NOSSAS
NOITES (Our souls at night) – direção: Ritshe Batra - 2017
Há
poucas histórias românticas no cinema em que os personagens estejam na
maturidade. Uma das mais sensíveis veio ironicamente pelas mãos do
ex-brutamontes Clint Eastwood, o excelente As pontes de Madison (1995),
onde o diretor interpreta o fotógrafo da National Geographic que encontra uma
dona de casa do interior, vivida por Meryl Streep. O encontro amoroso dos dois
é filmado de maneira delicada e comovente.
A
dupla de Nossas Noites também não é fraca! Robert Redford e
Jane Fonda fizeram juntos o adorável Descalços no Parque (1967)
quando tinham apenas 30 anos. Passados mais de 50 anos, eles voltam a se juntar
para contar a história de outro casal ( veja nas fotos ).
Jane
Fonda é Addie Moore, uma viúva solitária que bate na porta do vizinho Louis
Waters (Robert Redford) para convidá-lo a dormir na sua casa. O convite nada tem
de “indecoroso”, afinal ambos sofrem de insônia e podem fazer-se companhia nas
longas noites. O professor aposentado fica um pouco atônito, mas
acaba aceitando a proposta. Aos poucos vão conversando, se
(re)conhecendo e aprofundando uma bela relação.
DISPONÍVEL
NA NETFLIX
(Abertura:
Brígida De Poli)
Leituras de Edna Domenica Merola
Li mais um filme recomendado por Brígida de Poli. Concomitantemente, reli o livro Antropologia das Emoções, e me deparei com o fato de que o livro contempla aspectos temáticos que abstraí do filme Nossas Noites (2017): "dois sentimentos [...] entendidos como esforços emocionais de fusão com o outro (o amor e a admiração); dois sentimentos suscitados pela ausência do outro (a solidão e a saudade); e um tipo de relação engendrado pelo desejo de estar com o outro (a amizade)."(Coelho e Rezende, 2010, p 49).
Ficção e pesquisa acadêmica se debruçam sobre temas idênticos e usufruir deles me ajuda a manter a integridade emocional durante a pandemia.
O prolongado afastamento corporal no convívio em sociedade tem estimulado mergulhos espirituais nas produções culturais dessa mesma e contraditória sociedade.
Assistir ao filme Nossas Noites (2017) é um desses mergulhos necessários para o bem estar, no momento, à medida que contribui para a compreensão de que o convívio possível (permeado por vias não presenciais) pode manter um vínculo de amizade e amor, preservando a felicidade possível.
Reflexões sobre Nossas Noites. Clara Pelaez Alvarez
Tudo que é repetitivo vicia. Tem pessoas viciadas em sofrimento, em cigarros, em sexo, em chamar atenção, em... O cérebro humano vai sempre pelo caminho de menor resistência, ou seja, o caminho mais usado. Por isso é tão difícil deixar vícios, hábitos, manias. Viver com alguém muitos anos deixa marcas profundas quando essa pessoa se vai. É preciso rearranjar tudo. E não é fácil. Addie (a protagonista) ousa como os que estão em abstinência e convida o vizinho para dormir em sua cama. Essa é uma das graças da velhice: dane-se o mundo. Criticar a vida alheia é o bálsamo indicado para uma vida medíocre e quase sempre esconde uma inveja mortal daquilo que o outro é ou possui. A polícia social nunca dorme e nunca se cala. Os ousados criam vidas originais, os invisíveis criam cópias.
Referência
Cláudia Barcelos REZENDE e Maria Cláudia COELHO. Antropologia das emoções. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010, Série Sociedade & Cultura, número 12, p 49.
Brígida de Poli é jornalista, cronista, cinéfila, colunista do Portal Making Of http://portalmakingof.com.br/cine-e-series . Simpatizante e voluntária em prol dos direitos e do bem-estar de refugiados. Idealizadora e mediadora do Lendo Cinema, autora do livro As Mulheres de Minha Vida, Coleção Palavra de Mulher, Editora Insular https://insular.com.br/produto/as-mulheres-da-minha-vida/
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Brígida de Poli é jornalista, cronista, cinéfila, colunista do Portal Making Of http://portalmakingof.com.br/cine-e-series . Simpatizante e voluntária em prol dos direitos e do bem-estar de refugiados. Idealizadora e mediadora do Lendo Cinema, autora do livro As Mulheres de Minha Vida, Coleção Palavra de Mulher, Editora Insular https://insular.com.br/produto/as-mulheres-da-minha-vida/
Clara Pelaez Alvarez é
pesquisadora da ciência das redes.
Edna Domenica Merola, pedagoga e
psicóloga, mestre em Educação e Comunicação, participa de Lendo Cinema );
de Textos Curtos da Biblioteca do CIC (com Gilberto Motta e
Esni Soares); das aulas sobre música popular brasileira ministradas por Alberto
Gonçalves. Autora do livro As Marias de San Gennaro, Coleção
Palavra de Mulher, Editora Insular https://insular.com.br/produto/as-marias-de-san-gennaro/.
Lendo cinema I – O Jantar (Oren Moverman, 2017)
Lendo cinema II – As Baleias de Agosto (Lindsey
Anderson, 1987)
Lendo cinema III – Eu, Daniel Blake (Ken Loach,
2016)
Lendo cinema IV – O Cidadão Ilustre (Mariano Cohn,
2017)
Lendo cinema V – A Sociedade Literária e a Torta de
Casca de Batatas (Mike Newell, 2017)
Lendo cinema VI – O Filme da Minha Vida (Selton
Melo, 2017)
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