O Vazio do Domingo
Chiara (Bárbara Lennie) foi abandonada pela mãe, Anabel (Susi Sánchez), ainda criança, há mais de 30 anos. Um dia, ela decide procurar por Anabel, lhe propondo algo inusitado: que as duas passem 10 dias juntas, em um lugar afastado. A mãe – que hoje tem nova vida e família - acaba aceitando, sem saber quais as reais intenções de Chiara.
Ficha técnica
Ano: 2018
Duração: 1h53
Direção: Ramón Salazar
Gênero: Drama
País: Espanha
Abertura e mediação por Brígida de Poli
Se
o filme tem por temas o direito à eutanásia, o abandono filial pela mãe, a
traição amorosa tendo em vista o enriquecimento, a morte prematura de uma jovem
cujos pais são vivos, a rivalidade entre regiões europeias...
Se
a fotografia, no filme, carrega numa cor predominante (ora vermelho, ora rosa,
ora branco), se à revelia disso, elegi o cinza das
imagens iniciais como cor afetiva do filme... Se o tempo lento traz à tona apreensão e
angústia, se o vestuário dos personagens aponta para clichês do conservadorismo
masculino e da masculinização feminina, se a expressão corporal dos personagens
é similar à criação do vestuário...
Se
assisti a esse filme pela segunda vez, mas não pude retê-lo na memória a partir
da primeira... Se numa segunda vez destaquei a cena em que o personagem masculino aponta para a mulher que o
traiu, no passado que ela tem: “necessidade de imaginar que o que ela precisa
está em outro lugar qualquer que não seja aqui”. Ele diz a ela que o rancor que
sentiu ao ser largado se transformou. Acrescenta que: "algumas lembranças se
movem e nos ajudam a viver. Outras ficam estagnadas, se não as puser em
movimento de novo, elas perturbam.”
Se essas percepções me ocorreram, é sempre bom lembrar quão importante a contemporização é para a existência plena do ser.
Dicas de pesquisa por Edna Domenica Merola
Um autor que sustentaria a análise desse filme é Gaston Bachelard (1998), principalmente no que diz respeito à simbologia da água do lago que se refere, em última instância, à morte. Após as cenas da introdução que conta com vários personagens e ambientes luxuosos, a imagem do lago passa a ser a paisagem recorrente de uma humilde casa campestre onde mãe e filha vivem a tragédia do espectro da rejeição, fechamento e tentativas de aproximação, numa suposta tentativa de sanar o abandono. Perto do final, o lago será o local da consumação da morte da heroína.
REFERÊNCIA
Bachelard, Gaston. A água e os sonhos. Ensaio sobre a imaginação da matéria. Martins Fontes, 1998.
Dicas de pesquisa por Edna Domenica Merola
Um autor que sustentaria a análise desse filme é Gaston Bachelard (1998), principalmente no que diz respeito à simbologia da água do lago que se refere, em última instância, à morte. Após as cenas da introdução que conta com vários personagens e ambientes luxuosos, a imagem do lago passa a ser a paisagem recorrente de uma humilde casa campestre onde mãe e filha vivem a tragédia do espectro da rejeição, fechamento e tentativas de aproximação, numa suposta tentativa de sanar o abandono. Perto do final, o lago será o local da consumação da morte da heroína.
REFERÊNCIA
Bachelard, Gaston. A água e os sonhos. Ensaio sobre a imaginação da matéria. Martins Fontes, 1998.
Reflexões
sobre O vazio do domingo. Por Clara Pelaez Alvarez
Já
que não me ajudaste a viver, podes me ajudar a morrer? Já que nos dias da minha
vida a ânsia por ti era maior que o céu azul por que não me levas agora a minha
tumba?
Numa
floresta sem folhas, numa dinâmica lenta e arrastada vão eclodindo mágoas,
fragilidades, culpas. Pensei isso e aquilo. Mas nada era isso. Ela só queria
morrer. Só isso.
Tabus
são prisões, ilusões de lógica. Amor é vida e é morte. Nem a sociedade, nem os
amores me possuem. Cheguei nua e molhada. Volto molhada e nua. Nos meus termos.
Brígida
de Poli é jornalista, cronista, cinéfila, colunista do Portal Making Of http://portalmakingof.com.br/cine-e-series.
Simpatizante e voluntária em prol dos direitos e do bem-estar de refugiados.
Idealizadora e mediadora do Lendo Cinema, autora do livro As Mulheres de Minha
Vida, Coleção Palavra de Mulher, Editora Insular https://insular.com.br/produto/as-mulheres-da-minha-vida/
Clara
Pelaez Alvarez é pesquisadora da ciência das redes.
Edna
Domenica Merola, mestre em Educação e Comunicação. Autora do livro As Marias de San Gennaro,
Coleção Palavra de Mulher, Editora Insular https://insular.com.br/produto/as-marias-de-san-gennaro/.
Links
para leitura de postagens anteriores de Lendo Cinema
Lendo cinema I – O Jantar (Oren Moverman, 2017)
Lendo cinema II – As Baleias de Agosto (Lindsey
Anderson, 1987)
Lendo cinema III – Eu, Daniel Blake (Ken Loach,
2016)
Lendo cinema IV – O Cidadão Ilustre (Mariano Cohn,
2017)
Lendo cinema V – A Sociedade Literária e a Torta de
Casca de Batatas (Mike Newell, 2017)
Lendo cinema VI – O Filme da Minha Vida (Selton
Melo, 2017)
Lendo Cinema VII – Nossas Noites (Ritshe
Batra, 2017)
Lendo Cinema VIII – O Filho da Noiva (Juan José
Campanella, 2001)
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