quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O arquétipo da alteridade em "Amar!" de Florbela Espanca. Edna Domenica Merola.


Na aula ministrada no Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI), em 5/12/2013, procedeu-se ao que segue:
‒ breve explanação sobre mitos e arquétipos;
‒ apresentação do poema Amar! de Florbela Espanca;
‒ exercício de paráfrase de poema à luz de BOIA, Lucien. Pour une histoire de l´imaginaire. Verité des Mytes. Paris: Les Belles Lettres. 1998. Capítulo I: Structures e Méthodes (P. 11-56). 

Breve síntese sobre Arquétipos (por Edna Domenica Merola):

No capítulo I do livro: Pour une histoire de l´imaginaire, Lucien BOIA (P 30 – 35) descreve oito tipos de arquétipos:
1o. A consciência de uma realidade transcendente
2o. A alma, a morte, o além.
3o. Alteridade: conexão entre o "eu" e os “outros’”.
4o. A unidade: o homem aspira por um universo homogêneo e inteligível.
5o. A atualização das origens: mitos fundadores.
6o. Desvelamento do futuro: imaginário adivinhatório – ocultismo, astrologia, profecias.
7o. Evasão: mudar de condição pela via da ascensão espiritual ou pela regressão ao estado natural (retorno às raízes).
8o. Luta e complementaridade dos opostos. Polarização. Ex.: maniqueísmo iraniano, dialética marxista.


Amar! (Florbela Espanca)

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...


LEMBRETES SOBRE PARÁFRASE DISSERTATIVA DE POEMA
(ocorre com maior frequência num contexto acadêmico para o estudo da literatura).
1- Escolhe-se primeiramente o texto poético ou poema.
2- Na dissertação expressa-se a opinião pessoal. Mas na paráfrase, o emissor e o destinatário não são nomeados como no bilhete. Em decorrência disso comenta-se o texto "X" de tal autor (a). Isto quer dizer que, numa situação de aprendizagem como a das oficinas, o comentarista se dirige ao público leitor e não ao colega ou aluno.
3- Os verbos serão usados preferencialmente no presente do indicativo ou nas formas impessoais de: infinitivo, gerúndio e particípio.
4- Tentar responder às perguntas:
a- Quem é existencialmente o eu poético que se manifesta no poema?
b- Há referências diretas ou analogias a: sensações, sentimentos, emoções, sentidos perceptivos?
c- Como a comentarista lê a revelação do momento poético vivido pelo 'eu poético'?
5- Mencionar se há intertextualidade, ou seja, se há indícios de que o texto parafraseado foi criado a partir de outro já existente. É necessário justificar qual a função da intertextualidade no contexto em que a leitura do poema está inserido. 

Criações de Natal. Edna Domenica Merola e alunas do NETI.






Neste Natal
Maria Angelina Spada

Ah! Se eu fosse...  Se eu fosse uma fada

Vestiria a roupa de Papai Noel e com varinha mágica

Teria o poder de modificar - transfigurar.

Então sentada ao lado da árvore iluminada

Pintaria minha cidade – transformaria o lugar.

Com as cores do arco-íris novas formas iria buscar

Da terra brotariam novas flores

Frondosas árvores purificariam o ar

Cobriria as ruas com pedrinhas brilhantes

Para a intensidade do sol espelhar.

Com água cristalina lavaria as rudezas da alma e

Se algo restasse o fogo iria utilizar.

Queimaria todos os maus pensamentos

Destruiria o mal, a tristeza, a dor.

Favelas seriam parques floridos

Onde crianças pudessem brincar.

Ah! Tudo seria diferente se com o Menino que nasceu em Belém

Todos pudessem estar.

Neste Natal o Menino renasce em nossos corações e

Transforma-nos - nos dá o poder de modificar e

Coloca em nossas mãos a varinha mágica de tudo transformar

Confie, Ele tudo pode!




Se eu inventasse o Natal
                                                   
      Edna Domenica Merola




Se eu inventasse o Natal,

Criaria um ser natural

Pai Mãe Água Terra Fogo

Revigoraria o Ar todo...

Se eu inventasse o Natal,
assinalaria o astral
com sinfonia e poesia
com melodia e harmonia...

Natureza prodigiosa
de beleza eterna em glosa...
Toda audácia: o amor fraternal...
Se eu inventasse o Natal.


Mãe Noel.
          Léa Palmira e Silva

Um clarão apareceu no céu
Despertou minha alma
Aqueceu meu coração.
Este sino foi trabalhado
Pelo fogo, aquecido e moldado.
O sino da mamãe Noel que nos avisa e nos desperta
Mãe Noel, tu que és a simbologia do Natal.
Mais natural, pois através de ti
É que estamos aqui neste mundo.
Mãe Noel, parideira, mãe Noel revolucionária.
Mãe Noel, amiga, mestra, conselheira...
Tu que habitas o mundo dos esperançosos
Mãe Noel, a ti devemos.
A ti agradecemos o bom
E amado filho que nos salvou
Amou-nos e morreu por nós.
Mãe Noel dos afortunados, dos miseráveis...
Mas que nunca os abandonou
Mãe Noel dos peregrinos, dos aflitos...
E que tanto os consola
Dentro das tuas lágrimas externas
Sua candura que nos apoio
Conforta-nos e nos orienta
Todas as Mães Noéis têm um compromisso
Com seus filhos e a sociedade em geral.
Toda mãe Noel pede e clama por justiça
Por um mundo melhor e mais justo.
Toda mãe Noel pede brinquedos
E um mundo bem colorido
Para seus filhos em geral.
Toda mãe Noel sabe que um dia
Irá deixar esse calor do sol
E terá um frio da terra
Mas estará alegre, pois se encontrará
No respingar das águas.




Se eu fosse Mamãe Noel

Amaridis de Souza Mello
Ah!


Se eu fosse


Mamãe Noel...


somente hoje...


Elevaria meu pensamento ao céu, 

E, olhando para o infinito diria: Socorro!

Não permita, Senhor, que maltratem 

E que abandonem seus filhos pequeninos. 

Pediria também, Senhor, que as pessoas 

Soubessem que criança precisa ser amada, 

Respeitada... Nós, também já fomos crianças!

Pediria perdão para os pecadores... Talvez assim, 

Todos conseguissem trazer de volta o progresso, a paz, a alegria.
E assim, o mundo seria mais humano,
mais perfeito...
e Feliz...


 
Se eu pudesse mudar o Natal
Lourdes Thomé

Ah! Se eu pudesse inventar o Natal
Eu faria uma mudança fatal
Eliminaria o conflito
Para não ter um ser humano aflito

Acabaria com a guerra
Para ter paz na terra

Evitaria o desastre

Tornaria o solo um baluarte

Lavaria a sujeira com sabão
 Assim aplacaria a podridão
Queimaria a corrupção
                                                                          
E soltaria todo o mal num balão                                                                                      
Respiraria o ar puro da natureza
Que vem do Universo com presteza
E então, comodamente ouviria os pingos da chuva

Que caem suavemente como uma luva

 
Ah! Se eu pudesse mudar o Natal

Como eu seria radical   
Eu até me vestiria da Papai Noel
Só para fazer este escarcéu!



Créditos imagem Pde Alírio José Pedrini
dehonbrasil-aliriopedrini.blogspot.com

Estrela de Belém
                     Osmarina Maria de Souza








Uma esfera de luz percorreu todo o meu corpo trazendo muita paz. Meu corpo se libertou de certos elos amargos e então senti vontade de falar de gritar:

– Eu estou livre.

E nessa liberdade pude saborear e sentir o gosto da vida.

Meu pensamento, então, voltou-se para a palavra e pude externar agradecimentos a Deus pela oportunidade da vida...

Não fiz dessa época da minha vida o inverno porque vivo o aconchego da primavera em um jardim florido. Vivo o verão com o calor dos amigos. Vivo o outono com a renovação da vida e no inverno vivo no aconchegante abraço dos amigos que me oferecem seu calor, vida e dádiva...
Essa esfera luminosa era a Estrela de Belém.