sábado, 25 de julho de 2020

Lendo Cinema VIII. O Filho da Noiva.


O FILHO DA NOIVA (EL HIJO DE LA NOVIA)

Direção: Juan José Campanella – Argentina – 2001

Rafael Belvedere (Ricardo Darín) é um homem de 42 anos, separado, pai de uma menina e que administra o restaurante Belvedere, construído por seus pais, Nino (Héctor Alterio) e Norma (Norma Aleandro) Belvedere, décadas atrás. Enquanto lida com a frenética rotina do estabelecimento, atendendo clientes, fornecedores, bancos e um grupo empresarial interessado em comprar o local, Rafael precisa dar atenção para sua namorada Naty (Natalia Verbeke), manter uma relação minimamente civilizada com sua ex-esposa Sandra (Claudia Fontán), para o melhor desenvolvimento de sua filha Victoria (Gimena Nóbile); ocupar-se com o ressurgimento de Juan Carlos (Eduardo Blanco), um amigo de infância que não via há décadas, ao mesmo tempo que cuida de seus pais e com a doença de Alzheimer que sua mãe enfrenta, algo que dificulta ainda mais a já conturbada relação de mãe e filho. ( Sinopse:Plano Crítico)


Curiosidades:
O diretor Juan José Campanella  é o mesmo do celebrado O segredo de seus olhos, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro( 2010). Aliás O Filho da Noiva também foi indicado ao Oscar, mas perdeu para o representante da Bósnia. Esse foi o 2º filme que Ricardo Darin fez com Campanella, de um total de quatro.
Campanella se inspirou na doença da própria mãe para criar a personagem de Norma Alejandro.

                                                       Indicação do filme e abertura por Brígida de Poli

                                                                                          EL HIJO DE LA NOVIA


Leituras, por Edna Domenica Merola
Ler os desejos do outro, ouvir cobranças de parceiros ou pais, tentar agradar àqueles quem amamos, confundir essas escolhas com obrigações e tentar encaixá-las numa agenda quase impossível de cumprir, sufocar-se nessa rotina, viver ansiosamente, querer deixar tudo de lado para tomar novos rumos existenciais. Esse é o dilema não só do protagonista de O filho da Noiva como de grande parte da população ocidental na faixa dos quarenta anos. Não é à toa que cursos, livros, palestras e demais ações de auto ajuda são largamente consumidos.
O filme me fez refletir sobre os entraves familiares e culturais em torno do amor. Sobre a dificuldade de pedir perdão e de se sentir perdoado. Sobre a dificuldade de “dar de ombros” para algumas exigências do outro. Sobre continuar a amar os pais à revelia de suas projeções sobre as vocações filiais.
Sobre atribuir aos outros as próprias dificuldades para romper com antigos padrões e rotinas e inaugurar o novo.
Mas o filme faculta outras leituras: uma boa história com imagens agradáveis e bons atores. Afinal, momentos diferentes definem leituras diferentes, já que somos, felizmente, seres em constante mudança.

Reflexões de Clara Pelaez Alvarez sobre O filho da Noiva
“Quando você sabe que o que pode acontecer nunca será pior que aquilo que já te aconteceu, isso te dá um certo poder”.
Famílias são como micro manicômios sociais. Entrelaçam-se autorreferências, manipulações e expectativas. Cada um interage desenvolvendo mecanismos de sobrevivência. Crenças, preconceitos, modos de fazer as coisas e de se relacionar com os outros são carregados pela vida toda sem que tenhamos consciência de que foram adquiridos e que podem ser mudados. Em famílias amorosas a dinâmica é mais suave e afetiva, mas ainda assim o caldeirão é o mesmo. 
A vida tem o tamanho das nossas perguntas. É sempre inconclusiva.
Tudo o que o rei Midas tocava era transformado em ouro. Tudo o que tocamos é transformado em realidade. O universo existe independente do ser que o percebe? Ou ele existe porque algum ser o percebeu? 

Brígida de Poli é jornalista, cronista, cinéfila, colunista do Portal Making Of  http://portalmakingof.com.br/cine-e-series . Simpatizante e voluntária em prol dos direitos e do bem-estar de refugiados. Idealizadora e mediadora do Lendo Cinema, autora do livro As Mulheres de Minha Vida, Coleção Palavra de Mulher, Editora Insular https://insular.com.br/produto/as-mulheres-da-minha-vida/
Clara Pelaez Alvarez  é pesquisadora da ciência das redes.
Edna Domenica Merola, pedagoga e psicóloga, mestre em Educação e Comunicação, participa de Lendo Cinema ); de Textos Curtos da Biblioteca do CIC (com Gilberto Motta e Esni Soares); das aulas sobre música popular brasileira ministradas por Alberto Gonçalves. Autora do livro As Marias de San Gennaro, Coleção Palavra de Mulher, Editora Insular https://insular.com.br/produto/as-marias-de-san-gennaro/


Links para postagens anteriores de Lendo Cinema

Lendo cinema I – O Jantar (Oren Moverman, 2017)

Lendo cinema II – As Baleias de Agosto (Lindsey Anderson, 1987)

Lendo cinema III – Eu, Daniel Blake (Ken Loach, 2016)

Lendo cinema IV – O Cidadão Ilustre (Mariano Cohn, 2017)

Lendo cinema V – A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batatas (Mike Newell, 2017)

Lendo cinema VI – O Filme da Minha Vida (Selton Melo, 2017)

Lendo Cinema VII – Nossas Noites (Ritshe Batra, 2017)


Nenhum comentário:

Postar um comentário