro lado ouço uma voz suave e calma de uma criança. Uma doçura que me pergunta: “oi vovó, como estás?”.
Meus olhos se enchem de lágrimas, quando ele me fala: “como estás?”. Há coisa mais gostosa do que ouvir essa doçura de voz que se mistura com o cantar dos pássaros?
Não é apenas uma tarde de outubro. Mas sim uma linda e mágica tarde. Sinto uma paz que me toma por inteira. Tomo consciência de que há meses não me sentia tão plena e cheia de harmonia.
Os pássaros e a criança me encheram de alegria e de poesia.
Era o que me faltava para ter dias mais amenos.
É preciso aproveitar cada momento, mesmo que o silêncio nos tome por alguns instantes. Abro a janela, solto todos os sonhos, arrebento as amarras.
Ouça cada som vindo da rua com mais nitidez e presteza. E uso a imaginação apreciando da janela todas as cores e flores plantadas no jardim da vida. Paro, ouço, escuto. O momento é propicio para a autoajuda.
Florianópolis, 17/09/2020
Despir-me
Estou vidrado no teu olhar,
Sinto o gosto do teu paladar
Guardo o teu caminhar.
Estou cheio de amor pra dar,
Mãos cheias pra te abraçar,
Te sustentar, te acarinhar.
A vida é um poema,
Quem ama libera, solta amarras,
Desejos, sonhos, pecados,
Todos os hormônios e demônios.
Florianópolis, 28/07/2020