quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Carta aberta aos Facianos. Edna Domenica Merola.

Caros Facianos,
afirmava Joãozinho Trinta, em 1997, no prefácio do livro Minha vida com uma vestal (DOCTLAN, 1997) que há vida inteligente no interior da Terra. Confesso que quando o ouvi falar para um plateia de ufólogos paulistanos, no lançamento de tal livro, fiquei, por um lado, deslumbrada com a performance de comunicação do carnavalesco, e por outro, petrificada com a possibilidade da existência de mundos subterrâneos enquanto habitat de sociedades organizadas (humanoides?).
Meu comparecimento a tal evento foi devido à oportunidade de conhecer o famoso carnavalesco e de atender ao convite de uma colega educadora que se autodenominava "buscadora". 
Para mim, buscadores eram todos aqueles que perseguiam alguma resposta à questão: como expandir o Self? - quer fossem ufólogos, como ela, ou não, como eu. Tal pergunta ainda permanece, posto que me mobiliza, mas o cenário da crosta terrestre foi profundamente alterado.
Em 2019, no Brasil, grande parte da população incorporou o papel de humanoide faciano que se arrasta na superfície de um solo infectado de agrotóxico e repleto de cadáveres de abelhas. E, no nordeste, vê suas praias infectadas pelo óleo. 
Sugiro a possibilidade de virarmos Minhocas, Tatus, "Sei Lá Quem Sabe?" e penetrarmos as entranhas da Terra para tentar miscigenação com os intraterrestres, já que nosso roteiro de construção humana se perdeu, e tudo se justifica na destruição.
Conclamo os queridos facianos a pensarem nessa tal miscigenação não só como uma forma de desesperada tentativa de sobrevivência, mas também como recurso de expansão do Self.
Convoco não só os humanos em idade reprodutiva, mas também todos os seres criativos para serem os primeiros voluntários a propor aos habitantes inteligentes do interior da Terra essa experiência de miscigenação.
Despede-se e expande-se,
                                         Transbordina



Resposta de Márcia Cattoi Schmidt

Querida Transbordina,

já ouvi falar dessas populações intraterrenas, como uma boa bruxa, aliás, pesquisadora. 

Entretanto, penso que se estão lá sem contato conosco da superfície, tanto melhor para eles. Estamos intoxicados, doentes, irados, pervertidos. Não somos uma boa influência, que dirá uma boa metade da laranja para alguém.

Abraços virtuais



Opinião de Clara Amélia Oliveira
Buscadores queridos,



para ficar focada na proposta de interação ou não, com os intra-terrestres, vou pensando no modelo da complexidade: ali o potencial é um parâmetro. E a natureza processual da natureza, é outro parâmetro. Assim, creio que isto irá acontecer, ou não, sem nossa proposta ou nossa vontade. O que tiver que ser, será. 
E sobre a vida intra-terrestre, penso que é tão natural como a extra-terrestre, mas acho que o ponto de vista conceitual da pesquisa e dos buscadores, em geral, se restringem a um pressuposto que está incorreto, na visão da complexidade. O foco da busca sempre é achar vida semelhante à nossa, os humanoides, por exemplo. Que há vida, há. Mas estamos procurando o chaveiro perdido, na área restrita onde o poste de luz da rua ilumina. Conhecem a metáfora?
Ah! e quanto a sugestão de virarmos minhocas e tatus, etc, seria uma honra para mim. Outro dia, propunha no face, algo mais geral, mas nesta direção. Propunha começarmos a respeitar mais os animais, excluindo expressões pejorativas, que costumamos utilizar utilizando o nome deles (burrice, cachorrada, sua cobra, sua anta etc). Considerando a nobreza dos animais, deveríamos aprender a utilizar adjetivos humanos para mazelas humanas. E que eu preferia ser qualquer um destes animais por sua nobreza. Incluo agora minhocas e tatus...


Texto de Marlene Xavier Nobre.
Florianópolis, 01 de outubro de 2019.
Querida Transbordina, 

Lendo sua carta em forma de protesto, resolvi lhe responder. 
Joãozinho trinta foi um dos maiores carnavalescos desses últimos tempos. Tenho uma admiração enorme por ele.
Ele não era só um carnavalesco, mas mostrava para o mundo o lado sofrido dos menos favorecidos pela sociedade.
 Parece-me que previa o futuro desses humanos sem miolos, sem cérebro, desumanos. 
Um dos seus carnavais marcantes foi aquele que misturou o lixo com o luxo: arrasou!
Transbordina, em sua  carta você extravasou toda a sua indignação, no que lhe dou toda a razão, já que vivemos momentos cruciais. O que marca sua carta, que traz o desabafo e que me faz refletir é que a população incorporou o papel de humanoide faciano.  Muito bem lembrado, pois fala tudo! Acho que assim caminha toda a humanidade.  Não quero ser pessimista, mas penso que estamos a caminho do fim. Está tudo muito incerto.


Abraço, da Dona Vica.


REFERÊNCIA

DOCTLAN, Leo. Minha vida com uma vestal. Sananda, série Serra do Roncador livro 1,1997. 



Observação: 

O livro Minha Vida com uma vestal conta a história de almas gêmeas unidas para revelar conhecimentos místicos e esotéricos à humanidade